PIRACICABA, SEGUNDA-FEIRA, 29 DE ABRIL DE 2024
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04 DE FEVEREIRO DE 2022

Correspondência à Câmara denota primórdios do racismo estrutural local


Na Piracicaba de 1882 o pedido do comerciante Antônio José era para mais iluminação onde escravos e outras pessoas de baixa qualidade promoviam "algazarras", em público



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Arquivo Histórico da Câmara (1 de 15) Salvar imagem em alta resolução

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Tida como uma das primeiras cidades brasileiras a ter luz elétrica, seguida por Campos dos Goytacazes, segunda maior cidade do Estado do Rio de Janeiro, depois da Capital, fatos observados na então Piracicaba do século 19, demonstram o quanto o racismo estrutural já permeava nas relações humanas, especialmente em setores dominantes da sociedade, em plena época do Brasil Imperial, no ápice do sistema escravagista, tendo como principal foco o elemento negro, no aprisionamento de africanos livres que foram escravizados pelo mundo, sob o jugo de pesados grilhões e chicotes, em mão de obra a que as cidades recorreram para iniciar suas formações.

Na série Achados do Arquivo, desta sexta-feira (4) a reflexão é sobre aglomerações que se verificavam em Piracicaba, ao longo do ribeirão Itapeva, atualmente canalizado, sob a avenida Armando de Salles Oliveira, região central da cidade, especialmente no entroncamento com a rua Moraes Barros, que na época era denominada de rua Direita.

CARTA - em 21 de julho de 1882, conforme correspondência encaminhada à Câmara Municipal de Piracicaba, assinada por Antônio José da Costa Azevedo, que era proprietário de um armazém, localizado na rua Direita, próximo à ponte do Itapeva, no qual o comerciante protestava contra "algazarras imorais", junto a um chafariz, nas proximidades de seu estabelecimento. O pedido era para colocação, por conta da municipalidade, de "mais um combustor, igual aos que iluminavam a cidade", para que não mais houvessem as "aglomerações de escravos e outras pessoas de baixa qualidade", relatou.

Observa-se que o documento, por um lado demonstra como a iluminação já era considerada no final do século XIX, numa questão de segurança pública e, por outro lado, demonstra o tratamento desumanizado aplicado a escravos e outras pessoas marginalizadas pela sociedade da época.

Iluminação

Foi Luiz Vicente de Souza Queiroz – idealizador da Escola Agrícola Prática de Piracicaba, inaugurada em 1901, que se tornaria a Esalq (Escola Superior de Agricultura – USP), que também teve participação direta em marcos referenciais como o abastecimento de água encanada e a implantação da telefonia em Piracicaba, quem trouxe a energia elétrica para a cidade, respaldado pelas descobertas da lâmpada incandescente por Thomas Alva Edison (1879), o que foi fundamental na decisão de trocar o lampião de gás pela iluminação elétrica na cidade, no dia 6 de setembro de 1893. E, do invento de Graham Bell, que repercutiu localmente no dia 22 de novembro de 1882, na implantação do sistema de telefonia.

Assim, Piracicaba tornava-se a segunda cidade brasileira, fora as capitais, a ter iluminação elétrica. A primeira foi Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em 1883. Quatro anos depois, em 1887, Porto Alegre (RS) se tornou a primeira capital brasileira, a contar com um sistema de iluminação pública elétrica, seguida por São Paulo, em 1889.

A implantação de energia elétrica no Brasil Imperial ocorreu na era de Dom Pedro II, no ano 1883. Com uma termoelétrica a vapor, a primeira cidade que recebeu o serviço foi Campos de Goytacazes, localizada no norte do Rio de Janeiro. Por ter sido uma cidade de grande importância, e também de conter uma usina termoelétrica, a cidade também foi a primeira a receber energia elétrica na América Latina. No período colonial, a cidade foi referência econômica e política para o Brasil. O município de Campos também teve relevância para o movimento abolicionista no país.

A usina termoelétrica de Campos era a vapor, e com a potência de 52kw, fornecia energia para 39 lâmpadas de duas mil velas cada. Além de ter sido o primeiro município a receber iluminação pública, Goytacazes foi um dos primeiros municípios a embarcar voluntários para a guerra do Paraguai, em 1865.

Iluminação noturna

Antes e após a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, os indígenas já utilizavam a luz do fogo (fogueiras) e a claridade da lua como forma de iluminar suas noites. Não há registro de outra forma de iluminação usada na época. Os portugueses trouxeram consigo as formas de iluminação utilizadas na Europa, como a lamparina à base de óleos vegetais ou animal. O óleo de oliva era um dos mais utilizados, mas era fabricado somente na Europa, por isso tinha altos custos, somente uma elite nobre o utilizava.

Com o alto custo do óleo de oliva, rapidamente ele foi substituído por outros óleos fabricados no Brasil, como o óleo de coco e o de mamona. Posteriormente, foram produzidos os óleos derivados de gordura animal (principalmente peixes) e fabricadas velas feitas de gorduras e de cera de abelha (produtos que não eram utilizados nas residências da população pobre), em razão do alto preço.

Até o século XVIII, não existia iluminação pública – nos momentos de festas e comemorações, a população iluminava as fachadas das casas com as velas feitas de sebo e gordura. No século XIX, algumas cidades brasileiras passaram a ser iluminadas com lâmpadas de óleo de baleia. Na cidade do Rio de Janeiro, a iluminação pública à base de óleos vegetais e animais foi implantada no ano de 1794.

Em São Paulo, a utilização de óleos como iluminação pública chegou somente no ano de 1830. Eram necessários funcionários que acendessem diariamente as luzes nas ruas das cidades. No ano de 1854, São Paulo foi a primeira cidade brasileira a implantar a iluminação a gás – esse serviço ficou na cidade até meados de 1936, quando foram apagados os derradeiros lampiões.

A cidade de Campos, no Rio de Janeiro, foi a primeira cidade a ter luz elétrica nas ruas, em virtude da presença de uma usina termoelétrica, desde 1883. Rio Claro, em São Paulo, foi a segunda cidade a ter luz elétrica nas ruas, também em razão da presença de uma termoelétrica. A cidade do Rio de Janeiro somente implantou o serviço de luz elétrica nas ruas no ano de 1904; e São Paulo, no ano posterior, em 1905.

Outras cidades, como Juiz de Fora, Curitiba, Maceió, entre outras, implantaram o serviço de iluminação pública elétrica bem antes que o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas a implantação da luz elétrica nas ruas não substituiu totalmente os lampiões a gás – estes foram sendo substituídos aos poucos, convivendo ao mesmo tempo nas cidades a luz elétrica e os lampiões a gás, possibilitando a modernização junto com o antigo.

A iluminação pública foi importantíssima para as cidades, em virtude da urbanização e dos problemas gerados por esse crescimento, como a falta de infraestrutura nas cidades, a exemplo de esgoto e água tratada. Atualmente, a falta de iluminação pública nas ruas contribui bastante para a prática de crimes, agravando os problemas de segurança ao cidadão.

Lampião

O lampião mais antigo de que se tem notícia era feito à base de argila. Posteriormente de metal, iluminado por vela ou querosene. Com o passar dos anos e várias tentativas, descobriu-se que ele poderia ser aceso por gás; pois até então era usado óleo de gordura animal. A chama do fogo, produzida por óleo, querosene ou gás, ficava protegida por um tubo de vidro; que garantia a circulação do ar dentro do tubo, fazendo a chama ficar mais brilhante e com maior poder de iluminação.

O lampião era um artefato para pessoas mais abastadas e fazia parte da iluminação das pequenas vilas; que se transformaram em grandes cidades ou metrópoles. A ruas de Londres, por exemplo, foram iluminadas primeiramente por lampiões. No Brasil, por volta de 1851, o Barão de Mauá iniciou a iluminação das ruas das pequenas vilas e cidades brasileiras com lampiões. Ainda é muito comum em cidades históricas acharmos resquícios de lampiões em seus centros históricos; que preservam sua origem e história. Nas roças brasileiras os lampiões eram artefatos para famílias mais abastadas e ficavam restritos às grandes fazendas ou grandes engenhos.

PIRACICABA - a primeira iluminação pública de Piracicaba foi com lampião de querosene. A inauguração deu-se no dia 14 de fevereiro de 1874. Os primeiros postes se localizavam nas esquinas do centro da cidade e um funcionário era responsável por colocar o combustível e acender os pavios. A iluminação ia até as 22h. Um ano antes, em 23 de fevereiro de 1873, o vereador Eulálio da Costa Carvalho pedira, ao Governo Provincial, que cedesse 50 dos lampiões que serviam à iluminação da cidade de São Paulo.

ACHADOS DO ARQUIVO - a série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de parte do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligados ao Departamento Administrativo, criada pelo setor de Documentação, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, com publicações no site da Câmara, às sextas-feiras, como forma de tornar acessível ao público as informações do acervo da Casa de Leis.



Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Revisão:  Martim Vieira - MTB 21.939




Achados do Arquivo Documentação

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