
15 DE MAIO DE 2025
Liderado por Noedi Monteiro, o evento reuniu diversos piracicabanos, além da presença de Pedro Kawai, Rai de Almeida, Sílvia Morales, Josef Borges e Barjas Negri
Vereadores participam de ato público pelos 150 anos da ponte Irmãos Rebouças
A Câmara Municipal de Piracicaba, por intermédio dos vereadores Pedro Kawai (PSDB), Rai de Almeida (PT), Sílvia Morales, do mandato coletivo A Cidade é Sua e Josef Borges (PP) esteve presente na manifestação liderada pelo historiador Noedi Monteiro, que na manhã desta quinta-feira (15), às 9h30 convidou a população em geral, autoridades e representantes de entidades para um ato público, no registro de uma foto, num "abraço simbólico", no entorno do monumento e o esboço da planta original da ponte Irmãos Rebouças, que completa 150 anos, localizada no início da avenida Barão de Serra Negra, em trecho que passa sobre o rio Piracicaba, proximidade do Mirante, região central da cidade.
O vereador Pedro Kawai (PSDB) destacou a importância de Piracicaba reconhecer o legado da família Bebouças, nos 150 anos da construção da ponte que permitiu unir o lado do centro da cidade com a Vila Rezende, sendo que foi a partir deste ponto que houve a expansão urbana.
A vereadora Rai de Almeida (PT) também ressaltou a primazia de Piracicaba ter acolhido em suas terras a participação dos Rebouças. Além de parabenizar o trabalho de pesquisa do professor Noedi Monteiro por trazer para a contemporaneidade estes engenheiros negros, que em pleno regime de escravidão no Brasil deixaram um legado que ainda hoje repercute na cidade.
A vereadora Sílvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua, ao lado de Pablo Caragiol, integrante do Coletivo enfatizou a realização do evento, que evidencia o trabalho da engenharia, como fator de agregação social.
O líder de governo na Câmara, Josef Borges (PP) enalteceu o professor Noedi Monteiro pela realização do ato público. Além de considerar o histórico da região de Artemis, que também já foi conhecida como porto Iguaçú (canoa grande) e posteriormente João Alfredo, a receber levas de escravizados que chegavam para ficar na região de Piracicaba.
O vereador Felipe Gema (Solidariedade), por intermédio do assessor Lucas Cruz se fez representar no ato público e, também pelo envio de mensagem, mostrando que a ponte dos Rebouças não é um marco apenas para a engenharia piracicabana, "mas também um marco de inclusão e representatividade, sendo que a ponte construida pelos irmãos, André e Antônio Rebouças, simboliza o pioneirismo e competência destes profissionais, que deixaram um legado em nossa cidade", disse.
A deputada estadual Professora Bebel (PT) esteve representada pelo jornalista Paulo Roberto Botão, que na oportunidade fez a entrega simbólica de uma moção de aplausos a ser apresentada na Alespi (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), direcionada ao professor Noedi Monteiro, em comemoração aos 150 anos da inauguração da Ponte Irmãos Rebouças (Ponte do Mirante), que liga o bairro Vila Rezende ao Centro de Piracicaba.
O ex-prefeito Barjas Negri (PSDB) também participou do ato público e relembrou de suas administrações, onde o monumento aos Rebouças sempre esteve no olhar atento da Prefeitura. Além de considerar a duplicação da ponte ao lado da Rebouças, que resultou na construção de ligação entre as avenidas Bandeirantes e Jucelino Kubistchek de Oliveira, cuja ponte foi denominada de "Arquiteto Caio Tabajara Esteves de Lima", de acordo com o projeto de lei 178/2010, de autoria do então vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (MDB).
A direção da Sociedade Beneficente 13 de Maio também esteve presente no ato público, representada por Ceiça Sandoval (conselheira), Martim Vieira (conselheiro) e, José Luiz Teodoro (presidente).
Sérgio Ppenassatto, ex-presidente da OAB-Piracicaba também prestigiou o evento, com ênfase à importância da obra realizada na cidade, que coloca Piracicaba na vanguarda do desenvolvimento.
A cidadão, Wilma Correa Ferraz também fez questão de deixar registrado sua satisfação em participar do ato público, além da defender a ideia de uma cartilha, voltada às crianças, para que a partir da infância a história possa ser contada de forma a valorizar a formação de nosso povo, principalmente da contribuição do negro no processo histórico.
A líder comunitária do Bosques do Lenheiro, Aglaé Consuelo também participou do ato público, que terminou num abraço simbólico no entorno do momento erigido aos irmãos Rebouças.
Na coordenação do evento, o professor e historiador Noedi Monteiro agradeceu a presença de todos e fez questão de detalhar algumas peculiaridades que marcaram a presença dos Rebouças em Piracicaba, sendo que Antonio, que iniciou as obras faleceu antes da inauguração. Além de outro irmão, José Pereira, na elaboração da planta de saneamento da cidade. Noedi ainda agradeceu o apoio da iniciativa privada, na concessão da placa denominativa, além do apoio do poder público.
Divisor de águas
A consideração é que o rio Piracicaba sempre foi um “divisor de águas” para a cidade, entre o centro e a vila Rezende, com o surgimento outros bairros na expansão urbana. A Ponte dos Rebouças foi concluída em 15 de maio de 1875, sendo a primeira ponte de concreto armado do país. O tráfego era feito numa ponte situada nas proximidades, porém, construída em madeira, necessitando de reparos constantes devido à vazão do rio.
A obra foi concebida pelos irmãos Rebouças, por isso, a denominação oficial de “Ponte irmãos Rebouças”, segundo lei 3.399 de 27 de fevereiro de 1992, assinada pelo prefeito José Machado. Antonio Pereira Rebouças Filho (1839-1874) e André Pinto Rebouças (1838-1898) eram negros, numa época em que vigorava a escravidão no Brasil.
Eles são considerados desbravadores por venceram o preconceito que a sociedade tinha em relação aos negros, aos escravos e aos seus descendentes. Naturais da Bahia, eram filhos de negros livres. A população local daquela época era composta de 8 mil habitantes e 5.400 escravos.
Os irmãos formaram-se em engenharia pela Escola Central Militar do Rio de Janeiro. Foram a Londres e Paris onde aprofundaram estudos sobre ferrovias e portos. André deixou importantes obras pelo Brasil, em especial no abastecimento e docas do porto do Rio de Janeiro.
Construida pelos irmãos negros, Antonio e André Rebouças, no ano de 1875, em pleno período da escravidão no Brasil, a obra coloca Piracicaba em evidência nacional ao inaugurar a primeira ponte em concreto armado do País.
Noedi esclarece que Antônio Pereira Rebouças Filho iniciou as obras e, que acabou doente, vítima de febre tifoide, causando sua morte, em 1874, no ano anterior da previsão de inauguração. Então, seu irmão, o também engenheiro André Pinto Rebouças, assumiu o comando e inaugurou a ponte em 15 de maio de 1875.
Além de profissionalmente muito respeitados, os três irmãos se destacavam como abolicionistas convictos no Império, e davam mostras de como os negros estavam prontos para assumir, com louvor, um papel social de destaque absoluto.
Resistência