Se há uma luz no fim do túnel para os moradores do Jardim Bom Jesus, com certeza ela não vem da CPFL. Quem fixou residência no bairro rural convive com os transtornos das frequentes quedas no fornecimento de energia elétrica há 12, 23 ou 43 anos, dependendo do caso. E o problema parece não ter solução, como observa o autônomo Marcelo Rodrigues de Souza, 42.

"Acaba muito a força, muito. Não é uma, nem são duas vezes; é o tempo inteiro, umas seis vezes por mês. Não precisa nem chover; basta ventar que a força cai fácil. Faz dez anos que estou aqui e sempre foi assim, e só aumentou o número de quedas de uns anos para cá, não diminuiu. Trocaram parte da fiação, pensávamos que iria melhorar, mas não deu em nada."

Para tentar clarear a situação, o vereador Pedro Kawai (PSDB) foi ao bairro, na noite desta terça-feira (13), e, em reunião de quase duas horas com 24 moradores, debateu os caminhos para, junto com a comunidade, cobrar da Companhia Paulista de Força e Luz respostas às principais demandas levantadas.

Os principais problemas enfrentados pelos consumidores dizem respeito às muito frequentes quedas de energia no bairro, à demora para as equipes restabelecerem o fornecimento e à imensa dificuldade de entrar em contato com o serviço de atendimento por telefone oferecido pela empresa.

Kawai apontou possíveis saídas para o caso. A começar pela participação maciça da comunidade e de toda a população que se sente prejudicada na audiência pública que o vereador convocou para esta quarta-feira (14), a partir das 19h, no plenário da Câmara. O objetivo é explicitar as queixas dos consumidores e cobrar da concessionária uma ação efetiva.

Além de dirigentes da CPFL, como o gerente de negócios Fábio de Camargo, devem comparecer ao encontro representantes da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), do Procon, do Ministério Público e das secretarias municipais de Obras e de Defesa do Meio Ambiente.

"Piracicaba hoje passa por um grave problema e, infelizmente, não é uma questão que afeta só este bairro, mas o município em geral. A energia cai e demora para voltar: tem lugar que leva uma hora, tem outros que leva 27 horas, isso em dias normais, sem falar quando ocorrem tempestades, em que a cidade toda é afetada", analisou o parlamentar.

"Por isso, convidamos a CPFL a vir à Câmara para explicar tudo o que está acontecendo. Não é justo o cidadão pagar a conta da energia em dia, cara, com bandeira vermelha, e depois ligar no 0800 e não resolverem o problema. Quero cobrar responsabilidades. Na audiência, eles vão ouvir da população o tipo de atendimento que prestam, não vão ter mais o argumento de falar que "não sabem". Chega de ficarmos calados!", disse Kawai.

A intenção é sair do encontro desta quarta-feira com o compromisso da CPFL de elevar significativamente a qualidade dos serviços oferecidos aos consumidores. Caso não haja uma melhora visível nos próximos dias, os registros feitos em ata eletrônica da audiência pública servirão como base para uma possível ação coletiva contra a concessionária.

"Se a população está sendo prejudicada e não está obtendo retorno, mesmo tentando várias vezes, nós vamos entrar no Ministério Público. Já há bairros se preparando para entrar com ação", comentou o vereador, ao citar o caso de Santos (SP), onde a Prefeitura rompeu o contrato de manutenção da iluminação pública com a companhia em razão do não cumprimento de várias exigências e da lentidão na prestação dos serviços.