26 de setembro de 2017
Conselho Municipal divulga carta aberta sobre violência às mulheres
Laura Maria comentou sobre a mulher vítima de agressão, focando a criação do Conselho Municipal de Piracicaba
A presidente do Conselho Municipal de Mulheres, Laura Maria Pires de Queiroz ocupou a tribuna da Câmara, na 54ª reunião ordinária de ontem (25) para abordar a temática sobre a violência contra as mulheres e, fez a leitura de carta aberta criticando os abusos.
Laura Maria comentou sobre a mulher vítima de agressão, focando a criação do Conselho Municipal de Piracicaba, criado pela lei municipal 7.235, de 14 de dezembro de 2011, que tem por finalidade de promover as discussões e indicar ao poder público as diretrizes para o planejamento e a implementação de programas e ações de políticas públicas voltadas à mulheres e suas necessidades, a fim de garantir a igualdade de oportunidades, de forma a assegurar à população feminina a promoção da cidadania plena e a eliminação de todas as formas de discriminação.
Instituído como órgão deliberativo e fiscalizador, o Conselho é constituido de 28 mulheres, 14 titulares, sendo sete representantes da sociedade civil e sete do poder público e suas respectivas suplências, com mandato de dois anos, sendo que recentemente teve a posse das conselheiras para a gestão 2017 a 2019.
Laura Maria denominou a relação das conselheiras, entre titulares e suplentes. E, considerou que no Brasil foi registrado avanços no combate à violência doméstica, com a criação da lei 11.340, de agosto de 2006, conhecida como lei Maria da Penha, onde apresentou-se grandes avanços nos últimos 11 anos em nosso país, com esta lei em defesa da mulher, no que diz respeito ao combate à violência, gerando um aumento no número de denúncias, processos e medidas protetivas, sendo que a mulher continua sendo vítima de agressões, patrimoniais, sexuais, físicas, psicológicas e morais, em um fenômeno multidimensional que não escolhe, nem lugar, nem etnia.
"Sabemos que a mulher negra sofre muito mais violência", disse Laura Maria, que também pontuou acontecimentos dos últimos tempos, em que o Conselho Municipal da Mulher vem a público fazer um importante alerta, que a prática da violência contra a mulher tem ganhado porporção assustadora, o que necessita um olhar todo especial da sociedade, em ações conjuntas e articuladas das mais diferentes esferas.
"Não podemos mais perder mulheres para a violência. Reforçamos aqui o lema, de nenhuma a menos", disse Laura Maria, que falou de casos divulgados e dos que não são divulgados, devido ao medo que as mulheres tem de seus agressores.
Laura Maria também considerou a imagem cruel, por séculos e séculos a que sempre foi colocado o papel da mulher, vista como objeto, verdadeiro sujeito sem direitos. E, reiterou que o Conselho vem à Casa, no sentido de conscientizar sobre seus direitos e resgatar sua alto estima. "Em apoio às marias, todas as marias, que são todos os dias ameaçadas, intimidadas, perseguidas em diferentes espaços e instituições", disse.
O Conselho da Mulher não aceita a culpabilização da vítima e sim a responsabilidade do agressor. A mulher tem o direito de ir e vir, ser respeitada enquanto profissional em qualquer área de trabalho, fazer as suas próprias escolhas, circular em todos os espaços, até mesmo na escolha do que vestir. O direito da mulher é um direito humano. Crime de ódio contra a mulher e todo dipo de ofensa caracteriza misogenia, que é aversão às mulheres, o que aumenta a responsabilidade do gestor público, em suas falas, pois as mesmas ganham visibilidade na mídia, formando a opinião pública.
Laura Maria citou frase que teria sido dita na Câmara, por um parlamentar "Que mulher que não sabe escutar tem que apanhar", o que representa um absurdo. "Não iremos mais tolerar este tipo de comportamento, exigimos respeito", disse.
Laura Maria concluiu sua fala reforçando a luta constante por uma sociedade justa, fraterna e com direitos iguais, que se respeite a mulher no seu direito fundamental, o direito à vida, no que reiterou o apoio da Câmara e de toda sociedade, na criação da Casa Abrigo para acolher a mulher em vítima de violência doméstica.
O presidente da Câmara, Matheus Erler (PTB) parabenizou Laura Maria pela fala na tribuna, além de cumprimentá-la por assumir a direção do Conselho Municipal da Mulher. E, aproveitou a oportunidade para reiterar escusas à secretária de Educação, em casos de denúncia que recebeu em seu gabinete. O parlamentar também informou que desconhece completamente a fala de que vereador tenha se pronunciado em desabono à mulher, e sim, enfatizou o papel da Câmara na defesa das mulheres.
A vereadora Coronel Adriana (PPS) também parabenizou Laura Maria pela fala e, enfantizou que o fim da violência contra as mulheres se inicia com o fim dos discursos machistas. "A gente tem que comeaçar pela nossa fala", disse a parlamentar, que também cobrou o prefeito municipal Barjas Negri (PSDB) para a criação da Casa Abrigo, para acolher aquela mulher que não tem para onde ir quando acontece uma violência em sua casa.
A vereadora Nancy Thame (PSDB) também enfatizou a fala de Laura Maria e, destacou a violência invisível, que acontece em pequenos gestos, principalmente num país, onde mais de 50% são mulheres, sendo menos de 10% no Congresso Nacional, 25% das Câmaras não tem representante feminina. "Somos 12% de vereadores em todo Brasil, 13% das prefeitas. O que demanda uma ação em conjunto", defendeu a parlamentar, que ainda comentou sobre emenda que fez ao projeto Casa Abrigo, o que representa uma reivindicação de todas as mulheres", disse.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
03 de setembro de 2025
02 de setembro de 2025
02 de setembro de 2025
01 de setembro de 2025