
04 DE JULHO DE 2011
O vereador Laércio Trevisan Júnior (PR) percorreu, na manhã desta segunda-feira, quatro UPAs de Piracicaba e classificou de "precária" a situação que encontrou. Ele (...)
Motivado por reclamações que chegaram ao seu gabinete, o vereador Laércio Trevisan Júnior (PR) percorreu, na manhã desta segunda-feira (4), quatro unidades de pronto-atendimento (UPAs) de Piracicaba e classificou de "precária" a situação que encontrou. Durante a visita, Trevisan descobriu que uma das pacientes, cuja situação lhe havia sido informada na semana passada, morreu na última sexta-feira (1º). F.R.S., de 69 anos, faleceu após esperar ser transferida da UPA da Vila Cristina para um hospital desde a última segunda-feira (27). "Ela ficou desde segunda aguardando vaga na UTI e sexta à noite ela morreu sem conseguir lugar. É lamentável", afirmou Trevisan.
Nas visitas às UPAs da Vila Rezende, Vila Sônia, Piracicamirim e Vila Cristina, o parlamentar, que é relator da Comissão de Saúde e Promoção Social da Câmara, constatou que o número de médicos que fazem atendimento é insuficiente e não há pediatras em 2 dos 4 locais visitados. A espera para ser chamado chega a ultrapassar duas horas e muitos dos pacientes que recebem o primeiro atendimento acabam tendo de aguardar o encaminhamento nos corredores das unidades.
De acordo com Trevisan, nas quatro unidades visitadas até as 12h15 desta segunda-feira, a demanda por vagas em hospitais pelo SUS (Sistema Único de Saúde) era de 26 leitos: 5 vagas na Vila Rezende, 7 na Vila Sônia, 4 na Vila Cristina e 10 no Piracicamirim. O vereador recorda que, atualmente, Piracicaba possui 1,9 leito de internação para cada 1.000 habitantes, de acordo com o Ministério da Saúde, abaixo do que determina o governo federal, que é de 2,5 a 3 leitos por 1.000 habitantes.
"Desde fevereiro, Piracicaba está recebendo verba federal para a manutenção e melhoria das UPAs, o que me deixa, como vereador, sem entender essa situação, já que a cidade está recebendo mais recursos, mas oferecendo estrutura menor. Como pode isso?", questionou Trevisan. Para o parlamentar, a saída para a saúde no município está na contratação de médicos e a ampliação dos leitos hospitalares em, no mínimo, 30 por cento ––o que seria possível, segundo sugestão do vereador, com o aluguel do imóvel onde funcionava o hospital da Unimed, na avenida Carlos Botelho, que conta com 107 leitos.
O vereador ainda lembra que, em casos de alta demanda, podem ser abertas as chamadas "vagas zero", que são aquelas autorizadas pela Secretaria de Saúde e que podem "compradas" pelo município além da cota. Há 15 dias, Trevisan e o vereador José Pedro Leite da Silva (PR) pediram providências ao Ministério Público em relação à situação da saúde em Piracicaba.
VILA REZENDE E VILA SÔNIA
A ronda pelas unidades de saúde teve início às 10h30, na UPA da Vila Rezende. Na sala de espera, 36 pessoas aguardavam atendimento, que era prestado por dois clínicos-gerais ––não havia pediatras trabalhando no momento. Um dos usuários contou que chegou à unidade às 9h, mas 1h30 depois, não havia sido sequer chamado.
Outro paciente, de nome Rivaldo, aguardava encaminhamento deitado sobre uma maca no corredor do Setor de Recuperação, onde outras nove pessoas esperavam ser chamadas pelos médicos. Sem cobertor, Rivaldo tremia em meio ao frio e alegava dificuldades para respirar ––ele disse ter buscado a unidade após sentir fortes dores no peito. Depois de ter feito eletrocardiograma, Rivaldo permaneceu por quase uma hora no corredor da unidade, até que, por intervenção de Trevisan, foi levado a um dos quartos. Após questionamento de Trevisan, um dos enfermeiros do local prometeu que o paciente seria encaminhado a um hospital. "Aqui, no mínimo, deveria haver quatro médicos. São mais de 50 pessoas para só dois médicos. É muito pouco", disse o vereador.
Às 10h58, Trevisan chegou à UPA da Vila Sônia, onde três clínicos prestavam atendimento. Uma folha de papel afixada na parede informava que o local não contava com pediatras ––para o período da tarde, a previsão era de que o problema, que teve início no domingo, continuaria.
Na sala de espera, 23 pessoas aguardavam atendimento, que estava demorando, em média, uma hora. Uma mulher procurou Trevisan para reclamar que havia chegado ao local às 9h04 e, quase duas horas depois, ainda não havia sido chamada. Outra usuária reclamou que estava no local desde às 7 horas e, após 4 horas, estava aguardando ser chamada.
Nos corredores da UPA, outras 19 pessoas, entre elas duas crianças, aguardavam atendimento. Uma mãe lamentava que a falta de pediatra a obrigava a ter de passar por um clínico geral. "Não tem pediatra. Várias pessoas vieram aqui e foram embora", comentou Cláudia Campos, cujo filho apresentava peito atacado, começo de pneumonia e conjuntivite. Ela contou que já ter denunciado a situação da unidade da Vila Sônia em março, pelo telefone 156.
PIRACICAMIRIM E VILA CRISTINA
Trevisan chegou à UPA do Piracicamirim às 11h45. No horário, 16 pessoas aguardavam na recepção e outras 16 estavam nas salas de atendimento, sem contar os usuários que permaneciam na emergência e nos quartos. Uma paciente relatou que a espera para vaga na unidade está girando em torno de 6 a 7 dias.
Já na Vila Cristina, o cenário também é "caótico", na visão de Trevisan. Quando o vereador chegou, às 12h05, 86 pessoas superlotavam a sala de espera da unidade. O painel informava que três clínicos e dois pediatras atendiam no local no momento. Crianças e idosos reclamavam da demora no atendimento.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTOS: Emerson Pigosso / MTB 36.356