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04 DE ABRIL DE 2024

Vereadores criticam supressão de árvores no Santa Rita: 'Inadmissível'


Ação da Prefeitura com a CPFL prevê substituir árvores "que podem interferir ou causar danos à rede elétrica"; vereadores classificaram como "lamentável" e "criminosa"



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Guilherme Leite - MTB 21.401 (1 de 2) Salvar imagem em alta resolução

Requerimento foi aprovado em regime de urgência

Requerimento foi aprovado em regime de urgência
Foto: Guilherme Leite - MTB 21.401 (2 de 2) Salvar imagem em alta resolução

Silvia Morales exibiu um pedaço do tronco de uma das árvores suprimidas

Silvia Morales exibiu um pedaço do tronco de uma das árvores suprimidas
Foto: Guilherme Leite - MTB 21.401 Salvar imagem em alta resolução

Requerimento foi aprovado em regime de urgência






"Inadmissível", "lamentável" e "criminosa" foram alguns dos adjetivos usados por vereadores para classificar a ação conjunta da Prefeitura e da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) na supressão de dezenas de árvores no bairro Santa Rita. As manifestações vocalizadas pelos parlamentares na tribuna da Câmara, durante a 17ª Reunião Ordinária, decorreram da aprovação do requerimento 404/2024, nesta quinta-feira (4).

A propositura foi apresentada por Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua, e por Gilmar Rotta (PDT) e soma questionamentos feitos por Laércio Trevisan Jr. (PL) em outro requerimento, então retirado pelo autor. Também assinam o texto aprovado os vereadores Pedro Kawai (PSDB), André Bandeira (PSDB) e Rai de Almeida (PT).

Segundo a Prefeitura, o projeto Arborização + Segura, em parceria com a CPFL, deve suprimir, em toda a cidade, 500 árvores "em situação de risco, que podem interferir ou causar danos à rede elétrica". Para cada árvore removida, a promessa é de que haja uma compensação, com o plantio de outras cinco pela CPFL, também responsável pela doação das mudas, todas de espécies de menor porte, como araçás, pitangueiras e quaresmeiras.

O requerimento cobra do chefe do Executivo, Luciano Almeida (PP), explicações para a remoção das árvores no Santa Rita, com indagações sobre se elas "não poderiam ser podadas ou submetidas a outras formas de manejo", quantas novas árvores serão replantadas no mesmo local das anteriores e onde e como será executado o restante da compensação anunciada —os questionamentos também se estendem aos demais bairros que passarão pela retirada de árvores.

Na tribuna, Silvia Morales exibiu imagens da remoção feita no Santa Rita e denunciou a ação da Prefeitura em parceria com a CPFL, somada a outras iniciativas recentes de eliminação de árvores, como na praça Antônio de Pádua Dutra e na remodelação proposta para avenida Alidor Pecorari.

"É inadmissível o que tem acontecido com a questão ambiental", disse a vereadora, que esteve no Santa Rita pela manhã e trouxe, para exibir no plenário, um pedaço de um tronco que foi cortado, com a seiva escorrida. "As árvores estavam sangrando. Os moradores estão pedindo para que façamos alguma coisa, e estamos tentando fazer", completou, informando ter também acionado o Ministério Público, a Polícia Ambiental e a Guarda Civil Municipal.

"Simplesmente vai alguém lá, pago para fazer um laudo, e decide o que vai tirar. Qual a decisão que teve? Poderiam ser podadas e evitada a supressão das árvores? Teve essa análise?", questionou Trevisan Jr., que criticou não ter havido consulta nem audiência pública para debater a ação com a população. "Espero que o Ministério Público de Piracicaba tome as providências para interromper essa situação."

Pedro Kawai e Gilmar Rotta apuraram que o número de árvores que serão retiradas na cidade é maior que o anunciado. "Foi a CPFL que pediu isso, graças à inoperância dela. É uma parceria criminosa ao meio ambiente: CPFL e Prefeitura, uma porque pediu, outra porque autorizou. 'Vamos passar o rolo compressor em tudo': esse é o olhar. A CPFL também é culpada, sim, pela tragédia, pelo assassinato dessas árvores. Vamos perder mais de 1.000", disse Pedro Kawai, que classificou o cenário no Santa Rita como "lamentável" e "de dar dó".

"Estive no bairro, acompanhei com os moradores. Posso garantir que as árvores não estavam interferindo na rede de energia. Se tivesse algum galho [atrapalhando], era só cortar o galho. Foram cortadas [as árvores] lá por maldade. Lá no Santa Rita era para serem 400, cortaram 20 hoje. São mais de 2.600 árvores que vão ser cortadas nesse formato", alertou Gilmar Rotta, que listou os bairros onde elas serão removidas. "Está na hora de o Ministério Público sair do gabinete e tomar as providências. É impossível permitir isso."

Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, contestou a explicação dada por Marcio Marino, titular da Secretaria Municipal de Obras e Zeladoria. "A justificativa do secretário de Obras é de que a energia cai ali. Por que então não fazem algo subterrâneo, e não simplesmente cortar árvore de qualquer jeito. O pessoal está indignado com os cortes feitos. Aquelas árvores estavam colocando em risco as pessoas? Duvido."

Gustavo Pompeo (Avante) disse que as imagens mostram que não procede o argumento de que as árvores removidas "estavam colocando em risco" moradores e a rede elétrica local. "Temos situações que necessitam? Sim, mas não é a torto e a direito. A poda tem de ser feita de forma técnica, e não matar a árvore. A supressão é em último caso."

Rai de Almeida e Paulo Camolesi (PSB) também se manifestaram. "Ação criminosa", classificou a vereadora. "Lamentável tudo o que vem acontecendo", disse o parlamentar.

No total, os vereadores aprovaram 19 requerimentos, uma moção e três projetos de lei, dentre os quais o de número 3/2024, em primeira discussão. De autoria de Thiago Ribeiro (PRD), o texto revoga lei municipal de 2015, a qual desde então proíbe o uso de telefones celulares no interior de instituições bancárias em Piracicaba.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Imagens de TV:  TV Câmara


Reunião Ordinária

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