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08 DE FEVEREIRO DE 2013

Capitão Gomes pede a Dilma maior uso do bagaço de cana como fonte geradora de energia


O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), está apelando à presidente Dilma Rousseff (PT) para que o governo federal favoreça a utilização do bagaço da (...)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Emerson Pigosso - MTB 36.356 Salvar imagem em alta resolução


O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), está apelando à presidente Dilma Rousseff (PT) para que o governo federal favoreça a utilização do bagaço da cana de açúcar como fonte geradora de energia. Ele pede que, "nos futuros leilões, novas diretrizes sejam inseridas nos editais, segmentando as disputas por fonte de energia e por regiões".

Na moção de apelo 8/2013, aprovada em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (7), Capitão Gomes diz acreditar que a mudança vai "certamente favorecer a geração de emprego e renda, privilegiando as vocações regionais e respeitando o meio ambiente". O comentário toma como base a reportagem "Itaipu verde não engrena e perde espaço", publicada no último dia 26 pela "Folha de S.Paulo" no caderno "Mercado".

"A matéria é esclarecedora e preocupante, merecendo por parte de vossa excelência" ––diz Capitão Gomes, dirigindo-se à presidente–– "uma atenção especial, já que o uso do bagaço de cana como fonte energética tem potencial para gerar, em 2021, volume equivalente ao da hidrelétrica de Itaipu. No entanto, infelizmente quase a totalidade dessa biomassa vem sendo desconsiderada no país."

Tendo como referência a reportagem da "Folha de S.Paulo", Capitão Gomes expõe um amplo relato da situação:

"Após forte crescimento entre os anos de 2006 e 2008, a venda de energia de biomassa despencou a partir de 2009 e, em 2012, nem sequer 1 MW foi comercializado nos leilões do governo, havendo apenas a entrega de energia vendida em anos anteriores. Em 2012, seria possível ofertar 5 mil MW médios com o bagaço de cana, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Entretanto, apenas 26 por cento do total ––ou seja, 1.300 MW médios–– foram entregues ao sistema. Como se observa, atualmente o potencial do setor sucroalcooleiro está sendo subaproveitado e deverá ter uma perda ainda maior no futuro, já que, se nada for feito para mudar esse panorama, em 2021 o Brasil terá potencial para gerar 10 mil MW médios com o bagaço da cana, mas serão vendidos apenas 2 mil MW ––ou seja, 20 por cento do total.

Segundo a Única, entidade que representa os usineiros, se for usada também a palha da cana como biomassa, o potencial de geração sobe para 15 mil MW médios e o aproveitamento cai para 13 por cento. É interessante observar que, para facilitar a colheita manual da cana, a palha queimada na lavoura sempre foi motivo de preocupação em virtude da poluição do ar com reflexos diretos na saúde e na qualidade de vida da população. Atualmente, essa prática arcaica, e medieval vem sendo substituída pela colheita mecânica. A palha, antes vilã e desprezada, hoje é usada como uma rica matéria prima, que, adicionada ao bagaço, aumenta consideravelmente a geração de energia.

Infelizmente, a projeção da EPE reflete a ausência dessa fonte de energia nos últimos leilões e a queda no nível dos investimentos. Isso pode ser comprovado pelos desembolsos do BNDES para projetos de cogeração, que caíram 18 por cento em 2012 em relação a 2011, quando já haviam amargado a queda de 41 por cento. Segundo o BNDES, o preço "pouco atrativo" da energia nos leilões "esfriou" o interesse dos empresários.

E isso se deve ao elevado ganho de competitividade da energia eólica ––com a invasão de grupos estrangeiros, a oferta de equipamentos a preços mais baixos e avanços tecnológicos––, que expulsou a biomassa dos leilões.

No último leilão, realizado em dezembro de 2012, 10 dos 12 projetos contratados eram de energia eólica, que ofereceram preço médio de R$ 87,94 por MWh (megawatt-hora) ––imbatível para a biomassa que, em 2011, último leilão em que saiu vencedora o valor médio foi de R$ 101 o MWh.

Além disso, a conjuntura do setor sucroalcooleiro também contribuiu para o abandono dos projetos de biomassa. Segundo Luiz Gustavo Correa, sócio da consultoria FG/Agro, nos últimos três anos os investimentos foram destinados à recuperação dos canaviais para aumentar a produção agrícola e ocupar a capacidade ociosa da indústria. Para Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Única, a saída é mudar as diretrizes dos leilões para que mais fontes, além do vento, retomem a competitividade.

Na opinião dele, com a qual concordamos, as disputas devem ser segmentadas por fonte ou região. Como a fonte de 90 por cento da oferta de cana está no Sudeste e no Centro-Oeste (que respondem por 60 por cento da demanda de energia no país), a biomassa seria mais competitiva nessas regiões, pois eliminaria boa parte dos custos com a construção de linhas de transmissão para levar a energia ao principal centro consumidor."

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Emerson Pigosso / MTB 36.356



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Legislativo Carlos Gomes da Silva

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