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18 DE AGOSTO DE 2021

Escola deve ser para todos, não para tolos, defende educadora


Anna Maria Padilha debateu abordagem de ensino para crianças e adolescentes com deficiência na Escola do Legislativo.



EM PIRACICABA (SP)  

Palestra foi ministrada pela educadora Anna Maria Padilha na Escola do Legislativo

Palestra foi ministrada pela educadora Anna Maria Padilha na Escola do Legislativo

Palestra foi ministrada pela educadora Anna Maria Padilha na Escola do Legislativo

Palestra foi ministrada pela educadora Anna Maria Padilha na Escola do Legislativo
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Palestra foi ministrada pela educadora Anna Maria Padilha na Escola do Legislativo





Em posição contrária ao recente posicionamento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que crianças e adolescentes com deficiência “atrapalham” a formação de outros estudantes, a educadora Anna Maria Padilha defende que a escola busque as potencialidades de formação de alunos Público Alvo da Educação Especial Inclusiva (PAEEI), não se atendo apenas à caracterização negativa. “Escola deve ser para todos, não para tolos”, afirmou Anna Maria, citando Lev Vigotski. 

Graduada em Pedagogia, doutora em Educação, Anna Maria ministrou, na tarde desta quarta-feira (18), a palestra “Deficiência intelectual: novos modos de olhar e de agir” na Escola do Legislativo “Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon”, da Câmara Municipal de Piracicaba. 

Dentro da perspectiva da psicologia histórico-cultural – concepção de desenvolvimento e aprendizagem formulado pelo russo Lev Vigotski, no início do Século XX –, a professora defende que caracterização negativa, em virtude de algum tipo de deficiência, não deve esgotar “em absoluto” o sistema de avaliação dos alunos. Importante é apontar as peculiaridades positivas da criança e do adolescente. 

“Nós temos o nascimento biológico, depois nascemos como seres culturais, dependentes da solidariedade dos adultos que já interpretaram esse mundo e vão transmitir esse conhecimento”, detalha, ao destacar que este processo mediado de aprendizado acontece com qualquer ser humano, seja ele com ou sem deficiência. 

“Há estreita relação entre estruturas cerebrais com a multiplicação das conexões e a constituição das funções culturais, que são propriamente humanas”, explica. “O papel da educação é promover o desenvolvimento das funções culturais, que são funções superiores, que vão além das funções elementares que são apenas biológicas”, acrescenta. 

A educadora lembra que a Escola tem papel que vai além do cotidiano dos estudantes e, no caso de alunos com deficiência, é importante levar em consideração algumas premissas, como não tratar todos como tendo as mesmas limitações, além de escolher, com clareza, qual a concepção que será adotada nas práticas pedagógicas.

“Por isso é importante uma escola que assuma uma concepção que crie possibilidades de desenvolvimento, lutando contra as limitações sociais, eliminando barreiras físicas, educacionais, de atitudes, enfim, que possibilite o ensino”, destaca. 

Essa avaliação supõe, afirma Anna Maria, análise de relações, do adulto-criança, da criança com outras crianças, do adulto com jovem, do jovem com outros jovens, da criança e do jovem com o conhecimento. Ao citar Vigotski, ela defende que fazer uma composição homogênea de um coletivo apenas de crianças com deficiência é um falso ideal pedagógico.

Ainda baseada no pesquisador russo, a educadora acrescenta que os alunos devem ser introduzidos aos objetivos gerais do ensino por caminhos diferentes. “Precisa de caminhos diferentes para os mesmos objetivos”, avalia.

Anna Maria lembrou que as principais dificuldades de aprendizado da criança com deficiência é o desenvolvimento do pensamento abstrato e o domínio da vontade, “e é justamente aí que a escola tem que atuar, ela deve lutar contra esse atraso, porque ela tem um problema ali”, disse, ao propor atividades que busquem elementos “pré-históricos” da aprendizagem, como o desenho, o faz-de-conta, linguagem oral, imaginação, comparação, “elementos que saem do concreto”, acrescenta. 

Sem negar o desafio em torno da qualidade da escola e das aptidões dos educadores, Anna Maria defendeu que “uma escola desenvolvente” é resultado de uma formação que nutra trabalho coletivo do Estado, do município e da escola, além de trabalho contínuo de formação. “Exige estudo, pesquisa, planejamento e currículo, se não, a gente não pensa sistematicamente nesta política de educação”, declarou. 

A palestra foi transmitida na plataforma Zoom e no canal do Youtube da Escola do Legislativo – onde o conteúdo está disponível na íntegra – somando cerca de 120 participantes de diversas partes do País.  “É um assunto de suma importância e temos uma profissional muito qualificada aqui para levar um conteúdo tão necessário para discussão”, disse, na abertura da palestra, o vereador e coordenador da Escola do Legislativo, Pedro Kawai (PSDB).



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Educação Escola do Legislativo Pedro Kawai

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