Com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o Centro de Tecnologia Canavieira inaugurou, na tarde desta quarta-feira (14), um avançado laboratório de biotecnologia que abrigará pesquisas para o melhoramento genético da cana-de-açúcar, gerando ganhos de produtividade ao setor com o desenvolvimento de variedades com maior teor de sacarose, tolerância à seca e resistência às pragas.

Foi a segunda visita em três meses de Dilma a Piracicaba: em julho, ela havia participado do lançamento da primeira unidade da Raízen produtora de etanol de segunda geração, originado a partir do processamento do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. O protagonismo do município na área foi destacado pelo presidente da Câmara, Matheus Erler (PSC), que acompanhou a cerimônia de inauguração do laboratório do CTC nesta quarta-feira.

"Piracicaba é referência regional e agora, com o lançamento do etanol de segunda geração e as tecnologias em novas sementes do CTC, também ganha amplitude nacional. Como presidente do Legislativo, presencio um marco histórico para a cidade. Temos que pensar que Piracicaba é polo energético: com a inauguração deste laboratório, nossos jovens terão mais espaço para trabalhar, buscando a inovação num lugar adequado para isso", afirmou.

Erler parabenizou o CTC por, "de forma inteligente, alavancar suas pesquisas a favor da economia, que se encontra em crise profunda", citando como exemplo o desenvolvimento da variedade de cana-de-açúcar que pode ser cultivada em solos restritivos. "São tecnologias que levaram anos para serem produzidas e que agora chegam em um momento propício para atender os produtores de cana-de-açúcar."

INVESTIMENTO - O complexo de laboratórios de biotecnologia ocupa uma área de 1,4 mil metros quadrados, custou R$ 40 milhões e foi financiado, em parte, com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O trabalho dos pesquisadores do CTC levou ao desenvolvimento, após dez anos de estudos, de duas variedades de cana-de-açúcar geneticamente modificadas apresentadas ao mercado recentemente.

Uma, chamada hiperprecoce, é rica em açúcar já no início da safra, para colheita a partir de março. A outra, mais resistente, pode ser cultivada em solos restritivos. Entre os resultados esperados, quando a primeira dessas variedades chegar ao mercado, em 2017, estão reduzir as perdas bilionárias no setor com pragas como a broca e impactar positivamente no meio ambiente, com a diminuição da emissão de gases do efeito-estufa e do uso de produtos químicos.

"Esse laboratório faz parte de um processo de construção do futuro do nosso país, contribuindo para elevar a competitividade do setor", enfatizou Dilma, em seu discurso, ao enaltecer a participação do etanol na estratégia brasileira de reduzir a emissão de gases causadores do efeito-estufa ––a meta do país, a ser apresentada em dezembro, em conferência da ONU, é cortar em 43% as emissões na comparação com os níveis de 2005.

O setor sucroalcooleiro, como lembrou Dilma, tem papel importante na busca por esse índice, uma vez que o uso do etanol no Brasil influencia diretamente os cortes de emissões na matriz de combustíveis. "É o segmento mais difícil de propiciar redução de emissões no mundo, mas no Brasil temos uma vantagem: nenhum carro se move nesse país sem etanol", afirmou a presidente.

Alckmin ressaltou o peso do ramo sucroalcooleiro na economia do Estado de São Paulo e listou as ações tomadas pelo governo paulista para estimular a produção de etanol. "Aqui temos um dos mais sofisticados laboratórios do mundo. É um setor socialmente importante, central na geração de emprego e renda do nosso país. Um milhão de empregos diretos, fora os indiretos", disse Alckmin.

Os investimentos do CTC em biotecnologia foram apresentados pelo seu presidente, José Gustavo Teixeira Leite, e pelo presidente do Conselho de Administração, Luís Roberto Pogetti. Também participaram da solenidade de inauguração do laboratório o prefeito Gabriel Ferrato (PSDB), os vereadores Chico Almeida (PT) e José Antonio Fernandes Paiva (PT), os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga, e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, entre outras autoridades e empresários do setor sucroalcooleiro.