
30 DE AGOSTO DE 2021
Suelen relatou como funcionava a quarteirização dos serviços da Nutriplus na cidade
Cássio Luiz, presidente da CPI da Merenda
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda da Câmara Municipal de Piracicaba retomou os trabalhos na manhã desta segunda-feira (30) com o depoimento da ex-merendeira Suelen Vieira Bastos, que, nos seus relatos, ajudou no esclarecimento sobre a quarteirização dos serviços que aconteceu no período de 2016-2020, em que a Nutriplus Alimentação era a responsável pelo preparo e distribuição de merenda às escolas municipais e estaduais. Integram a comissão os vereadores Cássio Luiz Barbosa, o Cássio do Fala Pira (PL), presidente; Acácio Godoy (PP), relator; e Paulo Camolesi (PDT), membro. Uma nova reunião, nesta quinta-feira (2), definirá uma agenda para os próximos dias.
Sobre o seu trabalho na empresa, Suelen disse que foram mais de cinco anos, em dois contratos com duas empresas quarteirizadas (Vida Premium e Alimentare), que prestavam serviços à Nutriplus, que retomou neste ano a prestação de serviços por meio de contrato emergencial de 180 dias. Para a ex-merendeira, esse retorno “foi um tapa na cara de todas as ex-merendeiras e da sociedade, porque todos sabem que a empresa está impedida de prestar serviços por cinco anos, sob a acusação de integral um 'cartel' da merenda”.
O relator Acácio Godoy pediu para que Suelen explicasse o seu dia a dia e os problemas que enfrentou a partir da manifestação das merendeiras contra a empresa em janeiro deste ano. Ela relatou que na escola a que prestou serviços mais tempo –a Escola Estadual "Professor Eduir Benedicto Scarppari, no Jardim Alvorada–, a direção era "bastante rígida e atenciosa" com a merenda. Mas também ocorriam problemas, como a falta de algumas mercadorias nas entregas, mais a má qualidade de arroz, feijão, manteiga, legumes e verduras. Por sua experiência e pela exigência da escola, isso não comprometia a qualidade da preparação da merenda.
A partir da manifestação, segundo Suelen, um grupo de merendeiras acabou sendo demitido e, atualmente, nem mesmo com a troca de empresa no primeiro contrato emergencial (Horto Central Marataízes) elas tiveram a chance de participar de uma entrevista. O mesmo ocorreu recentemente com o retorno da Nutriplus. Ela explicou que o recrutamento das merendeiras sempre foi feito pela mesma empresa, e a responsável pelo RH tem sérias divergências. Como não recebeu os seus direitos trabalhistas na rescisão, Suelen está processando a empresa.
O presidente Cássio Luiz quis saber da ex-merendeira sobre a falsificação de assinaturas em notas fiscais. Suelen reafirmou que na sua escola a direção era rígida e não lembra desse problema específico, mas, sim, da falta de produtos nas entregas, que era relatada à direção da "Eduir Scarpari", à fiscal e à nutricionista por meio de relatório. Ela lembra que, às vezes, os produtos eram repostos, mas isso demorava um pouco.
Suelen ainda afirmou à CPI que, por sua liderança, tem recebido neste ano muitos relatos e fotos em seus Whatsapp dos problemas que estão ocorrendo nas escolas: merendeiras sem uniformes e trabalhando de chinelo; pais ou diretoras fazendo a merenda das crianças; dispensa de alunos por falta de merenda; arroz e carne mal cozidos etc. Ela assumiu o compromisso de passar essas fotos para a comissão.
O membro Paulo Camolesi pediu informações sobre o treinamento de segurança e o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). Suelen afirmou que a empresa só fazia o treinamento de como preparar a merenda e que fornecia os EPIs, mas às vezes a substituição demorava um pouco. Camolesi questionou sobre os contratos da ex-merendeira. Suelen explicou que, nos cinco anos em que permaneceu na Nutriplus, passou por duas empresas, sem rescisão. Houve apenas a troca de CNPJ na sua carteira profissional.
PRÓXIMAS AÇÕES - Cássio Luiz falou que a CPI da Merenda quer colher os depoimentos dos diretores das empresas que prestaram serviços à Nutriplus ("quarteirização"). Mas, como tem havido uma certa dificuldade, a CPI vai fazer essas convocações por via judicial. Depois disso, a CPI quer ouvir a direção da Nutriplus.