O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), usou a tribuna, durante reunião ordinária na noite desta quinta-feira (12), para comentar sobre o raciocínio defendido pelo colega Bruno Prata (PSDB), que discutiu os motivos que levam um projeto apresentado na Câmara a receber parecer contrário da Comissão de Legislação, Justiça e Redação.

"Discordo totalmente da fala do vereador Bruno. Acho que nós temos perdido bons projetos, boas ideias, porque estamos como meninos querendo um cortar a pipa do outro: nós não vestimos a camisa como um time de futebol. Nosso Poder Legislativo tem que saber a força que tem e se valorizar", disse Capitão Gomes, sugerindo que todos os 16 vereadores se unam quando uma ideia for interessante para o município, conversem com o Executivo e a façam vingar.

O vereador também criticou a diferença no tratamento dado conforme o projeto apresentado. "Não pode [apresentar determinado projeto], mas quando é para conceder incentivos para uma indústria se instalar, nós podemos. Não pode, mas quando é para ceder um terreno, nós podemos. Agora, quando é para opinar, nós não podemos."

Capitão Gomes defendeu que o papel dos vereadores deve ser revisto. "Nós podemos fazer o que se faz aqui: entregar moção, dar titulo de cidadão. Não, não, não. Acho que temos que sentar os 16 vereadores e vamos valorizar. Se a ideia do vereador é boa, ela tem que ser aproveitada, senão vamos ficar perdidos, porque o prefeito pode fazer tudo ––e pode, porque o dinheiro é dele e ele pode fazer o que bem entende–– e nós não podemos fazer nada, as nossas ideias não podem. Até placa de rua gera custo, então não vamos dar nome de rua? Acho que o Legislativo nosso precisa estar consciente de que temos papel importante na cidade", declarou.

O vereador ainda abordou outros dois temas na tribuna. Sobre as viaturas abandonadas nas ruas de Piracicaba, ele cobrou a aplicação da lei municipal que trata do assunto. "Já existe uma lei, e essa lei tem que ser cumprida. É só notificar o proprietário da viatura, do trailer, da carreta, do ônibus e dar um prazo de 24 horas para tirar. Se não tirar, guincha e acabou, resolve-se o problema. Precisamos ter a coragem para enfrentar o problema. Ou fazemos a lei para ser cumprida, ou não se faça a lei."

Já sobre a aplicação da Lei Seca, Capitão Gomes criticou a impunidade verificada em muitos casos. "O cidadão faz o que bem entende, enche a cara, mata e fica por isso mesmo. Não é de alçada nossa [tornar a Lei Seca mais rígida], não temos essa força, é coisa de deputado federal, é lá em cima", observou o vereador. "O problema desse país é verificar qual é a autoridade pública que tem estatura moral para fazer vigorar alguma coisa aqui. Falam grosso, mas daqui a pouco estão afundados no lamaçal", criticou.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946