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15 DE MARÇO DE 2019

José Mariano faz novas cobranças no resgate ao legado da São Benedito


Detentor da Medalha Zumbi dos Palmares desde o ano passado, o provedor da Irmandade de São Benedito reafirma sua trajetória de luta em prol da Igreja de São Benedito



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução

José Mariano faz novas cobranças no resgate ao legado da São Benedito






O provedor da Irmandade de São Benedito de Piracicaba, que representa Piracicaba no Conselho Nacional das Irmandades de São Benedito, José Mariano (84) voltou a ocupar a tribuna da Câmara, na 11ª reunião ordinária de ontem (14) para levantar problemas referentes à Igreja de São Benedito, rua do Rosário, 801, centro.

"Onde estão os documentos do terreno da igreja? Darei um prazo à Câmara, Diocese e prefeitura, que apresentem o documento, que está sumido. É queima de arquivo. E queima de arquivo é crime. Aqui teve dono desde 1824, mas não tem uma pessoa que fale isso. Vim disposto a falar o nome do ladrão, mas vou segurar. Onde está o livro ata deste lugar? Olhem a situação que está a igreja, está caindo. O processo foi parar na mão do promotor e até agora não foi resolvido. Se esse papel sumiu, não tem conversa. Dai a César o que é de César, e a Deus o que é em Deus", sacramentou o ancião, na sua disposição de luta.

José Mariano destacou a condição do Brasil ser negro, onde o negro veio aqui e derrubou matas. Também agradeceu ao vereador José Marcos Abdala (PRB), em que a Câmara de Piracicaba lhe concedeu a Medalha Zumbi dos Palmares. “Minha luta não é de agora. São 10 anos”, disse Mariano sobre a trajetória de luta em prol da Igreja de São Benedito.

Mariano também defendeu o reconhecimento do Cemitério dos Negros, que ocupava as dependências da praça Tibiriçá, onde está situada a Escola Estadual Moraes Barros, rua do Rosário esquina com a rua Treze de Maio, onde a prefeitura deve erguer um monumento reverencial aos negros que alí estão enterrados. “O que se passa aqui está se passando em São Paulo. O negro tem que ser visto como gente. O negro é marginalizado. Chega, gente! Esse ano faz 131 anos da abolição e somos escravos até hoje. Até quando vai acontecer isso?”, disse.

“Se querem ter sossego, ou mandem me prender ou mandem me matar. Tenho 84 anos e esse é meu propósito. Da próxima vez que eu vier, falarei o nome de quem fez a sujeira na Igreja de São Benedito”, concluiu Mariano.

O presidente da Câmara, Gilmar Rotta (MDB) solicitou que o vereador Marcos Abdalla verifique qual documento é solicitado. Abdala convidou Mariano a visitar o seu gabinete, para verificar a solicitação. “A medalha me deu forças para falar. Antes eu era um Zé Ninguém, agora sou um pouco maior", disse José Mariano. 



Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Imagens de TV:  TV Câmara


Tribuna Popular

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