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02 DE AGOSTO DE 2021

Vereadoras abrem Semana de Divulgação da Lei Maria da Penha


Atividade realizada na tarde de segunda-feira (2) analisou avanços e retrocessos no combate à violência doméstica



EM PIRACICABA (SP)  

Rai de Almeida destacou avanços e citou demandas no combate à violência contra as mulheres

Rai de Almeida destacou avanços e citou demandas no combate à violência contra as mulheres

Silvia Morales participou da atividade de abertura da programação

Silvia Morales participou da atividade de abertura da programação

Marilda Soares elencou ações locais desenvolvidas pelo CRAM

Marilda Soares elencou ações locais desenvolvidas pelo CRAM

Luana Bruzzasco representou o Conselho Municipal da Mulher

Luana Bruzzasco representou o Conselho Municipal da Mulher
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Rai de Almeida destacou avanços e citou demandas no combate à violência contra as mulheres






Proposta pela Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Piracicaba, a Semana de Divulgação da Lei Maria da Penha teve sua abertura nesta segunda-feira (2), pela TV Câmara, com as vereadoras Rai de Almeida (PT) e Silvia Morales, do Mandato Coletivo A Cidade é Sua (PV), autoras do requerimento 2/2021. A atividade contou com a participação da coordenadora do Cram (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), Marilda Soares, e da representante do Conselho Municipal da Mulher, Luana Bruzasco.

A vereadora Rai de Almeida (PT) louvou os avanços da Lei Maria da Penha, mas também destacou ainda há muito a ser feito para que cultura da violência contra as mulheres deixe de existir: “nós precisamos mudar essa cultura que está tão introjetada, cristalizada na nossa sociedade, que é estrutural”, disse a parlamentar.

Muitas dessas violências, de acordo com a vereadora, se dão em razão do patriarcado, “um sistema que vê o homem sobrepondo-se à mulher, com poder de decisão, poder econômico, e que submete as mulheres a seu mando”, completou Rai de Almeida.

Para a parlamentar, a educação das futuras gerações, um dos focos da Lei Maria da Penha, é indispensável para que a sociedade, desde cedo, entenda a importância da se evitar a violência.

A vereadora Sílvia Morales ponderou que, apesar de a lei ser conhecida pela maioria das pessoas, “ainda há muito o que se fazer”, e destacou os avanços no combate à violência contra a mulher em Piracicaba. Ela citou como exemplos a criação do Conselho Municipal da Mulher, da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara, da Rede de Proteção de Combate à Violência contra a Mulher e a Patrulha Maria da Penha.

Ela também destacou a importância de que sejam oferecidos mecanismos para que as mulheres, de fato, se empoderem “para que não tenham medo de denunciar o agressor ou de levar o processo adiante, por conta de quaisquer dependências, sejam financeiras ou emocionais”, e citou programas e projetos existentes em outras cidades, como por exemplo o "Tem Saída", na cidade de São Paulo, que ajuda as mulheres vítimas de agressão a conseguirem um emprego, e a "Escola de Homens", no estado do Rio de Janeiro, uma espécie de terapia em grupo que ajuda os homens agressores a entenderem as motivações de seus atos violentos.

Marilda Soares, coordenadora do Cram, lembrou que existem datas comemorativas e alusivas às mulheres no município, mas que "este é o primeiro ano em que há, oficialmente, dentro da Câmara Municipal de Piracicaba ,um evento como esse, uma semana dedicada a divulgar a temática".

Ela frisou que a violência contra a mulher não é apenas um problema de uma parcela da população, mas sim de toda a sociedade. "Onde há violência, há uma sociedade adoecida, que precisa ser pensada, repensada e cuidada em outros moldes".  

De acordo com Marilda, ao longo de cinco anos de existência, o Cram atendeu mais de 1.200 casos, entre referenciados e pontuais. No entanto, ela acredita que os números sejam ainda maiores, "seja por conta da dificuldade em acessar o serviço, seja porque desacreditam nas políticas públicas ou, de fato, porque a violência já foi tão naturalizada que essas mulheres têm dificuldade em acreditar que algo possa efetivamente ser feito no sentido de protege-las".

Luana Bruzasco, membro do Conselho da Mulher de Piracicaba, defendeu a centralidade de uma abordagem multidisciplinar, a exemplo da que é feita pelo Cram: "quando a lei foi desenvolvida, muito se falava, e muito se fala ainda hoje, sobre as penas na esfera criminal. No entanto, o Cram vem numa ordem inversa, que a lei também prevê, que é o atendimento e o foco na mulher, como ajudar a mulher a romper o ciclo da violência", disse Luana.

Fechando a atividade, a vereadora Rai de Almeida destacou que, apesar de a pandemia ter contribuído para um possível aumento da violência contra as mulheres, é também importante que a sociedade se mobilize para que os direitos das mulheres sejam mantidos, e defendeu a ampliação dos Juizados Especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher, já previstos na própria Lei Maria da Penha.

MARIA DA PENHA – Sancionada em 7 de agosto de 2006, a lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, recebe este nome em alusão à luta de mais de 19 anos por justiça empreendida por Maria da Penha Maia Fernandes, baleada por seu ex-marido, em 1983. Dentre outras disposições, a lei cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e a discriminação de gênero.

Considerada um marco no ordenamento jurídico brasileiro, de acordo com informações disponíveis no site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a Lei Maria da Penha traz alguns mecanismos inovadores, como por exemplo tipificar e definir a violência doméstica e familiar contra a mulher; estabelecer as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; determinar que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual; que  a mulher somente poderá renunciar à denúncia perante o juiz; a proibição de penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas) para os agressores; possibilitar ao juiz a decretação da prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher; permitir ao juiz que determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação e muitas outras inovações.  

ATIVIDADES  A Escola do Legislativo promoverá nesta terça-feira (3), das 10h às 12h, a palestra on-line "Lei Maria da Penha, Relacionamento Abusivo e Feminicídio".  Na quinta-feira (5), também on-line, acontece a roda de conversa CRAM: Atendimento psicossocial e sociojurídico para mulheres em situação de violência, das 14h às 16h.

A Semana de Divulgação da Lei Maria da Penha foi instituída na Câmara no ano passado, por meio do decreto legislativo 25/2020. A Procuradoria Especial da Mulher da Câmara é composta ainda pelas vereadoras Alessandra Belluci (Republicanos) e Ana Pavão (PL), que também assinam a autoria do requerimento, não puderam participar e justificaram a ausência. A íntegra da atividade de abertura, conduzida pelo setor de Cerimonial do Departamento de Comunicação Social da Câmara, pode ser assistida no Facebook da Câmara Municipal de Piracicaba, neste link.



Texto:  Fabio de Lima Alvarez - MTB 88.212
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Revisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Procuradoria Especial da Mulher Alessandra Bellucci Ana Pavão Rai de Almeida Silvia Maria Morales

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