
12 DE JANEIRO DE 2018
Importância histórica nas lutas dos trabalhadores foi destacada em cerimônia, em que Câmara foi representada por Pedro Kawai; vereador Lair Braga também participou
Ato aconteceu na manhã desta sexta-feira no bairro Dois Córregos - fotos: Mateus Medeiros/Sindicato dos Metalúrgicos
O Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região deu posse aos 30 diretores na manhã desta sexta-feira (12). Wagner da Silveira, o Juca, ocupa a presidência pelos próximos quatro anos. Para efetivar a sua gestão, a entidade teve a presença de Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). A cerimônia aconteceu em sua sede, no bairro Dois Córregos, e foi acompanhada ainda pelos vereadores Lair Braga (SD) e Pedro Kawai (PSDB), primeiro secretário da Câmara, que representou a Mesa Diretora da Casa de Leis.
A eleição da chapa encabeçada por Juca aconteceu em janeiro de 2017 e, após esse período, houve a transição, conforme prevê o estatuto da entidade, em que José Florêncio da Silva, o Bahia, ocupou a presidência em exercício e Juca estava como secretário-geral. Na atual gestão, Bahia exerce o cargo de 2º vice- presidente e a vice-presidência fica com José Luiz Ribeiro, atual secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, que atuou como presidente do Sindicato desde 1994. A diretoria é composta por 30 membros.
Filiado ao Sindicato desde 1990, quando conquistou o seu primeiro emprego em uma metalúrgica, Juca tem 45 anos. Para ele, a categoria deve se manter unida na defesa dos direitos dos trabalhadores e da cidadania, em especial diante das reformas promovidas pelo Governo Federal. “A nossa missão é lutar contra o que acontece hoje no Brasil. Sobre a Reforma Trabalhista, estamos iniciando uma conversa com o Simespi – sindicato patronal do setor – para que a gente possa se adequar. Já na Reforma da Previdência, vamos acompanhar os atos das centrais.”
Ao representar a Mesa Diretora da Câmara, o vereador Pedro Kawai reforçou a importância do Sindicato na conjuntura municipal. “Piracicaba é privilegiada nas parcerias. Temos a Acipi (Associação Comercial e Industrial) e o Simespi, por exemplo. E, no caso do Sindicato, todos sabem o quanto defende a categoria e faz um trabalho em consenso com as entidades, mas não é apenas isso: trabalha com toda a cidade, é parceiro de várias ações do poder público. É por isso que nos orgulhamos do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e desejamos que a nova diretoria continue seu trabalho árduo, em um momento difícil do país.”
Para o prefeito Barjas Negri (PSDB), o Sindicato pode ser considerado a maior força da categoria na região. “Fomos parceiros quando a economia esteve bem e somos parceiros quando a economia vai mal. O Sindicato sofreu muito nesse período de crise, especialmente entre 2014 e 2016, quando a cidade perdeu 10.400 empregos formais, sendo 8.400 na indústria, a maioria metalúrgicos. Mas foi o diálogo com o setor público e os empresários que permitiu essa travessia”, declarou Barjas, ao citar que a recuperação está a caminho. Como exemplo, ele citou os 1.700 empregos gerados pela indústria no acumulado até novembro do ano passado.
O presidente do Simespi, Roberto Chama, disse que o Sindicato dos Metalúrgicos é conhecido pelas relações maduras com a cidade, em vários setores. “É uma entidade importante na defesa do trabalhador. As empresas têm passado por um momento difícil e junto ao sindicato temos chegado a uma harmonia. Independentemente de ser empresa ou funcionário, a gente torce para que o país siga sempre em frente”, destacou.
Miguel Torres disse que a crise afetou o movimento sindical de forma significativa e boa parte dos sindicatos terminou o ano com dificuldades financeiras. “É um momento difícil para toda a sociedade brasileira. O país está sem governo e, a cada dia que passa, é mais um atropelo”, disse ele, que criticou a desestatização da Petrobrás e classificou a abertura do mercado estrangeiro como um crime contra a indústria. “O governo está jogando contra o próprio patrimônio e deixando os brasileiros sem perspectivas para o futuro.”
Sobre as recentes crises envolvendo o presidente Michel Temer na escolha da ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, Torres lembrou que o país já teve, na gestão de Getúlio Vargas, a figura de João Goulart (Jango) como representante da Pasta em Brasília, além de outros nomes, como Francisco Dornelles e Dorothea Werneck. “Quando o Ministério do Trabalho nasce, na década de 30, sua função é a de ajudar a indústria e os trabalhadores a se adequarem a um código. Ele fez esse trabalho muito bem. Tivemos relevância. Mas hoje ele está acabando e diminuindo seu papel diante da sociedade brasileira.”
O Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região conta atualmente com 8.724 associados, entre ativos e aposentados. Bahia, que hoje também está como presidente da Associação dos Metalúrgicos Aposentados de Piracicaba, disse que a realidade brasileira será de dificuldades plenas a quem se aposentar no futuro. Como exemplo, Bahia citou o reajuste de apenas R$ 17 no salário-mínimo. “O que dá para fazer com isso?”, questionou. “Estamos perdendo até para a inflação. Mas não podemos desanimar e dependemos das parcerias, para que unifiquemos as lutas e forças.”