O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), protocolou na Câmara um projeto de lei que, se aprovado, vai proibir o fornecimento de caixas de papelão usadas para clientes embalarem compras em supermercados, hipermercados, mercearias, quitandas, açougues, bares, restaurantes e padarias de Piracicaba. A empresa que violar a norma estará sujeita à advertência ou multa a ser estabelecida pelo Executivo.

Capitão Gomes lembra que tem se tornado prática recorrente o fornecimento "gratuito", por parte de estabelecimentos comerciais, de caixas de papelão originalmente já utilizadas para seus clientes transportarem suas compras. "O que pode parecer, à primeira vista, preocupação com o meio ambiente, na verdade é mais uma estratégia daqueles estabelecimentos em se livrar do encargo e da responsabilidade de dar destinação adequada àquelas caixas", alerta o vereador.

O parlamentar é o autor da lei que determina que o comércio de Piracicaba disponibilize sacolas retornáveis, biodegradáveis ou oxibiodegradáveis no acondicionamento dos produtos vendidos. A norma só não está em vigor devido a uma liminar conseguida pela Plastivida, cujos representantes contataram Capitão Gomes e agendaram para maio uma visita a Piracicaba, quando esclarecerão o posicionamento do instituto sobre o assunto.

CONTAMINADAS
Um estudo da Microbiotécnica, empresa especializada em higiene ambiental, revelou que as caixas de papelão usadas, disponibilizadas pelos supermercados, e as sacolas de pano, trazidas de casa pelo consumidor, possuem alto grau de contaminação, podendo prejudicar a saúde da população.

A análise comprovou que, em relação às sacolas plásticas, ambas as opções apresentam maior carga microbiana: as caixas de papelão contêm cerca de oito vezes mais bactérias e 12 vezes mais fungos, enquanto as sacolas de pano possuem risco quatro vezes superior para bactérias e cinco vezes para fungos. Essas contaminações podem ser oriundas da própria matéria-prima dessas caixas, mas também das condições de armazenamento quando ainda com seus produtos originais ou até mesmo do armazenamento nos estoques para seu reaproveitamento. "As caixas são, em alguns casos, verdadeiros berços de insetos de todo tipo", alerta Capitão Gomes.

Outro dado revelado pelo estudo mostrou que, enquanto nas sacolas plásticas não foram encontrados coliformes totais, coliformes fecais nem E.coli (Escherichia coli), em 58 por cento das sacolas de pano havia a presença de coliformes totais. Já nas amostras de caixa de papelão, 80 por cento apresentavam coliformes totais, 62 por cento coliformes fecais e 56 por cento E.coli, além de fungos, bolores e leveduras.

"A utilização dessas caixas de papelão já usadas representa um elevado risco à saúde pública, pois estudos científicos mostram que, com relação à contaminação por bactérias, as caixas de papelão apresentam maior quantidade de bactérias quando comparadas com outras possibilidades de transporte de mercadorias, como, por exemplo, as sacolas de pano (ecobags)", diz Capitão Gomes.

O vereador ainda alerta para a possibilidade de contato de produtos de limpeza armazenados nas caixas de papelão com os alimentos adquiridos e transportados pelo consumidor nas mesmas caixas "gratuitamente" fornecidas pelos estabelecimentos. "Além da séria questão de saúde envolvida na utilização de caixas de papelão, outro ponto relevante é o fato de que os estabelecimentos comerciais são responsáveis pelo gerenciamento e destinação adequada dos resíduos sólidos gerados pelas suas atividades e, fornecendo para os consumidores as caixas de papelão para serem reutilizadas, os supermercados está repassando diretamente para o consumidor tal responsabilidade, livrando-se do referido encargo", reforça o vereador.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946