Israel Formigone enfrenta um drama ––dentre os muitos que marcam sua vida. Aposentado por invalidez, o ex-vigilante, de 46 anos, não consegue vaga no Elevar por conta da renda familiar, acima de um salário mínimo por pessoa ––teto usado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social para definir os cidadãos que podem usufruir do transporte porta a porta.

Sem poder contar com o serviço, o cadeirante, que tem as pernas amputadas, precisa contar com a boa vontade de outras pessoas para poder passar por hemodiálise três vezes por semana. Atualmente, quem o leva às sessões é seu filho, que sacrifica a própria carreira para acompanhar Israel às segundas, quartas e sextas-feiras.

Isso porque o jovem teve de recusar um convite para trabalhar na Hyundai para continuar no atual emprego, sem carteira assinada, mas que lhe permite sair às 11h para buscar o pai da hemodiálise, que começa às 6h30. A família até comprou uma Kombi velha para que Israel não tenha de ser retirado da cadeira de rodas para ir até as sessões.

Com o "peito aberto" por causa de cirurgias para a colocação de duas pontes de safena, a dor que o vigilante aposentado sente é constante. Além de parte das veias entupidas e da trombose que lhe fez perder as pernas, Israel tem um dos pulmões inválido (afetado por infecção sanguínea), problemas nos rins (razão pela qual precisa passar por hemodiálise) e neuropatia diabética.

Após recorrer a conhecidos, autoridades e ao Ministério Público, Israel esteve na manhã desta terça-feira (23) no gabinete do vereador André Bandeira (PSDB) ––sua "última salvação". Ele pediu a ajuda do parlamentar para ser incluído no Elevar, já que as dores que o vigilante aposentado sente são fortes mesmo quando ele é transportado de ambulância.

"Para ir à hemodiálise já vai sofrendo, chega lá, sofre também, é muita humilhação", disse Israel, ao afirmar que o sofrimento não é só dele, mas de toda a família ––além do filho, sua esposa, Rozana, também precisa se sacrificar para cuidar do marido. "Eu não estou pedindo dinheiro, estou pedindo condições de vida melhores para mim."

André Bandeira mostrou a Israel dados sobre o sistema enviados à Câmara, em março passado, pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes. Na época, o Elevar tinha 430 pessoas cadastradas e capacidade para 150 atendimentos diários ––número que subiu para 190 com a aquisição de dois novos micro-ônibus.

Para tentar minimizar o sofrimento de Israel, André Bandeira vai preparar, junto com sua assessoria, um documento relatando a situação do paciente e encaminhá-lo ao secretário municipal de Saúde, Pedro Mello.

O vereador lembrou que, apesar de o vigilante aposentado não se enquadrar no critério de renda adotado pela administração municipal para o cadastro do Elevar, o caso de Israel merece atenção. "[Esse critério] É o que estamos tentando mudar. Mas, até mudar, ele precisa continuar tendo o atendimento. É uma necessidade que tem que ser atendida", afirmou o vereador.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Davi Negri / MTB 20.499