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30 DE SETEMBRO DE 2015

Luto: ex-funcionário da Câmara, Guilherme Vitti morre aos 100 anos


Corpo do historiador está sendo velado no salão nobre, de onde sairá às 16h para ser enterrado no Cemitério da Saudade.



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Davi Negri - MTB 20.499 Salvar imagem em alta resolução

Guilherme Vitti tinha 100 anos, completados no último dia 25 de julho



Faleceu, nesta quarta-feira (30), o historiador Guilherme Vitti. Ele tinha 100 anos, completados no último dia 25 de julho. O corpo de Vitti está sendo velado no salão nobre da Câmara, de onde sairá às 16h para ser enterrado no Cemitério da Saudade.

Responsável por iniciar os trabalhos de documentação e resgate da história da Câmara, Vitti foi o funcionário que mais tempo permaneceu na Casa, com mais de 50 anos de serviços prestados ao Poder Legislativo piracicabano, deixando-o somente em 2006, aos 91 anos.

Em agosto, a Câmara havia aprovado a moção de aplausos 131/2015, proposta pelo vereador André Bandeira (PSDB), em reconhecimento à idade centenária e à contribuição dada pelo historiador para a preservação da memória do município. "Vitti sempre esbanjou sabedoria, bondade e, acima de tudo, respeito pela história de Piracicaba", ressaltava o texto da homenagem.

TRAJETÓRIA - Descendente de italianos, Vitti nasceu em Piracicaba, em 25 de julho de 1915, no tradicional bairro de colônia tirolesa Santana. Era, entre 12 irmãos, o filho mais velho de Angelina e José Vitti. Casado com Maria José dos Santos Vitti, adotou quatro filhas. Deixa nove netos, nove bisnetos e um tataraneto.

Vitti viveu dez anos em Rio Claro (SP), onde foi seminarista no Colégio Santa Cruz dos Padres Estigmatinos, e teve participação efetiva no projeto de construção da igreja de Santana. Formou-se em Filosofia e Letras e foi professor de latim e língua portuguesa na Escola Estadual "Sud Mennucci" e no Colégio Piracicabano.

Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Ipasp (Instituto de Previdência e Assistência Social dos Funcionários Públicos Municipais de Piracicaba) e vereador de 1948 a 1951, na primeira legislatura após a redemocratização do país. Auxiliou na fundação do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba) e da Academia Piracicabana de Letras.

Viveu várias fases do desenvolvimento da cidade. Era considerado, pelos intelectuais, "a memória viva de Piracicaba", da qual sempre falava com experiência e conhecimento de causa.

Trabalhou na Prefeitura, começando na gestão de Luciano Guidotti, como secretário do prefeito, e dela saindo no governo Adilson Maluf, onde era chefe do departamento administrativo.

Foi o responsável pelo início do arquivo histórico da Câmara, que reúne a documentação mais antiga de Piracicaba. Ao se aposentar, deixou em seu lugar o historiador e atual diretor do Departamento de Documentação e Arquivo, Fábio Bragança. "Pragmático e perfeccionista, Vitti foi quem datilografou e encadernou os livros-atas da Casa de Leis. Sempre foi muito preparado historicamente e um cuidador dos arquivos, organizado e com um conhecimento ímpar sobre os acontecimentos da cidade", reforçava o texto da moção de aplausos aprovada em agosto pela Câmara.

Vitti também escreveu diversos livros, como "História Colorida de Piracicaba Bicentenária", "Manual da História de Piracicaba" e "Esperança de uma Vida Nova", colaborou com artigos publicados pelo "Jornal de Piracicaba" e traduziu cartas e obras do dialeto trentino e do latim.

Era torcedor do XV de Piracicaba e do São Paulo.

REPERCUSSÃO - O presidente da Câmara, Matheus Erler (PSC), destacou a dimensão que Vitti tem para o Poder Legislativo municipal. "Além de vereador, foi o funcionário com maior tempo de Casa, com mais de 50 anos de dedicação, numa demonstração de paixão e compromisso com a preservação da história de Piracicaba", afirmou.

Como reconhecimento da dedicação e importância do historiador, Erler anunciou que, por meio da Mesa Diretora e com a subscrição de todos os vereadores, protocolará projeto denominando de "Guilherme Vitti" o Centro de Documentação da Câmara.

Fábio Bragança, que iniciou a sua carreira na Câmara como estagiário do historiador, conta que Vitti sempre foi muito cuidadoso com os documentos do arquivo, pois "sabia quanta informação e quanto conhecimento estão guardados ali". "Vitti era um verdadeiro guardião da memória da cidade e um grande mestre", salientou o diretor do Departamento de Documentação e Arquivo da Câmara.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Câmara

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