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08 DE JUNHO DE 2020

Isolamento prejudica inclusão de crianças com Síndrome de Down


Avaliação é do presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Antônio Carlos Sestaro, no Instagram do Parlamento Aberto.



EM PIRACICABA (SP)  

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Antônio Carlos Sestaro é presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down.







Antônio Carlos Sestaro, presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, promoveu, sexta-feira (5), no Instagram do Parlamento Aberto, uma reflexão sobre como a pandemia impactou a significativa parcela de pessoas com Síndrome de Down no País, população cuja história é permeada por desigualdades, falta de acessibilidade e preconceitos e de como o isolamento social poderá afetar o seu desenvolvimento.

Embora necessárias para conter a propagação do novo coronavírus, as medidas de isolamento afetaram negativamente o cotidiano de todos, sobretudo das pessoas com deficiência. Sem a liberdade de sair e se relacionar com os outros, as tensões e o estresse aumentaram. Os trabalhos presenciais diários como as terapias, reabilitações, o ensino e outras atividades em grupo foram suspensas por tempo indeterminado.

Apesar de a Síndrome de Down constar na lista do Ministério da Saúde como sendo condição considerada de risco para a Covid-19, ainda não existem estudos sobre a evolução natural do novo coronavírus nessa população. De acordo com Sestaro, as crianças com a trissomia do cromossomo 21 são diferentes entre si e apresentam condições de saúde distintas. Sabendo-se disso, a medida mais importante e efetiva para evitar o contágio continua sendo o isolamento social e a higienização rigorosa.

“Com a pandemia, as pessoas com síndrome de Down, especialmente as crianças, perderam o convívio com a escola e com as instituições que prestam assistência, práticas essenciais para o seu desenvolvimento. Nem todos têm acesso para realizar as terapias de forma online, isso afastou as famílias de muitas atividades laborais”, observou.

O isolamento, segundo ele, agrava ainda mais os problemas sociais que essas pessoas enfrentavam mesmo antes da Covid-19, como a dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Embora haja, nos dias de hoje, uma conscientização maior em relação à necessidade de as empresas contratarem pessoas com deficiência, ainda é possível observar um número muito grande de empresas que não cumprem a Lei de Cotas.

“Falta aos empresários conscientização e o entendimento de que a convivência com a pessoa com síndrome de down é benéfica para ambas as partes. Quando inseridos no mercado de trabalho, essas pessoas ganham responsabilidades e propósitos, o que favorece o seu desenvolvimento, proporciona a elaboração de planos e aumenta a sua participação social”, argumentou Sestaro.

A pandemia, além de afetar a saúde pública e a economia, também trouxe graves consequências para a educação. O presidente da Federação avaliou que para as crianças com Síndrome de Down os impactos serão ainda maiores uma vez que a convivência e a interação com outras crianças contribuem para o seu desenvolvimento social e emocional.

“O convívio escolar é insubstituível para essas crianças. O aspecto pedagógico pode ser suprido, mas o convívio não. Neste período em que nossas crianças com Síndrome de Down estão afastadas do convívio social, significa para nós um prejuízo inestimável. A convivência beneficia não só elas mesmas, mas também aos outros alunos da escola. A mudança na sociedade só é possível a partir da educação. Com essas crianças afastadas, o preconceito e discriminação se materializariam ainda mais”, lamentou Sestaro.

Ele ressalta que embora a Lei Brasileira de Inclusão tenha sido criada para garantir direitos a essas pessoas, ainda há muito a ser conquistado. “Crianças ainda viajam 20, 30 quilômetros para serem atendidas por uma instituição quando o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente diz que ela tem direito a escola mais próxima da sua casa. Os deficientes ainda estão invisíveis perante a sociedade”, pontuou.

CUIDADOS - Antônio Carlos Sestaro sugeriu, ainda, medidas para reduzir o estresse em relação ao isolamento social no cuidado com as pessoas com Síndrome de Down. “Cada caso é distinto, mas a conversa, o entendimento e a postura que a família adota em relação à pandemia são primordiais. Distribuir tarefas e dar a eles uma ocupação também é de fundamental importância. Algumas famílias estão, inclusive, levando os filhos para passear no carro, tomando as precauções, para que eles vejam outros ambientes, além das paredes da casa.”

FEDERAÇÃO - A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down tem por finalidade agregar associações, fundações e outras formas de movimento social em favor do desenvolvimento global das pessoas com Síndrome de Down e de sua qualidade de vida, bem como defender seus direitos e garantias fundamentais, os valores da vida, ética, solidariedade, inclusão escolar, laboral e social, em especial o de viver plenamente em sociedade.

A Federação visa a garantia dos direitos da saúde, da educação, da assistência social, do trabalho, da cultura e de outras áreas, em relação à Síndrome de Down e, de modo geral, em relação às deficiências intelectuais. A Federação Down atua como um observatório do cumprimento da Constituição Federal e da legislação infraconstitucional, pautando-se pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

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Texto:  Raquel Soares
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


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