Mais da metade dos acidentes no trabalho (54 por cento ) está relacionado ao consumo de bebidas alcoólicas. A informação foi apresentada na noite desta terça-feira, 28, durante palestra de Regina Ribeiro Neves, do Departamento de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc), realizada na Semana Municipal Anti-Drogas, organizada pelo vereador Bruno Prata (PSDB). Na mesma noite, ainda ocorreu a palestra “Legislação Sobre Drogas”, ministrada por Laércio Rezende, e as atividades da semana seguem até sexta-feira, 1.

Cerca de 200 pessoas lotaram o salão nobre Helly de Campos Melges durante a apresentação de Regina Neves. Com bom-humor, ela procurou apresentar alguns dados importantes sobre a relação do consumo de álcool e a perda da produtividade. Segundo a representante do Denarc, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como saudável o consumo de apenas quatro latinhas de cerveja – “se você consome isso em um dia, já contou por toda a semana”, pontuou Regina – e aponta, ainda, que o brasileiro consome, em média, três latinhas de cerveja ao dia, bem acima desta média.

O resultado deste comportamento é uma perda alta em produtividade. Números nacionais apontam para prejuízo na ordem de 19 bilhões de dólares no País, sendo que, responsável por quase 60 tipos de doenças, o álcool eleva em oito vezes o nível de absenteísmo no trabalho. “O trabalhador perde pontualidade, concentração e, por fim, produção”, avalia, ao lembrar, por exemplo, do fumante que, no ambiente de trabalho, precisa parar sua produção para saciar o vício.

Além disso, diversos fatores incidem no estímulo ao vício às drogas. “Existem, evidente, sempre atividades com maiores fatores de risco”, ressalta, ao lembrar que profissões como a construção civil são campeões em acidentes de trabalho por ocorrência do consumo de álcool. “Há, inclusive, estatísticas que apontam a maioria dos acidentes depois das 12 horas, quando o trabalhador retorna do almoço, alterado porque bebeu”, salienta.

Em sua palestra, Regina destaca a importância da sociedade em geral e, especialmente, das empresas em atuar na diminuição de fatores de risco – nos EUA, 90 por cento das empresas realizam trabalho preventivo, enquanto no Brasil, não passa de 5 por cento –, e ela também ressalta que não modelos acabados e pré-definidos a serem aplicados. “Cada pessoa, ou instituição, precisa procurar reconhecer quais as deficiências e as motivações no seu ambiente de trabalho para identificá-lo e, a partir disso, procurar soluções próprias”, sugeriu.

FOTO ACIMA: Regina Ribeiro Neves, do Denarc, apontou o impacto do consumo de álcool na produção

FOTO ABAIXO: Curso do Denarc, na noite de terça-feira, na Câmara, lotou o salão nobre Helly de Campos Melges

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Foto: Fabrice Desmonts MTb 22.946