A trajetória de luta e militância de Francisco Nuncio Cerignoni, o Chico Pirata, em defesa dos direitos das Pessoas com Deficiência (PCD) foi relembrada, na noite desta segunda-feira (5), em emocionados discursos proferidos por Wander Viana Santos e Letícia Peres Faria Françoso, respectivamente representantes do Comdef (Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência) e do CEAPcD (Conselho Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência) na Tribuna Popular da 64ª reunião ordinária de 2022 da Câmara Municipal de Piracicaba, na presença de vereadores e de familiares de Francisco Cerignoni.

Falecido em 10 dezembro de 2020, Chico Pirata foi referência, desde a década de 1980, na luta pelos direitos das pessoas com deficiência, tendo publicado diversos livros na área, inclusive de projeção internacional. Ao longo de sua vida, ele também foi presidente dos Comdef e do CEAPcD. 

"Dia 3 de dezembro foi o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e nós, do Comdef, achamos muito oportuno que pudéssemos fazer, neste dia, uma homenagem ao Chico. Ele foi um ativista ferrenho na busca pela inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência. Ele era uma pessoa muito bondosa e com um caráter inacreditável. Estou hoje aqui com muito orgulho, me sinto muito honrado em falar dele", disse emocionado Wander Viana Santos, que acrescentou: "ele foi o meu mestre".

Letícia Françoso frisou que "falar sobre a pessoa com deficiência não é uma tarefa fácil, significa falar de pessoas que, apesar de todas as barreiras que ainda existem, cumprem seu papel como cidadãos, na maioria das vezes, de forma exemplar. Exemplar não por conta das dificuldades, mas exemplar porque não se vitimizam".

A presidente do CEAPcD também lembrou da evolução dos direitos das pessoas com deficiência ao longo da história, e pontuou que não são as deficiências que definem as pessoas. "Antes, somos pessoas e, depois, temos nossas deficiências", destacou. 

Por fim, ela disse ser impossível "juntar Piracicaba e inclusão na mesma frase e não nos lembrarmos do Chico Pirata, meu mentor, aquele que sempre colocou a luta da pessoa com deficiência como prioridade. A luta, a causa, o amor às pessoas e o respeito sempre foram suas bandeiras." Ela ainda acrescentou: "não havia incoerência em seu discurso. Chico Pirata viveu até seus últimos momentos de vida preocupado e trabalhando pelas PCDs. Ele sentiu na pele todas as dificuldades às quais as PCDs são submetidas no dia a dia, e ele nunca desistiu, nunca parou", disse Letícia, também em tom emocionado.

"Nós todos estamos aqui, hoje, para aplaudir o Chico, porque ele deixa um grande legado. Às vezes as pessoas dizem que ninguém é insubstituível. Há, sim, pessoas insubstituíveis. O Chico é uma delas. Ninguém conseguirá tomar o lugar dele. Vamos aprender e lembrar de tudo o que ele deixou, vamos analisar tudo o que ele deixou e nos espalharemos nisso, tentando sermos pessoas melhores, mas tenho certeza que ninguém o substituirá", finalizou Wander. 

Após a fala dos oradores, o documentário "Chico Pirata: Vida e luta pela pessoa com deficiência”, produzido no ano passado pelo Departamento de Comunicação da Câmara em parceria com o Comdef, foi exibido no telão do Plenário Francisco Antônio Coelho. 

Na sequência, no hall do Plenário "Francisco Antonio Coelho", um quadro alusivo à homenagem foi entregue à viúva de Chico, Maria Cristina Rasera Cerignoni. A honraria foi estendida a seus filhos, netos, bisnetos, irmãos, demais parentes e amigos que participaram da cerimônia. 

O discurso completo na Tribuna Popular e o documentário "Chico Pirata: Vida e luta pela pessoa com deficiência” podem ser vistos, na íntegra, no início desta matéria.