
26 DE SETEMBRO DE 2007
O vereador Euclides Buzetto (PT) ocupou a Tribuna da Câmara, na reunião ordinária da última segunda-feira (24) para registrar a indiferença de autoridades, empresár (...)
O vereador Euclides Buzetto (PT) ocupou a Tribuna da Câmara, na reunião ordinária da última segunda-feira (24) para registrar a indiferença de autoridades, empresários, fornecedores e outros organismos que diretamente contribuem para a degradação ambiental das águas do Rio Piracicaba, que atualmente padece pela estiagem nos mais de 54 dias.
Euclides Buzetto não poupou fornecedores pela prática da queima da palha da cana-de-açúcar, embora reconheça que a Associação dos Fornecedores anuncia reflorestamento da mata ciliar. O parlamentar também criticou o desrespeito da Sabesp, com a nova outorga do Sistema Cantareira, renovada em Agosto do ano passado, sendo que até hoje a Companhia não cumpriu os acordos da Portaria 1213.
O vereador Euclides Buzetto também apontou quatro pontos de retiradas de água que comprometem o Salto do Piracicaba, que podem estar colaborando para a deterioração ambiental. Em primeiro lugar destaca o Vél da Noiva, seguida pela Fábrica Boys, que retira de 3 a 4 metros de água por segundo; Museu da Água, pelo funcionamento do canhão. Além da empresa de gelo.
Jornal de Piracicaba
Em matéria do site do Jornal de Piracicaba, 25/09/2007, 22h07 a consideração é que a Agência Nacional de Água - ANA cobra o cumprimento de artigo da outorga da Sabesp, que teria que apresentar estudos para reduzir a dependência do Cantareira até fevereiro deste ano, o que não aconteceu.
A ANA aguarda a posição oficial do Daee (Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica) sobre o cumprimento do artigo 16 da Portaria 1213, que estabelece a nova outorga (licença) de operação do Sistema Cantareira.
O documento determina que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) apresentasse em 30 meses, a partir da licença, estudos ou projetos para reduzir a dependência do Cantareira.
A nova outorga está em vigor desde 9 de agosto de 2004. O prazo para que os estudos fossem apresentados venceu em fevereiro deste ano.
A Sabesp foi procurada pela reportagem do Jornal de Piracicaba desde o dia 10 de setembro, porém não se manifestou sobre o assunto.
A assessoria de imprensa da companhia sugeriu que a reportagem procurasse a ANA, que autoriza o Daee a operar a outorga.
A assessoria de imprensa da ANA informou que a agência tem sido informada mensalmente sobre outros itens da outorga, como o funcionamento do Banco de Águas, por exemplo. Sobre o artigo 16, no entanto, até o momento não houve manifestação da companhia.
Representantes de entidades como o Lions Clube Piracicaba-Centro e o Fórum Permanente em Defesa do Rio Piracicaba se dizem indignados com a situação. Ambas encaminharam ofícios à Sabesp e aguardam resposta.
No caso do Lions, o documento foi postado em agosto e do fórum há cerca de 20 dias.
O vereador Euclides Buzetto, membro da comissão permanente do fórum e autor do ofício encaminhado à Sabesp, afirma que o momento pede uma nova mobilização da sociedade, a exemplo do que se observou no processo de renovação da outorga. “Eles estão brincando com a gente”, disse.
Buzetto afirma estar em contato com entidades como Lions, Rotary, Piracicaba 2010 e Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba, para definir o lançamento de uma campanha.
O primeiro secretário do Lions Clube Piracicaba-Centro, Nelson Antonio Pinotti, disse ter manifestado sua cobrança por informações em uma reunião dos Comitês das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), no dia 13 de agosto.
Segundo ele, o representante da Sabesp na ocasião disse que um relatório com informações sobre o assunto foi encaminhado ao Daee. Não informou, no entanto, os itens que integravam o documento.
RETIRADA – Na segunda-feira (24), o nível do rio Piracicaba foi o mais baixo do ano, com vazão de 20,9 metros cúbicos por segundo, segundo registros do Saisp (Sistema de Alerta à Inundações do Estado de São Paulo).
A outorga do Sistema Cantareira autoriza a Sabesp a retirar até 31 m cúbicos/s (equivalente a 31 mil litros/s) dos rios Atibaia e Jaguari, formadores do Piracicaba, para abastecer cerca de nove milhões de habitantes da capital paulista.
Desmatamento agrava crise de água em São Paulo
Em matéria divulgada no Jornal Folha de São Paulo, edição 22/07/2001, da ONG Mata Atlântica indicava que pesquisas feitas pelos departamentos que cuidam de saneamento e ambiente afirmavam que o desmatamento nas margens dos rios afeta o abastecimento de água no Estado de São Paulo. Quanto menos mata ciliar, menor a vazão e a qualidade da água do rio, dizem os estudos.
O Consórcio dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí estimou que existe a necessidade de replantar 200 milhões de árvores nas margens dos rios que abastecem Campinas, Piracicaba e outras 60 cidades. A conclusão do projeto é que o reflorestamento é a saída mais simples e barata para melhorar a qualidade da água na região, uma das mais críticas do Estado.
Para efeito de comparação: o plantio desses 200 milhões de árvores resolveria apenas o problema da região, que ocupa 6% do território paulista. Não existe estudo que demonstre quanto deve ser reflorestado para recuperar todos os rios paulistas.
Desde o ano passado, foram plantadas 100 mil mudas de ingás, ipês e eritrinas e outras 50 espécies na beira do rio Corumbataí, o afluente responsável pelo abastecimento de Piracicaba. A meta é plantar 20 milhões de mudas de árvores em 20 anos.
"As pessoas aprendem na escola que as árvores funcionam como uma esponja para proteger os rios. O problema é que São Paulo desmatou 92% da sua mata atlântica, provocou milhares de quilômetros de erosão e criou um desastre ambiental para os rios", explica Mário Mantovani, diretor da ONG ambiental Fundação SOS Mata Atlântica.
Pesquisa e foto (2): Martim Vieira Mtb 22.939
Fonte: Folha de S. Paulo e Jornal de Piracicaba
Foto (1): Fabrice Desmonts Mtb 22.946