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03 DE DEZEMBRO DE 2007

FALTA DE ATITUDE: A MAIOR DEFICIÊNCIA


Para marcar o Dia Internacional e Municipal das Pessoas com Deficiência, o vereador André Gustavo Bandeira (PSDB) leu o texto abaixo, de sua autoria, na solenidade (...)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução


Para marcar o Dia Internacional e Municipal das Pessoas com Deficiência, o vereador André Gustavo Bandeira (PSDB) leu o texto abaixo, de sua autoria, na solenidade realizada na tarde de hoje, no Salão Nobre da Câmara de Vereadores.

FALTA DE ATITUDE: A MAIOR DEFICIÊNCIA

*André Bandeira

A deficiência em qualquer nível será tema de uma reflexão em todo o mundo nesta segunda-feira, quando se comemora o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência ou dos Portadores de Deficiência como, erradamente, escrevem alguns.

Mais importante que a grafia que se dê para definir aquelas pessoas que tem alguma ou algumas de suas funções comprometidas, é exatamente refletir sobre o papel que a sociedade dita normal tem neste importante trabalho de inclusão social dos deficientes.

Quando se fala em inclusão social não se pode aceitar discursos vazios ou apenas politicamente corretos, porque as palavras, como dizia o poeta, voam com o vento e se perdem no esquecimento, servem apenas para marcar um momento, ou, na maioria das vezes, para iludir os menos informados sobre um tema de fundamental importância.

No Dia Mundial das Pessoas com Deficiência o que se espera é a tomada de decisões, ou seja, de uma atitude efetiva para minimizar o problema daqueles que vivem um dia-a-dia de barreiras, preconceitos, indiferença e discriminação.

É bem verdade que muito se tem feito, mas não é menos verdade que há muito por se fazer porque a inclusão das pessoas com deficiência passa, em muitos casos, pela reorganização das cidades, pela reestruturação arquitetônica de edifícios públicos ou privados, pela adaptação do sistema de transporte coletivo e, especialmente, pela mudança de postura das pessoas.

Já disse em outros artigos que as pessoas com deficiência não precisam de caridade, não querem ser tratadas como incapazes, não aceitam o mesquinho sentimento daqueles que sentem dó, não querem que ninguém as subestimem, mas entendem e até mesmo aceitam os olhares  curiosos daqueles que parecem ter se encontrado com um ser alienígena quando cruzam nas ruas com um deficiente.

A inclusão social se faz através de atitudes concretas e maduras, sem viés político. A inclusão social acontece quando se respeitam as leis existentes e os direitos das pessoas com deficiência. A inclusão social se torna realidade quando a lei de cotas é cumprida pelas empresas não apenas com o pensamento voltado para as exigências legais, mas sim somando-se a ele o entendimento de que essas pessoas produzem tanto ou mais que os trabalhadores normais.

Incluir socialmente uma pessoa com deficiência é dar a ela as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento que as demais recebem.

Incluir é o mesmo que inserir e, num sentido bastante amplo, quando se insere alguém num ambiente social ou de trabalho, significa que essa pessoa é parte integrante e não apenas um adereço.

Incluir socialmente é respeitar a dignidade humana que cada pessoa com deficiência traz consigo.
Incluir socialmente é entender que os locais sinalizados com o símbolo mundial da deficiência devem ser respeitados; que os caixas exclusivos nos bancos não devem ser objeto de oportunismo daqueles que, sendo normais, aumentam suas idades para ganhar tempo; que os caixas exclusivos dos super e hipermercados devem ficar vazios se não houver uma pessoa com deficiência ou idoso para ocupa-lo e que as vagas reservadas de estacionamento não foram criadas por acaso.

A luta pela inclusão social é árdua porque mexe com uma cultura que as pessoas trazem enraizadas há muitos anos. É difícil porque não depende apenas da vontade daqueles que querem um mundo melhor, sem discriminação. Em muitos casos é quase impossível porque as barreiras parecem ser intransponíveis arquitetônica, física e mentalmente falando.

Só quem vive na carne o problema da deficiência, como eu, sabe da real dimensão do problema.
Mas felizmente, outros soldados, heróis anônimos, estão se unindo em torno desse ideal, mesmo sabendo que os resultados virão somente a longo prazo e que, o mundo que sonhamos possa acontecer se as crianças de hoje forem responsavelmente conscientizadas sobre a importância da inclusão social e do respeito aos direitos e às pessoas com deficiência.

Estou e permanecerei nessa batalha porque a inclusão social é a minha bandeira.

*André Bandeira é administrador de empresas, deficiente físico e Vereador
andrebandeira@camarapiracicaba.sp.gov.br

 

Foto: Fabrice Desmonts MTB 22.946



Texto:  Comunicação


Legislativo André Bandeira

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