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07 DE OUTUBRO DE 2021

"Criança com deficiência também se desenvolve brincando"


A importância do brincar, em especial para crianças com algum tipo de deficiência, foi o tema de palestra oferecida pela Escola do Legislativo na tarde desta quinta (7)



EM PIRACICABA (SP)  

A palestra desta quinta-feira (7) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein

A palestra desta quinta-feira (7) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein

A palestra desta quinta-feira (7), ministrada por Bia Turetta (acima) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein (acima)

A palestra desta quinta-feira (7), ministrada por Bia Turetta (acima) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein (acima)

Sílvia Morales, diretora da Escola do Legislativo

Sílvia Morales, diretora da Escola do Legislativo

A palestra desta quinta-feira (7) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein

A palestra desta quinta-feira (7) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein
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A palestra desta quinta-feira (7) contou com tradução simultânea em Libras, realizada pelo intérprete Thiago Laubstein





O brincar como instrumento central no desenvolvimento humano foi o mote da palestra ministrada de forma on-line na Escola do Legislativo pela doutora em educação e representante do Grupo Libras Piracicaba e Região, Beatriz Aparecida dos Reis Turetta, a Bia Turetta, na tarde desta quinta (7).

A palestra foi aberta pela vereadora Sílvia Morales (PV) do Mandato Coletivo "A Cidade é Sua", atual diretora da Escola, que destacou a importância do tema para a criação de uma sociedade mais inclusiva e justa. 

A centralidade do brincar -  Em sua fala inicial, Bia Turetta trouxe que "é na relação com o outro que nos tornamos humanos" e, assim, as brincadeiras tornam-se o loco ideal não apenas para o desenvolvimento motor, mas principalmente para o desenvolvimento psíquico e cultural de todas as crianças.

Segundo a educadora, é no brincar que a criança desloca-se do concreto e adentra no imaginário, no simbólico. É também por meio do brincar que a língua, suas significações e todo um vasto repertório linguístico e cultural são a ela apresentados. 

Daí a importância de que as brincadeiras tenham a participação de membros mais velhos da sociedade, sejam de crianças de maior idade ou mesmo adultos, que, de alguma forma, apresentem e criem situações favoráveis à transmissão da herança cultural e simbólico de determinada sociedade a seus membros mais novos.

Além do aprendizado e da transmissão dessa herança cultural, é também por meio das brincadeiras que as crianças podem ressignificar suas experiências passadas, muitas delas potencialmente traumáticas - como ir a um dentista ou tomar um remédio amargo, por exemplo-, e reconstrui-las de tal forma que não mais as remetam a essas situações indesejáveis.  

O brincar para crianças com deficiência - Se a máxima de que "é no brincar que nos formamos" vale para qualquer criança, no caso das que possuem algum tipo de deficiência, ela torna-se ainda mais pronunciada. 

De acordo com Bia Turetta, é por meio dos estímulos lúdicos que a criança com deficiência aprende a ter contato consigo própria e com outros indivíduos, seja de forma sensível, seja de forma simbólica, possibilitando um desenvolvimento ainda mais pleno. 

Cada tipo de deficiência, no entanto, demanda uma abordagem específica. "Só muda o caminho, a forma como a criança deve ser estimulada, mas a importância do brincar é a mesma", ressalta a educador.

"No caso das crianças surdas, como o comprometimento envolve a audição, devemos prover mais estímulos visuais, promover os recursos da visualidade", diz.

Além disso, o ensino desde cedo da Libras - Língua Brasileira de Sinais, é também por ela apontado como um mecanismo capaz de fortalecer ainda mais os processos de desenvolvimento cognitivo das crianças não ouvintes, já que, por ser uma língua assim qualquer outra, ela é estruturante, constituinte de nossas estruturas mentais, já que é por meio da língua que pensamos e que conseguimos nos comunicar.

Bia cita, no entanto, que muitas famílias têm receio de ensinar a Libras desde cedo para as crianças, fato por ela creditado como sendo fruto do desconhecimento: "A Libras é uma língua como qualquer outra, e o seu aprendizado não interfere em nada no aprendizado de outras línguas. Alguém pensaria em proibir seu filho de aprender o inglês por supostamente ele atrapalhar o aprendizado do português?", problematiza a educadora.

Em crianças cegas, segundo ela, a abordagem lúdica deve privilegiar, por exemplo, o tato e a audição, mostrando a diferença entre os objetos e criando brincadeiras que permitam à criança não apenas conhecer o mundo tátil, mas também simboliza-lo, assim como qualquer outra criança. 

No caso de crianças com deficiência física, "o que muda é acessibilidade", mas o investimento em estímulos e atenção é o mesmo.

Em relação às crianças autistas, muitas vezes apontadas como fechadas em si próprias, Bia defende uma abordagem em que o adulto invista ainda mais tempo e atenção nas brincadeiras, que dedique-se a mostrar a brincadeira - mesmo que sozinho num primeiro momento - até que a criança se interesse por ela: "Coloque, por exemplo, um boneco do lado, chame a atenção dela. Quando você perceber, ela vai estar brincando também. Ela precisa de investimento, e é nesse lugar que vamos investir, é nas relação sociais que a criança se desenvolve".     

"Lutem pela igualdade sempre que as diferenças discriminarem alguém, e lutem pela diferença sempre que a igualdade descaracterizar essa pessoa. Todos temos o direito de sermos iguais e diferentes dos outros. Temos que entender que são as nossas relações sociais e nossas possibilidade de significação que vão permitir que as futuras gerações sejam melhores do que nós hoje", concluiu Bia Turetta.

A palestra completa pode ser acessa pela página do YouTube da Escola do Legislativo.  



Texto:  Fabio de Lima Alvarez - MTB 88.212
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Escola do Legislativo Silvia Maria Morales

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