
07 DE ABRIL DE 2014
Conjunto de chácaras na Zona Rural de Piracicaba possui vários problemas
Vereador participou de reunião com 20 moradores na noite de 4 de abril
Há mais de 10 anos, ao adquirirem lotes para a construção de suas chácaras, os moradores da Estância Água Bonita vivenciam uma série de problemas no local, distante aproximadamente 16 quilômetros do Centro de Piracicaba. Na noite da última sexta-feira (4), eles relataram quatro demandas ao vereador José Aparecido Longatto (PSDB).
Com 185 chácaras, a estância é servida apenas por uma linha de ônibus, que circula em dois horários: às 5h30, saindo do bairro sentido TCI (Terminal Central de Integração), e às 16h20, saindo do Terminal São Jorge – distante 12 quilômetros – em direção ao bairro. As outras opções (8h30, 13h10 e 19h10) são as linhas que atendem o bairro Ibitiruna, mas que deixam os moradores na beira do asfalto, o que demanda caminhada a pé até a estância.
“O nosso desejo é que a prefeitura atenda o bairro de hora em hora ou que pelo menos coloque uma linha saindo do Terminal Central no período noturno. Tenho vontade de estudar, mas não posso”, disse a faxineira Maria Severina, 32. Ela também reclama que a linha das 16h20, que chega no bairro às 17h30, retorna ao Terminal São Jorge sem nenhum passageiro.
Sobre a escassez de horários, a doméstica Valderez da Silva, 45, relatou que durante a semana encerra o expediente às 13h, mas permanece no Centro até as 16h20 para pegar o ônibus. Valderez acolheu em sua residência os 20 moradores das chácaras para o encontro com Longatto na última sexta-feira. “O povo não sai do bairro pela falta de ônibus.”
Em consenso com o vereador e com os demais moradores, a sugestão é para que a nova linha opere às 22h30 no Terminal Central, caso seja inviável a conquista de ônibus a cada hora. Longatto apresentará a demanda a Vanderlei Quartarolo, chefe da Divisão de Gerenciamento de Terminais da Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes).
Ainda sobre o transporte público, os pais de alunos reclamaram da falta de monitor no ônibus escolar que segue para a Escola Municipal João Perin, no bairro Nova Suíça. Os 40 estudantes, com idade entre 5 e 7 anos, saem da estância às 10h40 e chegam ao destino somente às 12h15. “O ônibus vai lotado todos os dias. Não consigo entender o por quê de os estudantes mais velhos, com 16 anos, terem monitor e as nossas crianças não”, relatou Maria Severina, mãe de duas crianças. Ela se disse assustada com um episódio recente, envolvendo duas crianças numa confusão. O motorista precisou estacionar o ônibus para intervir na briga e até saiu ferido.
Os moradores também reclamaram da falta de conservação das estradas da estância e solicitaram que Longatto leve o pedido aos órgãos do Executivo. O parlamentar lembrou que as ruas não são oficializadas, por isso a dificuldade de intervenção da prefeitura. Ele explicou que o melhor caminho, ainda, é a formação de uma associação de moradores e depois uma ação coletiva na Justiça contra a imobiliária que vendeu os lotes, considerados hoje clandestinos. A longo prazo, lembrou Longatto, a associação pode ser essencial para que eles obtenham a escritura definitiva dos imóveis.
Até hoje a imobiliária cobra dos moradores R$ 60 mensais. Na descrição do boleto há a menção de que o valor refere-se a itens como taxa de manutenção, fundo de manutenção geral, fundo de inadimplência e tarifa bancária. No valor está incluso o uso de água, que até o mês de fevereiro era de responsabilidade da imobiliária. No entanto, o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) normalizou o abastecimento na estância, a pedido do próprio Longatto, e os moradores também pagam o consumo de água mensalmente ao Executivo. "A situação melhorou bastante. Antes recebíamos água suja, barrosa e, muitas vezes, ficávamos sem tomar banho após o trabalho", detalhou Valderez.
Longatto foi enfático ao defender a mobilização dos moradores na criação da associação. "As pessoas mudam para a estância e ficam escola, creche e posto de saúde. A prefeitura tem dificuldade de criar todos esses instrumentos nos loteamentos, por isso concentra as ações em bairros próximos”, disse Longatto, que irá falar também com a Secretaria Municipal da Educação para receber melhores detalhes sobre a falta de monitores no ônibus escolar que atende as crianças entre 5 e 7 anos.