
13 DE MAIO DE 2014
Câmara reverencia a memória de ex-servidora municipal, que se notabilizou em lutas em prol da comunidade negra
Madalena fala ao lado do prefeito Gabriel Ferrato e da presidente do Centro de Documentação, Ana Braz, seguida pela secretária de Ação Cultural, Rosângela Camolese, de Rafael Camargo, filho de Eva Iltes, além dos vereadores Pedro Kawai e José Antonio Fernandes Paiva, com as filhas Helena e Antonella
A vereadora Madalena (PSDB) integrou o rol de autoridades municipais na noite desta terça-feira (13), às 19h, em ato de descerramento de placa para denominação do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba, por intermédio do projeto de lei 335/2013, de sua autoria, que reverencia a memória de Eva Iltez Camargo.
Políticos, autoridades, representantes de entidades, familiares e amigos da reverenciada acompanharam o ato solene realizado nas dependências do Centro, na rua Luiz de Queiroz, 1022, com o direito ao fechamento da rua para comportar a apresentação cultural de grupo de capoeira, hip hop e dança de maracatu.
Os vereadores Pedro Kawai (PSDB) e José Antonio Fernandes Paiva (PT) participaram do evento. O presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB), e a vereadora Márcia Pacheco (PSDB) enviaram assessores para representá-los. Já o vereador André Bandeira (PSDB) enviou justificativa de ausência.
Presidente do Centro de Documentação, Política e Cultura Negra, Ana Lúcia Braz abriu o ciclo de discursos da noite para registrar a satisfação de falar do legado de Eva Iltez. Também leu trecho de letra de uma música que compôs especialmente para enfatizar o espírito guerreiro da ex-militante em lutas pela comunidade negra.
A secretária municipal da Ação Cultural, Rosângela Camolese, considerou o caráter festivo da noite em que se reverenciou a memória de uma servidora exemplar. Também ressaltou o caráter simbólico pela passagem do Dia 13 de Maio, com referência à libertação dos escravos. Camolese comentou sobre os sete anos de convivência com Eva, quando a servidora ocupou a direção da Casa do Povoador, além de acentuar a garra, a generosidade e o espírito de luta que a ex-militante sempre se dispôs em defesa do povo.
A vereadora Madalena enfatizou a importância do projeto de denominação e discorreu um pouco sobre o seu envolvimento com a família de Eva Iltez, quando se juntava com a mãe dela para reforçar a ala das baianas, na Escola de Samba Portela.
Rafael Camargo falou em nome da família e fez a leitura de um breve relato da trajetória de vida de sua mãe, que deixou um legado exemplar, de garra e determinação e, na lição deixada de que todos somos uma grande família.
O prefeito municipal Gabriel Ferrato (PSDB) também considerou o dia simbólico do 13 de Maio, lembrando que no Brasil houve uma libertação entre aspas, o que mostra que ainda temos muito o que lutar para de fato falarmos em igualdade de direitos. "Há que se fazer uma luta permanente. Só a igualdade garante a fraternidade", disse o prefeito, lembrando que cabe a cada um fazer a sua parte.
DISQUE RACISMO
Ferrato também ressaltou a trajetória de luta de Eva Iltez por mudanças sociais. E aproveitou a oportunidade para anunciar o lançamento do Disque Racismo, como fruto da 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial, promovida pela prefeitura, em parceria com o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba (Conepir).
Assim, por meio da secretaria de Governo, a prefeitura disponibiliza o telefone SIP 156 para as pessoas denunciar crimes de racismo. O serviço funcionará de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. As denúncias serão encaminhadas à secretaria que imediatamente repassará ao Conepir.
O Disque Racismo, como relata o presidente do Conepir, Adney Araújo de Abreu, "é mais uma das ações afirmativas discutidas no ano passado e que agora torna-se realidade".
HISTÓRICO
Eva Iltez Aparecido Luiz Camargo nasceu e faleceu em Piracicaba, foi funcionária pública municipal por mais de 20 anos, iniciando sua carreira no serviço público em 1986 como monitora do Centro Educacional e Creche. No início da década de 90, Eva foi convidada pelo prefeito Mendes Thame para ser secretária do Conselho do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra, onde ocupou a presidência por três mandatos.
Com seu jeito dinâmico e participativo, Eva se encontrou na secretaria de Ação Cultural. Ao longo de sua carreira profissional foi colaboradora na Biblioteca Municipal, no Teatro Municipal Dr. Losso Neto, no Engenho e de 2005 a fevereiro de 2013 atuou como coordenadora da Casa do Povoador. A partir desta data, tornou-se diretora da Casa do Povoador, cargo que até então era ocupado pelo diretor da Pinacoteca, que respondia pelo local.
Com a criação do cargo de diretora, o local deixou de ser um setor da Pinacoteca, para se tornar um novo departamento da Secretaria de Ação Cultural. Sua morte deixou as lembranças do profissionalismo, integridade e amor com que cuidou da Casa do Povoador e de todo lugar por onde passou.
Eva sempre deixava saudades por onde passava, fosse por sua alegria, ou por sua enérgica maneira de conduzir os trabalhos, sempre com muita deteminação e transparência.
Texto e Fotos: Martim Vieira MTB 21.939