PIRACICABA, QUINTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2025
Página inicial  /  Intranet  /  Webmail

10 DE DEZEMBRO DE 2021

Vocação de liderança regional de Piracicaba acontece desde o século 19


Na rota do ouro pelos sertões, a então Freguesia, Vila Nova da Constituição e finalmente Piracicaba se torna referência, em 1829, dando origem a várias cidades da região



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Arquivo Histórico da Câmara Salvar imagem em alta resolução

Vocação de liderança regional de Piracicaba acontece desde o século 19



Ata da Câmara Municipal de Piracicaba, do dia 28 de agosto de 1829, da então Vila Nova da Constituição, apresenta as discussões dos parlamentares da época, nos encaminhamentos sobre a definição do limite de Piracicaba perante os demais povoados da região, que mais tarde possibilitariam o surgimento de cidades como Rio Claro, Limeira, São Barbara D’Oeste e outras localidades.

Conforme relatório ao Conselho Geral da Câmara, lido pelo senhor Gurgel, verificou-se as divisas civis - delimitações de áreas particulares e eclesiásticas - ligadas à Igreja, da então Piracicaba do século 18, considerando que só havia acesso para o lado de Mogimirim, em parte pelo Ribeirão, denominado Barcelos, que ficava longe da Vila (Piracicaba), de sete a oito léguas.

Nesta sessão da Câmara, os vereadores também consideraram que para o lado de Campinas nunca houve divisa e, sim a dúvida ficava com referência à Comarca de São Carlos, sendo que ainda o presidente da Província não havia decidido sobre a questão. Já para o lado da cidade de Itu, a divisa eclesiástica se fazia pelo Ribeirão denominado Mombuca, distante de Piracicaba há quatro léguas.

Da divisa de Piracicaba com a cidade de Porto Feliz nada se podia dizer, porque ficava na mesma estrada que dava acesso à cidade de Itu, sendo a mesma divisa com Mombuca. Oficialmente para Piracicaba daquela época, havia somente uma divisa oficial, que se fazia com a cidade de Araraquara, dividindo com a cidade de Batatais para o centro e a cidade de Mogimirim, distante 24 léguas de Piracicaba.

Também se registrava no termo oficial da época, a existência de três Capelas (marcos governamentais do Estado, como mecanismo de poder senhorial, nas fronteiras), em circunstâncias de se tornarem Freguesias: Ribeirão Claro, que mais tarde seria a cidade de Rio Claro, distante de Piracicaba sete a oito léguas e muito mais próximo a Mogimirim; Limeira, entre Piracicaba e São Carlos, distante de Mogimirim. E, Santa Barbara, distante cinco léguas e muito mais para Campinas. 

Estas posições geográficas foram devidamente esclarecidas ao Conselho Geral da Câmara, onde o senhor Gurgel deu parecer sobre os ranchos, de acordo com o senhor Castro. Primeiramente foi ratificado que a divisa não mais seria em Piracicamirim, pois havia outros lugares suficientes que não lesavam os proprietários, além de também poupar alguma despesa ao não fazer o rocio da Vila.

Também se cogitou estabelecer a divisa a partir de um terreno, do Padre Miguel, que já estava gramado. E, por fim, com o voto do presidente da Câmara, ficou mesmo decidido que a divisa ficaria no lugar denominado Piracicamirim, por ter água suficiente para as tropas e demais comodidades ao povoado. O senhor Botelho não teve voto nesta matéria em função de ser o proprietário destas terras. Padre José Maria de Oliveira foi quem escreveu e registrou o teor desta ata de sessão da Câmara, seguido pela participação dos vereadores: Oliveira, Canto Silva, Correa, Gurgel e Botelho.

PIRACICABA – o nome da cidade de Piracicaba, em Tupi-Guarani, significa o lugar onde o peixe para. Em 1766, o capitão-general de São Paulo, D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, encarregou Antônio Corrêa Barbosa de fundar uma povoação na foz do rio Piracicaba. No entanto, o capitão povoador optou pelo local onde já se haviam fixados alguns posseiros e onde habitavam os índios Paiaguás, à margem direita do salto, a 90 quilômetros da foz, no lugar mais apropriado da região. A povoação seria ponto de apoio às embarcações que desciam o rio Tiête e daria retaguarda ao abastecimento do forte de Iguatemi, fronteiriço do território do Paraguai

Oficialmente, o povoado de Piracicaba, termo da Vila de Itu, foi fundado em 1º de agosto de 1767, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. Em 1774, a povoação constitui-se freguesia, com uma população estimada em 230 habitantes, desvinculando-se de Itu em 21 de junho.

Em 1784, Piracicaba foi transferida para a margem esquerda do rio, logo abaixo do salto, onde os terrenos melhores favoreciam sua expansão. A fertilidade da terra atraiu muitos fazendeiros, ocasionando a disputa de terras. Em 29 de novembro de 1821, Piracicaba foi elevada à categoria de vila, tomando o nome de Vila Nova da Constituição, em homenagem à promulgação da Constituição Portuguesa, ocorrida naquele ano.

A partir de 1836, houve um importante período de expansão. Não havia lote de terra desocupado e predominavam as pequenas propriedades. Além da cultura do café, os campos eram cobertos pelas plantações de arroz, feijão e milho, de algodão e fumo, mais pastagens para criação de gado. Piracicaba era um respeitado centro abastecedor.

Em 24 de abril de 1856, Vila Nova da Constituição foi elevada à categoria de cidade. Em 1877, por petição do então vereador Prudente de Moraes, mais tarde primeiro presidente civil do Brasil, o nome da cidade foi oficialmente mudado para Piracicaba, "o mais certo, o correto e como era conhecida popularmente".

ACHADOS DO ARQUIVO – na série Achados do Arquivo, semanalmente, às sextas-feiras, o setor de Comunicação, mediante apoio do setor Administrativo, em consonância com o setor de Arquivo e Documentação apresentam parte do acervo sob a guarda e responsabilidade da Câmara Municipal de Piracicaba, que em consonância com órgãos governamentais, pesquisadores e historiadores procuram trazer contribuições que reforçam o legado histórico da "Noiva da Colina".



Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Revisão:  Martim Vieira - MTB 21.939




Achados do Arquivo Documentação

Notícias relacionadas