
04 DE MARÇO DE 2013
A violência contra a mulher se dá em diversos aspectos. Físico, moral, psicológico, social e patrimonial. Mas a deputada estadual Ana Perugini também acrescenta a “ (...)
A violência contra a mulher se dá em diversos aspectos. Físico, moral, psicológico, social e patrimonial. Mas a deputada estadual Ana Perugini também acrescenta a “violência institucional”, ou seja, exercida pelo próprio Estado de Direito, como uma forma de agressão aos direitos das mulheres. E, igual a todas as outras, também precisa ser combatida. Ela foi uma das quatro palestrantes do primeiro dia de atividades da Semana da Mulher, organizado pelo vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT).
Ana apontou números da participação política no Brasil. Na Câmara dos Deputados, de 513 deputados apenas 45 são mulheres; assim como na Assembleia Legislativa, de 94 só 11 são do sexo feminino. Mas, ao invés de concordar com a máxima de que “mulher não vota em mulher”, a deputada critica o apoio dos partidos às mulheres. “Enquanto os homens têm milhares de panfletos, a mulher candidata tem apenas um”, disse a deputada ao exemplificar o que chamou de “violência institucional”.
A inserção das mulheres nas instituições governamentais, porém, não reflete diretamente a realidade da atuação na sociedade de forma geral. Como apontou Adriana Brasil, diretora da Associação Ilumina, de 77 entidades ligadas ao Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), pelo menos 51 por cento são comandadas por mulheres. Ela própria, médica por formação, está desde o início da Ilumina com uma participação de comando. “O cuidado (que a mulher) tinha apenas com o marido/filho hoje também está no outro”, acredita, sobre o estilo de comando das mulheres.
Esta dicotomia entre atividades sociais/participação política reforça a necessidade do combate à “violência institucional”, abrindo mais espaço às mulheres em comando. “Um exemplo interessante é que, quando uma mulher vai a Brasília (eleita para algum cargo na capital federal), ela precisa ‘largar tudo’, mas o homem, quando isso ocorre, simplesmente vai trabalhar, sabendo que há todo o apoio familiar em casa”, disse.
Em todas as palestras – além de Ana Perugini e Adriana Brasil, também falaram Miriam Miranda, da ONG Vira Lata Vira Vida, e Muna Zeyn, chefe de gabinete da deputada federal Luiz Erundina – ficou clara a necessidade da mudança de comportamento da mulher, ao negar o preconceito, buscar a qualificação e acionar o Estado na defesa dos seus direitos, sobretudo na vida doméstica. “A Lei Maria da Penha é um marco, embora precisa ser melhorada”, avaliou Ana Perugini.
Miriam Miranda, diretora-presidente da ONG Vira Lata Vira Vida, citou a ex-primeira-dama e socióloga Ruth Cardoso, para demonstrar os valores das mulheres no terceiro setor e lembrar que é preciso saber se impor para também abrir espaço na sociedade. “Se o primeiro setor, a lógica é governamental; o segundo, uma lógica de mercado; e o terceiro, de voluntários, onde entra a capacidade da mulher em ser solidária”, refletiu.
Muna Zeyn, que também é apresentadora do programa Tribuna da Mulher na TV Assembleia, acrescentou ainda que a luta da mulher é de toda a sociedade. “Não há sociedade sem o equilíbrio entre homens e mulheres, não é possível ter uma sociedade plena, democrática e justa”, disse ela, que lembrou ainda que, em sua visão, o feminismo “não é algo de mulher”, mas de “desconstruir uma cultura milenar”, finalizou.
Após as palestras, acontece debate com mediação da jornalista Tereza Blasco. As atividades da Semana da Mulher continua até sexta-feira, dia 8 de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Nesta terça-feira, 5, a partir das 13h30, estarão em pauta os temas ‘Saúde e Idosos’.
Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Emerson Pigosso MTb 35.356