Nos anos 1980 o Brasil e o mundo viveram a explosão da epidemia de Aids. Pior do que as mortes causadas pela infecção, o preconceito foi a principal barreira na criação de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida. Se alguém personaliza esta batalha em Piracicaba, a assistente social Leda Maria Malosá Morão é a protagonista da criação do Centro de Doenças Infectocontagiosas (Cedic) na cidade e o desenvolvimento de uma estrutura que, se não cura a Aids, oferece aos pacientes não apenas uma sobrevida, mas, e sobretudo, qualidade de vida e inserção social.

O tom emotivo da reunião solene da noite desta quinta-feira, 4, no salão nobre “Helly de Campos Melges”, durante a entrega da Medalha de Mérito Legislativo a Leda Maria – recém-aposentada e que deixa como legado uma política modelo de atendimento a estes pacientes –, demonstra como a homenageada não é apenas uma profissional respeitada, mas uma mãe, uma avó e uma esposa batalhadora, responsável por educar as filhas Luciana e Lucila, “quando muitas vezes sacrificou-se para nos atender”, disse Lucila.

De autoria do vereador João Manoel dos Santos (PTB), a solenidade contou com a presença do vereador Capitão Gomes (PP), que recebeu, publicamente, agradecimento da homenageada “por ter sido companheiro em momentos muito difíceis da construção do Cedic”, disse Leda em seu discurso. A secretária municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), Eliete Secamilli, representou o prefeito Gabriel Ferrato, e a solenidade ainda contou com a participação de Maíra Negri, presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, e a presidente do Siemaco, Renata Aguiar Souza.

João Manoel dos Santos destacou a capacidade de Leda em seguir o mandamento de “amar ao próximo como a ti mesmo”, essência da mensagem da cristã, “e ela sempre soube ser assim, principalmente por atuar numa área em que o preconceito foi uma grande barreira. “Me lembro que nos anos 1980 ninguém sabia o que Aids e isso era muito assustador, mas a Leda teve esta sensibilidade de ver de outra maneira”, disse João Manoel, que relatou caso de um professor que morreu logo após ser infectado, “e que viveu bastante distante do convívio social por conta deste preconceito”.

Em seu discurso, Leda – que foi ao evento acompanhada pelo marido Fernando Cezar Mourão – agradeceu diversas pessoas, desde alguns profissionais que ainda atuam na rede municipal de Saúde, como Moisés Taglieta, presente no evento, como o ex-vice-prefeito e já falecido, Alexandre Alves, por tê-la ajudado com o encaminhamento de pacientes. “Eu era muito nova com pouca experiência e fui aprendendo a cuidar dos pacientes com Aids através de conversas, perguntando a eles como gostaria de ser tratados e medicados”, disse ela sobre sua experiência.

A solenidade também contou com atrações artísticas, como o Coral Vozes da Esperança da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a cantora Mena Lopes e a dançarina Barbara Modesto, além de homenagens dos funcionários do Cedicricardo Tadeu Manoel e Alexandre Piscaro Rodrigues.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Fabrice Desmonts MTb 22.946