
27 DE DEZEMBRO DE 2011
Foi publicada na edição desta terça-feira do Diário Oficial do Estado de São Paulo a lei 14.655, que denomina de "Deputado Roque Trevisan" a Faculdade de Tecnologia (...)
Foi publicada na edição desta terça-feira (27) do Diário Oficial do Estado de São Paulo a lei 14.655, que denomina de "Deputado Roque Trevisan" a Faculdade de Tecnologia de Piracicaba, situada no bairro Santa Rosa. O projeto de lei 585/2010, que indicava o nome do ex-político piracicabano para o prédio, foi apresentado em agosto do ano passado pela deputada estadual Ana Perugini (PT), uma vez que bens do Estado, mesmo estando localizados nos municípios, só podem receber nomes sugeridos pela Assembleia Legislativa, e não por vereadores.
Primo do homenageado, o vereador Laércio Trevisan Júnior (PR) destacou a entrada em vigor da lei. "Para mim, é um grande orgulho. O meu avô veio da Itália junto com o pai dele, meus avós e outros cinco irmãos", salientou. Neto dos imigrantes italianos Luiz Trevisan e Luiza Fregonezi Trevisan e filho de João Trevisan e Maria Beccari Trevisan, Roque Trevisan nasceu em Piracicaba. Foi criado na Fazenda Boa Vista, no distrito de Tanquinho, onde viveu com tios e primos.
O homenageado foi deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro e líder dos trabalhadores tecelões do Estado de São Paulo. Defendeu os direitos dos trabalhadores, o ensino público gratuito em todos os níveis, a extinção do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), o levantamento aerofotogramétrico do Estado de São Paulo e a liberdade sindical, entre outras bandeiras sociais.
Em março de 1947, elegeu-se para a primeira legislatura da Assembleia Constituinte do Estado de São Paulo. Juntamente com o então deputado estadual Caio Prado Jr., foi preso e torturado no DOPS por defender causas sociais em prol dos trabalhadores paulistas e outras ações fiscalizadoras contra quem comandava o Regime Militar no país, posicionando-se sempre pela liberdade sindical e de imprensa e na defesa dos trabalhadores.
Ao ser cassado pela ditadura, em ato do presidente Dutra (que extinguiu o PCB no país), refugiou-se na Fazenda Boa Vista, no distrio de Tanquinho. Tempos depois, voltou para a capital paulista, onde continuou sua luta por uma sociedade livre, justa e igual.
Em seus discursos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, reprimia as arbitrariedades da polícia contra representantes do povo, chegando até a pedir a destituição do presidente Dutra por atentar contra a Constituição, o que o levou a ser fichado no DOPS. Roque Trevisan era considerado a voz dos sindicatos no Legislativo paulista.
"Carrancudo, reservado, tenaz. Tem cara de russo, mas é um bom brasileiro. Intransigente nos princípios de sua ideologia, sempre se portou entre nós com discrição, sem clamores espetaculares, guardando elegante conduta", disse-lhe o colega Caio Prado Jr. em 13 de janeiro de 1948, durante o ato de cassação dos deputados estaduais do PCB na Alesp.
São de autoria de Roque Trevisan o projeto de lei que instituiu a Fundação de Pesquisa Científica e a proposta que introduziu na Constituição paulista o artigo 107, que dispõe sobre o ensino gratuito em todos os níveis no Estado de São Paulo. O ex-deputado estadual morreu em São Paulo, em 14 de dezembro de 1978. Deixou uma única filha, Ana Maria Trevisan Pacchioni, que hoje é mãe de duas mulheres e avó de duas meninas.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTOS: Fabrice Desmonts / MTB 22.946 (1) e arquivo pessoal do vereador (2)