Mais investimentos na Guarda Civil Municipal e o envolvimento da comunidade em ações de combate à violência foram algumas das principais propostas apresentadas no quinto encontro temático do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública, realizada na manhã desta terça-feira (26), no plenário da Câmara. Nove representantes de entidades de classe compareceram à reunião, que teve à frente dos trabalhos o vereador Carlos Alberto Cavalcante, o Carlinhos (PPS), primeiro secretário da Mesa Diretora.

Carlinhos, que representou o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB), lembrou que as contribuições dadas nos encontros temáticos, depois de aprovadas na plenária de diagnóstico, em 6 de setembro, vão compor o documento final do Fórum, a ser divulgado em 4 de outubro. "Vamos procurar fazer algo por nossa cidade, embora saibamos que nem tudo é colocado em prática. O que não podemos é cruzar os braços. Temos de fazer a nossa parte", disse o vereador.

Participaram do encontro Arnaldo Sorrentino e Edie Brusantin, do Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba; Francisco Pinto Filho, do Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba); André Luiz Lemes, do movimento Pira 21; César Roberto Fortanel, do Sindicato dos Papeleiros de Piracicaba; Carlos Tadeu Furquim, do Rotary Club Povoador; Adalberto Barrichello, do Rotary Club Paulista; Josué Otsuka, do Rotary Club Luiz de Queiroz; e Legardeth Consolmagno, do Lions Clube Centro.

Também acompanharam os debates João José Couto, da Escola Estadual "Profª Avelina Palma Losso" e da Fundação Casa, a assessoria da vereadora Márcia Pacheco (PSDB) e os diretores de departamentos da Câmara Evandro Evangelista (Cerimonial), Fábio Dionisio (Legislativo), Carlos Eduardo Gaiad (Comunicação), Kátia Garcia Mesquita (Administrativo) e Marisa Libardi (TV Câmara).

PROPOSTAS I
O presidente do Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba, Arnaldo Sorrentino, apontou a necessidade de as medidas de segurança focarem os jovens. Ele apresentou duas sugestões: a adoção do "toque de recolher", como ocorre atualmente em Fernandópolis (SP), e a criação do cargo de psicólogo nas escolas municipais. "Temos crianças-problemas em sala de aula, mas os professores não são preparados para identificar isso", afirmou o advogado. De acordo com Sorrentino, as escolas privilegiam o aspecto pedagógico, mas ignoram o acompanhamento psicológico de alunos, familiares, professores e funcionários. "Alguns pais pensam que a escola vai resolver o problema da educação de seu filho", criticou.

Já Carlos Tadeu Furquim, do Rotary Club Povoador, frisou a importância da presença do Estado para a melhora da qualidade de vida da população. "Dentro de nosso lema, as comunidades não são apenas pessoas, mas as famílias. Boas famílias formam bons bairros, que formam boas cidades", observou. Para Furquim, a regeneração dos espaços públicos estimula em quem faz uso deles o sentimento de pertencimento. "A presença do Estado é fundamental para que a comunidade se desenvolva e deve se dar através de bibliotecas, parques (incluindo a manutenção deles), transporte público de qualidade, limpeza das ruas e coleta de lixo", reforçou.

Furquim sugeriu ainda a realização de um seminário em que especialistas orientem sobre a melhor forma de uso dos sistemas de monitoramento por câmeras e a adoção de projetos que incentivem a participação dos jovens nas comunidades, por intermédio das escolas, em áreas como saúde, emprego e meio ambiente. Tal iniciativa, que já é testada com sucesso pelo Rotary Club Povoador, visa desenvolver a liderança entre os jovens, fazê-los prestar auxílio e respeitar o próximo e incluí-los na busca de soluções aos problemas que afetam a região onde vivem.

PROPOSTAS II
Josué Otsuka também citou uma experiência da entidade que representa, o Rotary Club Luiz de Queiroz, como exemplo de programa que tem alcançado êxito para afastar jovens do mundo das drogas. O "Projeto Criança", colocado em prática em Descalvado (SP), inicia crianças de 4 a 14 anos em atividades esportivas, em horários alternativos aos da escola, numa parceria entre o Rotary Club, a Maçonaria, a Prefeitura e empresas locais.

Representando o Lions Clube Centro, Legardeth Consolmagno corroborou as ideias apresentadas pelo quinto grupo de trabalho do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública. Para ele, a ocupação é um dos meios mais eficazes de a criança não se envolver com as drogas. "A ociosidade é a arte do diabo. A criança é ativa e tem que ter condições para usar sua criatividade e capacidade", afirmou Legardeth, que também defendeu a instalação, na cidade, de clinicas de recuperação de dependentes químicos.

PROPOSTAS III
O coordenador de segurança do movimento Pira 21, André Luiz Lemes, apresentou propostas para o fortalecimento do poder de ação da Guarda Civil Municipal. "Com relação às forças que são do Estado, nós não temos uma ascendência efetiva e só podemos propor parcerias ou dar sugestões. Mas, enquanto município, temos uma ascendência efetiva sobre a Guarda Civil", comentou.

Lemes sugere dobrar o número de quilômetros rodados pela corporação, aumentar a quantidade de motos que percorrem os bairros e reforçar o efetivo da GCM para acompanhar o crescimento de Piracicaba. "Com o desenvolvimento da cidade, teremos bônus e ônus. Devemos estar preparados para quando houver ônus mais significativos que os de hoje", alertou o representante do movimento Pira 21, que também cobrou a aplicação de recursos municipais em projetos de prevenção que já estão em andamento, como o Proerd e similares.

O investimento nas forças de segurança que atuam no município também foi defendido por Francisco Pinto Filho, do Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba), que propôs maior interação entre as Polícias Civil e Militar e o Judiciário e a rotatividade, a cada seis meses, das equipes responsáveis por fazer rondas na cidade, para evitar que elas fiquem visadas nas regiões em que circulam.

Francisco ainda propôs a criação de uma comissão que fiscalize a operação da Cemel (Central de Monitoramento Eletrônico), averiguando, por exemplo, se há manutenção permanente dos equipamentos que filmam o movimento nas ruas e nos arredores de prédios públicos da cidade. "As câmeras do "Big Brother" deveriam ser mais bem utilizadas no combate ao crime, porque são um investimento muito grande", disse  o representante do Conespi. "Temos vários casos em que, quando se precisou delas, não havia imagens. Casos em que não foi possível vê-las, mesmo esses locais tendo câmeras", criticou.

AGENDA DO FÓRUM

Encontro com representantes do SISTEMA S
Quem participará: Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae
Quando: 28 de julho, das 9h às 11h
Onde: Plenário da Câmara

Encontro com representantes de ENTIDADES RELIGIOSAS
Quem participará: Igreja Católica, Conselho de Pastores e outras crenças religiosas
Quando: 2 de agosto, das 9h às 11h
Onde: Plenário da Câmara

Encontro com representantes do PODER LEGISLATIVO
Quem participará: Vereadores da atual legislatura e ex-vereadores
Quando: 4 de agosto, das 9h às 11h
Onde: Plenário da Câmara

Plenário de Aprovação do Diagnóstico
O que será: Apreciação das propostas apresentadas por cada grupo de trabalho
Quando: 6 de setembro, às 19h
Onde: Salão nobre da Câmara

Reunião do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública
O que será: Exposição dos resultados à sociedade em geral, em evento que terá palestras de autoridades na área de segurança pública e apresentação de representante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) sobre o trabalho desenvolvido nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), no Rio de Janeiro
Quando: 15 de setembro, das 8h às 13h
Onde: Salão nobre da Câmara

Apresentação do documento final do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública
Quando: 4 de outubro, às 19h30
Onde: Salão nobre da Câmara

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Davi Negri / MTB 20.499