
28 DE JULHO DE 2011
Instituições com vasto histórico em programas voltados à inserção no mercado de trabalho defenderam, em encontro do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública (...)
Instituições com vasto histórico em programas voltados à inserção no mercado de trabalho defenderam, em encontro do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública com representantes do Sistema S, a difusão das experiências das entidades na formação profissional como meio de afastar os jovens da violência. Os dirigentes do Sesi, Senai, Senac e Sest/Senat também propuseram a extensão dos cursos de capacitação e a adoção da educação em tempo integral e cobraram a instalação de câmeras de vigilância no entorno das escolas, a melhora na iluminação pública e o aumento das rondas de policiamento ostensivo.
As ideias foram expostas durante a reunião do sexto grupo de trabalho temático, realizada na manhã desta quinta-feira (28), no plenário da Câmara. Os vereadores Carlos Alberto Cavalcante, o Carlinhos (PPS), e André Bandeira (PSDB) comandaram as discussões, na condição, respectivamente, de primeiro e segundo secretários da Mesa Diretora. Ambos comentaram sobre a importância que o documento final do Fórum, a ser apresentado no dia 4 de outubro, terá na definição de ações para o combate à violência em Piracicaba.
"Acho importante ouvirmos todos os segmentos vivos de nossa cidade, suas dificuldades e as situações que enfrentam no dia a dia, para que possamos elaborar esse documento com a maior riqueza possível", disse Bandeira. "Se pensarmos que não vai dar em nada, não chegaremos a lugar nenhum. Não podemos perder de vista a questão de segurança em nossa cidade. Por isso, nada mais justo que ouvir todos os segmentos da sociedade para conhecer quais são suas ideias", reforçou Carlinhos.
Quatro representantes de entidades integrantes do Sistema S de Piracicaba estiveram presentes no encontro: Wilson Antonio Rensi, do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Heloisa Sanches, do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte); Marcelo Mazzei, do Sesi (Serviço Social da Indústria); e João Carlos Goia, do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Também acompanharam os debates João José Couto, da Escola Estadual "Profª Avelina Palma Losso" e da Fundação Casa, e os diretores de departamentos da Câmara Fábio Dionisio (Legislativo), Carlos Eduardo Gaiad (Comunicação), Kátia Garcia Mesquita (Administrativo) e Marisa Libardi (TV Câmara).
PROPOSTAS I
Durante as discussões do sexto grupo de trabalho temático do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública, João Carlos Goia, do Senac, comentou sobre o valor da qualificação profissional para o jovem que está entrando no mercado de trabalho e destacou os diversos cursos promovidos pela instituição ligada ao comércio, que abrangem formação continuada, aperfeiçoamento e desenvolvimento socioeconômico, entre outras habilidades. "Minha crença é de que a educação e a colocação no mercado é a primeira e mais eficaz forma de combater a violência", afirmou.
O dirigente do Senac citou a experiência da entidade em programas socioeducacionais na periferia de Piracicaba, que preparam o jovem para o primeiro emprego. Os cursos, explicou Goia, são gratuitos e realizados em parceria com a Semdes (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social). Outro programa promovido pelo Senac foca a capacitação de presos que estão em regime fechado ou ex-detentos.
Já o diretor-geral do Sesi de Piracicaba, Marcelo Mazzei, defendeu a implantação, "cada vez mais rápida", do ensino em tempo integral nas escolas. "O Sesi já pratica essa atividade e temos visto a diferença em nosso alunos", disse o dirigente, citando que, nas duas unidades da entidade em Piracicaba, os alunos entram às 8h e saem às 17h, desenvolvendo, no período, atividades culturais, esportivas e pedagógicas.
Em sua fala, Mazzei também destacou os programas bem-sucedidos do Sesi em Araraquara e nos Bosques do Lenheiro e a parceria firmada com o Senai que permite aos alunos cursarem o ensino médio em uma instituição e o técnico em outra, em tempo integral. Ele ressaltou a necessidade de buscar soluções conjuntas contra a violência. "Só vamos resolver efetivamente esse problema se reunirmos todos os setores da sociedade: o público, o privado e o terceiro setor", salientou.
PROPOSTAS II
Heloisa Sanches, do Sest/Senat, cobrou mais envolvimento dos pais na vida dos filhos. "Se a família não estiver convencida de que tem total responsabilidade e compromisso na educação daquele jovem, como ela vai estimular que ele estude e tenha uma formação profissional?", indagou. A representante das entidades ligadas ao transporte apontou a falta de comprometimento do jovem como um dos maiores desafios que os empregadores enfrentam na hora de contratar mão-de-obra. "Temos muita oferta, mas ainda há uma demanda muito baixa para isso. O jovem precisa saber o que ele está buscando. São muitos os que entram, mas percebemos um índice muito baixo daqueles comprometidos realmente. A própria empresa detecta que muitos não têm interesse", observou Heloisa, que sugere a realização de campanhas para incentivar o jovem a procurar um curso técnico.
A representante do Sest/Senat de Piracicaba também comentou sobre o lançamento, pela entidade, do curso nacional para formação de motoristas, que pretende colocar no mercado 500 novos condutores até 2012. O programa é voltado para o transporte coletivo de passageiros e o de carga. Além deste, outro curso, direcionado a mototaxistas, será aberto em breve, em parceria com o governo paulista. "Como existe uma lei do Detran que exige que o mototaxista tenha um curso, o Sest/Senat vai estar formando as 120 primeiras pessoas em Piracicaba", contou Heloisa.
PROPOSTAS III
Wilson Antonio Rensi, do Senai, destacou que o investimento em capacitação profissional deve caminhar junto com o desenvolvimento pessoal. "O Senai não está só preocupado com a qualificação do aluno, mas com sua formação integral, de como ele interage com a sociedade", afirmou. Para Rensi, embora o conhecimento técnico ajude a pessoa a obter um emprego, é o comportamento do trabalhador que determina se ele conseguirá se manter no cargo que ocupa.
O representante do Senai de Piracicaba destacou ainda os cursos técnicos gratuitos oferecidos pela entidade ––voltados à indústria–– e os programas de qualificação profissional executados em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, inclusive para pessoas com deficiência e internos da Fundação Casa. Rensi também mencionou uma iniciativa do Senai que, em conjunto com os alunos, selecionou comportamentos essenciais para o mercado de trabalho. "Havia valores que estavam se perdendo na qualificação profissional, como pontualidade, assiduidade e comprometimento. Elaboramos, então, um programa de valores educacionais, envolvendo alunos, docentes, familiares e empresários, no qual levantamos os valores que são considerados imprescindíveis", contou Rensi. A lista final foi composta por 10 tópicos a serem mais bem trabalhados entre a instituição e seus alunos e incluía valores como ética, trabalho em equipe e cidadania.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTOS: Davi Negri / MTB 20.499