Um amplo coro infantil tomou conta do hall de exposições da Câmara, na rua do Rosário, 833, Centro de Piracicaba. Estudantes com idade entre quatro e sete anos foram convidados a acompanhar a abertura da mostra Arte Bruta, do arquiteto e artista plástico Raul Cunha Jr., paulistano conhecido como Tito Cunha. As obras surgiram do reaproveitamento de materiais descartados e chamaram a atenção pelo aspecto lúdico.

Presidente da Câmara, o vereador Matheus Erler (PSC) acompanhou a abertura, além do vereador Pedro Cruz (PSDB). Para Erler, esta é a prova de que a Câmara está engajada na luta pela sustentabilidade. “Trata-se de uma luta que não é local, mas global, um dos grandes desafios da humanidade. Muitas vezes, o que achamos que é descartável, pode ser muito bem reaproveitado. Queremos uma Casa transparente e participativa”, avaliou o parlamentar.

O que é isso? Como você fez? Para que serve? As perguntas dominaram o ambiente nos 30 primeiros minutos após a chegada dos estudantes da Escola Municipal Antonio Boldrin, do bairro Parque Orlanda. Com muita paciência, descontração e didatismo, Tito explicou os detalhes de cada obra. “Não são brinquedos, são esculturas”, disse, a um grupo. Quando as perguntas pareciam cessar, outra turma chegou, desta vez da Escola Estadual Moraes Barros, no Centro. “Estou realizado”, exclamou, de forma espontânea, o artista.

Há oito anos percorrendo caçambas, construções, desmanches, casas em reformas e até lixeiras, Tito apropria-se de objetos em madeira, plástico e metal para transformá-los em arte. A convite do diretor do Centro de Documentação e Arquivo da Câmara, o historiador Fábio Bragança, ele criou animais e robôs para a exposição aberta nesta quarta-feira. O processo levou aproximadamente um ano e foi realizado em seu ateliê, no bairro Bela Vista, região central de São Paulo.

A máquina de escrever transformada numa cabeça de robô foi um dos itens que mais prendeu a atenção. Outra criança, ao avistar um robô de madeira, lembrou da “casa do Chaves”, pela semelhança com o barril do personagem de Roberto Gómez Bolaño. Uma imensa mosca, confeccionada com raquetes e utensílios da cozinha, chegou a ser apelidada de “mosquito da dengue”. As meninas se encantaram com o pavão, peça posicionada ao fundo do hall e que é uma das maiores em exposição.

Diretor da Escola Antonio Boldrin, Peterson Rigato, elogiou a receptividade da Câmara. “Nossa escola tem um projeto de ocupação dos espaços públicos pelas crianças. O que percebemos, no dia a dia, é que falta preparo em muitos lugares, diferente do que encontramos hoje. Tenho certeza que a exposição fará muito sucesso com as demais escolas”, avaliou Rigato. Para Tito, mais que cumprir a proposta de despertar a consciência para o reaproveitamento, a mostra demonstra a vontade da Câmara em se aproximar da população.

Fábio Bragança, historiador que assina a curadoria da mostra, diz que o objetivo do espaço é mostrar a Câmara além das leis. “Queremos que a população possa, através da arte, fazer algumas reflexões sobre a sustentabilidade, tema da 13ª Semana de Museus, da qual participamos pela primeira vez”, destacou o historiador. Até 3 de junho, período de visitação da exposição, Bragança trará outras escolas ao local. Da mesma forma ocorrerá com os participantes da Semana do Meio Ambiente da Câmara, que visitarão a exposição entre 1º e 5 de junho.