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21 DE JULHO DE 2020

Advogada incentiva mulheres a lutar por equidade de gênero e de raça


Lia Mara Oliveira, advogada e integrante do Conselho Municipal da Mulher e do Coletivo Beleza Preta, participou de live no Instagram do Parlamento Aberto.



EM PIRACICABA (SP)  

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Mesmo pertencendo a maior parcela da população, mulheres negras permanecem sendo exploradas e objetificadas na sociedade.







Nesta segunda-feira (20), o Brasil comemorou 10 anos do Estatuto da Igualdade Racial no Brasil. Apesar da importância que a data carrega, a população negra brasileira não tem muito a comemorar. Além das relações raciais desequilibradas, os negros ainda são alvos de discriminação e injustiças históricas. Para a mulher negra, o cenário é ainda pior. Mesmo pertencendo à maior parcela da população, permanecem sendo exploradas e objetificadas.

A análise é da advogada e integrante do Conselho Municipal da Mulher e do Coletivo Beleza Preta, Lia Mara Oliveira. Em live no Instagram do Parlamento Aberto, ela incentivou as mulheres a romper ciclos de violência e silenciamento, posicionando-se como sujeito ativo de mudança e de sua própria história.

“Não podemos nos deixar levar pela sociedade escravagista, racista e fascista deste País. A mídia nos massacra, mas mulher é resistência. Precisamos, enquanto cidadãos, enxergar a mulher negra como um ser de direitos e não como um objeto”, alertou.

A educação, segundo ela, é um dos instrumentos primordiais para o enfrentamento da naturalização das relações de poder que inferiorizam as mulheres, especialmente as negras. “Por isso, politicas públicas são tão importantes e precisamos cobrá-las dos nossos representantes. A educação e a cultura são capazes de mudar a realidade das pessoas. Não queremos piedade, mas oportunidades iguais”, reforçou.

Lia criticou, ainda, a baixa representatividade negra nos meios de comunicação do Brasil, o que influencia ativamente na construção da identidade desta população e da sua autoestima. Para a advogada, garantir maior representatividade nesse âmbito é essencial na construção de uma sociedade mais igualitária.  “Na TV, principalmente, os papéis destinados aos negros são subalternos. Nesse contexto, não há representatividade”.

O coletivo Beleza Preta, formado por mulheres negras da região, de diferentes atuações, e que teve início em março de 2018, devido à necessidade de discussão de temas relacionados à população negra no interior do Estado, busca empoderar mulheres negras. “Ensinamos às meninas a sentirem orgulho da sua cor, das suas roupas, da sua história. Precisamos abolir os padrões vigentes porque, com eles, não há qualquer espaço para mulheres negras”, afirmou.  

De acordo com ela, as mulheres negras e periféricas são as mais afetadas pela crise decorrente da pandemia do novo coronavírus. “Mulheres pretas da periferia que, em sua maioria exercem trabalho doméstico, são as mais atingidas pela crise. As que não perderam o emprego precisam sair para trabalhar, sem ter onde deixar os filhos, sem condições de manter o distanciamento. O que o município está fazendo para ajudar essas mulheres?”, questionou.

Além disso, o racismo estrutural torna as mulheres negras as principais vítimas da violência obstétrica. “Enquanto a visão da mulher enquanto objeto não for abolida continuaremos alvos de todo tipo de violência. É preciso, de uma vez por todas, valorizar e reconhecer a importância da mulher negra na sociedade. Para isso, é preciso dialogar e combater o racismo estrutural e institucional”, reiterou.

RACISMO ESTRUTURAL - Nesta semana, as lives do Parlamento Aberto serão focadas na discussão sobre o racismo estrutural. Nesta terça-feira (21), o convidado é Marcelo Abrahão, bancário e ativista do Movimento Negro, que discorrerá sobre teletrabalho com foco nas discussões das centrais trabalhistas sobre esta temática e avaliação da condição dos negros e negras no mercado financeiro.

ACESSE O CONTEÚDO
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web. 

Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, é possível se cadastrar na lista de transmissão do Whatsapp neste link.



Texto:  Raquel Soares
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Mulher Parlamento Aberto

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