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16 DE JUNHO DE 2011

Além do cerol, local onde se empina pipa também pode representar riscos


Alunos da Escola Municipal "Professora Ida Francez Lombardi" estiveram na Câmara, nesta quinta-feira, participando do terceiro dia de atividades da 12ª Semana "Pipa (...)



EM PIRACICABA (SP)  

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Pipa, papagaio, arraia, pandorga, estilão. A brincadeira que muda de nome conforme a região do país tornou-se sinônimo de algo triste para o menino Yuri Pereira quando ele tinha 4 anos. O estudante, hoje com 10 anos, brincava perto da casa da avó, em Rio Claro, quando um coleguinha da mesma idade saiu correndo do lugar onde estavam para resgatar a pipa que empinava.

Levada pelo vento, ela acabou caindo sobre uma subestação da rede de energia que abastece a cidade. Na tentativa de salvar a pipa, o amigo de Yuri perdeu a vida. "Ele foi correr atrás dela, mas tomou um choque quando foi pegar a pipa, porque ela tinha enroscado na caixa de força. Ele foi puxar pela linha, que estava molhada, e tomou um choque", conta o garoto de 10 anos.

Para evitar que casos como este se repitam, Yuri e seus colegas do 5º ano da Escola Municipal "Professora Ida Francez Lombardi", no bairro Santa Fé, estiveram na Câmara, na manhã desta quinta-feira (16), participando do terceiro dia de atividades da 12ª Semana "Pipas sem Mortes". De autoria do ex-vereador Ademar do Carmo Luciano Júnior, o projeto é realizado desde 2005 por iniciativa de João Manoel dos Santos (PTB), atual presidente da Casa de Leis.

Acompanhados pelas professoras Elizandra Moreno e Patrícia Braga, os estudantes conheceram a origem milenar da brincadeira, ouviram conselhos de especialistas e aprenderam como agir em acidentes provocados pelas pipas. O técnico de segurança da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) Tiago Santo André e o sargento Benedito Cleto, do 16º Grupamento do Corpo de Bombeiros, falaram, respectivamente, sobre os perigos de soltar pipas próximo à rede de energia elétrica e os acidentes provocados pelo uso de linhas cortantes e cerol.

De acordo com João Manoel, os eventos da Semana "Pipas sem Mortes" visam preparar as crianças para as férias de julho e conscientizá-las sobre os riscos que correm ao empinar pipas, como atravessar a rua sem prestar atenção no trânsito ou subir em cima de carros e muros residenciais. "É preciso um local adequado para empinar pipa, onde não haja morros nem fiação", disse o vereador.

O presidente da Câmara também reforçou o pedido para que as crianças não usem cerol (mistura de cola e vidro usada para cortar outras pipas). "Denunciem se alguém estiver moendo vidro. Vamos abolir essa prática, porque muitos estão perdendo a vida", alertou o parlamentar. "Hoje vocês vão assumir comigo o compromisso de virarem agentes multiplicadores. Vocês mesmos podem ser prejudicados, podem ser vítimas do cerol."

João Manoel disse ainda que vai solicitar à Polícia Militar, à Polícia Civil e à Guarda Civil Municipal que façam um acompanhamento mais frequente do uso do cerol em Piracicaba. Segundo o sargento Cleto, a fiscalização atualmente é feita apenas quando o Corpo de Bombeiros é acionado pelo telefone 193. "Estamos trabalhando mais com denúncias. Não há uma fiscalização constante. Vamos tentar colocar [isso em prática] este ano", afirmou.

RISCOS E DICAS
Em sua apresentação, o sargento Cleto mostrou as consequências que o uso do cerol e de linhas cortantes trazem tanto para quem é adepto da prática quanto para quem é vítima dela. "Não usem isso, porque são armas. Quando você coloca uma linha cortante, deixou de ser brincadeira: vira assassinato", disse. "A linha com cerol se transformou numa arma muito perigosa, que ao longo dos anos tem tirado a vida de muitas pessoas, principalmente de motociclistas", completou.

O bombeiro também se mostrou preocupado com alternativas empregadas pelas crianças para driblar a proibição do uso do cerol na cidade. Ele citou o exemplo da chamada "linha chilena", que, com pó de ferro em sua composição, chega a ser quatro vezes mais afiada que o cerol. "A maioria nem utiliza mais o cerol, preferindo a linha chilena", revelou o sargento, que há 23 anos serve ao Corpo de Bombeiros, sendo 13 só em Piracicaba.

Cleto ainda alertou sobre as punições previstas para quem for pego com material cortante na pipa. Uma lei municipal veta a comercialização do cerol, enquanto outra, estadual, proíbe o uso do cerol ou de qualquer produto semelhante que possa ser aplicado em linhas de pipas. Em caso de flagrante, o responsável pela pipa (se for maior de idade) ou pela criança que a empina pode arcar com multa em torno de R$ 80 e responder a processo criminal. "Os pais deveriam alertar sobre os perigos do uso do cerol e deveriam ser criadas mais áreas livres para que as crianças brinquem à vontade com suas pipas (sem cerol, é claro), longe dos motociclistas", disse o sargento.

Já Tiago Santo André, técnico de segurança da CPFL, comentou sobre o perigo de empinar pipas em locais onde há postes de luz. "A preocupação nossa não é só com o cerol, mas com a pipa próxima da rede elétrica", disse Tiago, que está há quatro anos em Piracicaba. O técnico de segurança abordou a história da pipa, falou sobre o uso dela em experimentos científicos ao longo da história e relacionou dez mandamentos do "bom pipeiro". A lista trata, por exemplo, da necessidade de a criança aprender a soltar pipa sem rabiola e de não brincar com pipas de papel alumínio.

A 12ª edição do "Pipas sem Mortes" será encerrada na manhã desta sexta-feira (17) na Rua do Porto, em evento que deve reunir centenas de alunos da rede municipal de ensino. Os estudantes que participarem do encontro serão presenteados com pipas e receberão orientações de como empiná-las de forma segura.

Conheça os 10 mandamentos para empinar pipa com segurança
1 – Solte pipa longe da rede elétrica, em áreas abertas
2 – Aprenda a soltar pipa sem rabiola
3 – Não faça pipa de papel alumínio
4 – Nunca tente tirar uma pipa que esteja presa na fiação da rede elétrica
5 – Recolha a pipa aos primeiros sinais de chuva
6 – Nunca corra pelas ruas atrás de uma pipa
7 – Nunca solte pipa em cima de lajes, pois qualquer descuido pode ser fatal
8 – Nunca use cerol, linhas metálicas ou pó de ferro, pois esses materiais podem conduzir eletricidade e até cortar os cabos de energia
9 – Use luvas em dias de vento forte, quando as pipas são arrastadas com força
10 – Não deixe que a linha da pipa entre na frente de ciclistas e motociclistas, pois ela pode causar acidentes, já que é muito difícil enxergá-la

Dicas para motociclistas
– Instale uma antena com formato de anzol na extremidade da moto
– Use sempre protetor de pescoço
– Diminua a velocidade ao trafegar perto de locais em que haja pessoas empinando pipas

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Davi Negri / MTB 20.499



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Legislativo João Manoel

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