A vereadora Madalena (PSDB) anunciou nesta segunda-feira, 11, afastamento por 20 dias para tratamento médico. Diagnosticada com câncer de próstata, a legisladora está internada na Santa Casa de Misericórdia onde iniciou as sessões de quimioterapia. Porém, mesmo afastada, a vereadora rebateu as declarações de Laércio Trevisan Jr. (PR) e de Luiz Arruda (PV) na reunião de quinta-feira, 7 quando eles criticaram requerimento da legisladora pedindo revitalização de área verde na avenida Renato Wagner.

“Em momento algum a vereadora pediu revitalização do local para ‘mascarar prostituição’ como disse o vereador Trevisan Jr.”, declarou Felipe Bicudo, chefe de gabinete da vereadora Madalena. Em coletiva à imprensa, ele reuniu representantes de três organizações não-governamentais (ONGs) que atuam nas populações de homossexuais que frenquentam o local e apóiam a proposta apresentada por Madalena. “É um equívoco dizer que lá existe prostituição, na verdade é um espaço de encontro desta população”, disse Bicudo.

De acordo com o chefe de gabinete da vereadora, o local conhecido como “matinho” reúne concentração de homossexuais que antes utilizavam o Parque do Mirante, mas que, depois da reforma no local, migraram para esta região. “Se por ventura ocorra atos de prostituição, são poucos, porque o que há naquele espaço é o encontro de homossexuais que não sentem tranqüilos para freqüentarem outras regiões da cidade, onde poderiam sofre preconceito”, apontou o representante da vereadora.

A proposta de Madalena – agora retirada da pauta até a volta da vereadora – é no sentido de revitalizar nos moldes do que existe na avenida Cruzeiro do Sul, melhorando a iluminação, criando uma pista de caminhadas, colocando playground e outros equipamentos voltados para o lazer. “Justamente com o objetivo de revitalizar, inclusive porque o espaço fica próximo de onde terá o elevador da Ponte do Mirante, e vai exigir de estrutura para atender os turistas que forem ali para utilizarem o ponto turístico”, avaliou Felipe Bicudo.

Genésio Silva, coordenador técnico da ONG Casvi, lembra que a atitude dos vereadores demonstrou desconhecimento e preconceito sobre a atuação da vereadora. “Estamos trabalhando lá (no ‘matinho’) desde o ano passado no sentido de realizar prevenção sexual, porque temos o foco na sexualidade”, disse ele, a respeito da atuação da Casvi. Não existe levantamento de quem freqüenta o local, mas, segundo o presidente da CAPHIV, Paulo Soares, cerca de 45 pessoas se utilizam do espaço principalmente aos finais de semana.

O presidente do Grupo E-Jovem, Bruno Campos, foi ainda mais enfático na crítica contra os vereadores Laércio Trevisan Jr. e Luiz Arruda. “Eles tiveram falas homofóbicas e transfóbicas, diretamente contra a vereadora que é uma transsexual”, avaliou o representante da ONG.

HISTÓRICO – Na reunião ordinária de quinta-feira, 7, o vereador Laércio Trevisan Jr. (PR) atacou o requerimento da vereadora Madalena dizendo que o objetivo da legisladora, ao propor revitalização do espaço na avenida Renato Wagner, estava tentando “mascarar” a prostituição que ocorre no local. Em seguida, Luiz Arruda concordou com o Trevisan Jr. e disse que não poderia aceitar atitudes que atentassem contra o “pudor social”.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Foto: Fabrice Desmonts MTb 22.946