
28 DE JUNHO DE 2013
O vereador Ronaldo Moschini (PPS) usou a tribuna da Câmara de Vereadores de Piracicaba, durante a reunião ordinária desta quinta-feira, 27, para ler a “carta aberta (...)
O vereador Ronaldo Moschini (PPS) usou a tribuna da Câmara de Vereadores de Piracicaba, durante a reunião ordinária desta quinta-feira, 27, para ler a “carta aberta aos médicos e à população brasileira”, assinada pela Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam). As entidades contestam a proposta anunciada pela presidente Dilma Rousseff de contratar seis mil médicos estrangeiros para atuarem em diversas regiões do País.
A carta inicia dizendo que as decisões anunciadas pelo governo demonstram “incompreensão” das autoridades ao apelo manifesto nas ruas. “A vinda de médicos estrangeiros e a abertura de mais vagas em escolas médicas são medidas irresponsáveis, por expor a parcela mais carente e vulnerável da população a profissionais mal formados e desqualificados”, argumentam.
O texto continua defendendo que a reação das entidades médicas simboliza a resistência dos profissionais e dos cidadãos ao estado de total abandono que afeta a rede pública. “Não é possível acreditar que medidas midiáticas dessa ordem resolverão o acesso e a qualidade do atendimento nos serviços de saúde”, aponta, e refuta qualquer critica a respeito de corporativismo. “Não se trata de ação corporativista, mas corporativa, no sentido de unir a força das entidades em prol do bem comum e da vida dos brasileiros”, apontam os médicos.
Divulgado na quarta-feira, 26, o documento relata que representantes de conselhos, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas, reunidos em São Paulo, decidiram por consenso intensificar a luta em defesa do SUS e pelas condições para “o pleno exercício da Medicina”, e indicam medidas a serem colocadas em prática e que, sob nenhum aspecto, querem a penalização do paciente, “já tão prejudicado pelo abandono do Governo”.
Foram defendidos seis pontos pela classe médica: 1) mobilização nacional dos médicos e da sociedade no dia 3 de julho (quarta-feira) em defesa do SUS e da Medicina de qualidade; 2) apoiar a aprovação urgente da PEC 454, que prevê uma carreira de Estado para o médico (semelhante ao que ocorre no Judiciário); 3) incentivar a coleta de 1,5 milhão de assinaturas em prol do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde + 10; 4) defender a derrubada do Decreto Presidencial 7562, de 15 de dezembro de 2011, que modificou a Comissão Nacional de Residência Médica, tornando-a não representativa e refém dos interesses do governo; 5) atuar contra a importação de médicos estrangeiros sem revalidação de seus diplomas; e 6) vistoriar as principais unidades de saúde do país, encaminhando denúncias ao Ministério Público.
Ainda pelo texto das entidades médicas, está disponível no site SOS Saúde (www.sossaude.org.br), onde médicos, profissionais da saúde e a população poderão apresentar denúncias (com relatos, fotos e filmes). “Este será um espaço público para divulgar a situação precária da rede pública em todo o país”, destacou o vereador Ronaldo Moschini, que também médico, com atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Ao final, as entidades declaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como “persona non grata” à sociedade por adotar o que eles qualificam como “medidas eleitoreiras que colocam em risco a saúde dos brasileiros”.
Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Foto: Fabrice Desmonts MTb 22.946