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08 DE MARÇO DE 2013

Prevenção de acidentes depende de “mudança da mentalidade”


Nos últimos nove anos, desde o início do Centro de Referência do Trabalhador (Cerest) em Piracicaba, foram registrados 13.453 acidentes de trabalho com mulheres. De (...)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Emerson Pigosso - MTB 36.356 Salvar imagem em alta resolução


Nos últimos nove anos, desde o início do Centro de Referência do Trabalhador (Cerest) em Piracicaba, foram registrados 13.453 acidentes de trabalho com mulheres. De 2004 até fevereiro de 2013 (período destes dados) o número é crescente, saindo de 811 e chegando a 2.399 no ano passado. Para o período atual, a tendência é que se mantenha no mesmo nível de 2012. “Mas não quer dizer que antes tinha menos e hoje mais, mas é que melhoramos o registro destas ocorrências”, diz Mara Alice Takahashi, representante do Cerest Piracicaba.

Apesar de trabalhar com os números, Mara Takahashi não atém apenas aos dados consolidados para analisar a conjuntura do trabalho feminino em Piracicaba. “Temos uma leitura que a diminuição das ocorrências depende menos de questões técnicas (de como prevenir) e mais de mudar a mentalidade de quem contrata e organiza o trabalho”, disse a pesquisadora na tarde desta sexta-feira, 8 – Dia Internacional da Mulher – durante a última palestra da Semana da Mulher 2013, organizada pelo vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT).

De acordo com a avaliação da pesquisadora do Cerest, embora o problema de acidentes de trabalho seja de forma geral (envolvendo homens e mulheres) existe algumas características que demonstram uma relação muito clara das atividades domésticas, na maioria exercida por donas-de-casa, com a maioria das profissionais no mercado de trabalho, onde atuam principalmente em serviços e comércio. “As mulheres estão relegadas a atividades que são praticamente uma extensão daquelas atividades já exercidas dentro de casa”, observa.

A partir deste principio, Mara Takahashi avalia que, atualmente, existe uma apropriação do capital desta mão-de-obra que, além de qualificada, tem menor custos. “Então, nestes aspecto, é de se analisar se o trabalho feminino não está mais ligada ao interesse dos entes do Capitalismo em obter mão-de-obra barata do que, propriamente, na emancipação desta classe de trabalhadoras”, avalia.

Mara explicou que os números do Cerest são montados a partir dos casos que chegam às unidades de atendimento da rede pública. Este sistema, aliás, procura dirimir a discrepância sobretudo das trabalhadoras informais. “Porque qualquer ocorrência nas unidades de saúde que chega como ‘acidente de trabalho’, nós registramos”, explica. A maior das mulheres acidentadas são registradas como doenças ocasionadas pelo trabalho, como a LER/Dort (por esforço repetitivo).

Durante a sua palestra ela apresentou diversos depoimentos de mulheres que sofreram com carga sobre-humana de trabalho. “Eu entrava às 7 horas da manhã, não tinha hora de almoço e não tinha hora pra sair. No papel, a gente tinha horário direitinho, a empresa exigia que a gente colocasse e assinasse, mas, na verdade não era assim”, leu Mara, um dos depoimentos já obtidos pelo Cerest Piracicaba.

A Semana da Mulher 2013 aconteceu entre segunda, 4, e sexta-feira, 8, com palestras no salão nobre Helly de Campos Melges, da Câmara de Vereadores de Piracicaba. A organização foi do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT).

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Foto: Emerson Pigosso MTb 36.356



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Legislativo José Paiva

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