PIRACICABA, QUINTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2025
Página inicial  /  Intranet  /  Webmail

11 DE MAIO DE 2011

Solenidade marca a comemoração do Dia Municipal do Artista Plástico


A Câmara homenageou, em reunião solene nesta quarta-feira, três profissionais por ocasião do Dia Municipal do Artista Plástico. A cerimônia, realizada no salão nobr (...)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (1 de 2) Salvar imagem em alta resolução
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (2 de 2) Salvar imagem em alta resolução
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 Salvar imagem em alta resolução


A Câmara homenageou, em reunião solene na noite desta quarta-feira (11), três profissionais por ocasião do Dia Municipal do Artista Plástico. A cerimônia, realizada no salão nobre "Prof. Helly de Campos Melges", foi solicitada pelo vereador Bruno Prata (PSDB), por meio do requerimento 8/2011. Receberam diplomas de reconhecimento de mérito os artistas plásticos Antonio Natal Gonçalves, Luiz Gobeth Filho e Willian Antonio Hussar.

De acordo com Prata, a homenagem entregue pela Câmara é uma forma de reconhecimento ao trabalho do trio. "É claro que há mais artistas exponenciais em Piracicaba, mas esta é uma homenagem pelo conjunto da obra ––e não só uma, isolada––, por tudo o que eles fizeram por nossa cidade", explicou o vereador. "Na arte, você se doa, colocando toda sua sensibilidade e beleza. Por isso, temos de reverenciá-la e lembrar sempre dessas pessoas, que deixaram suas marcas na sociedade", completou, dirigindo-se aos três homenageados da noite.

Apreciador de diversas manifestações culturais, Prata disse que procura "acompanhar tudo" o que diz respeito às artes plásticas em Piracicaba. "É uma paixão recente, que veio ao visitar os salões algumas vezes. Entrei de corpo e alma nas artes plásticas", revelou o parlamentar, para quem é necessário haver maior divulgação do gênero. "As artes plásticas contam a história de uma cidade, de um povo, de um país, e isso está representado na sensibilidade dos artistas."

O vereador apontou ainda o que mais lhe chama a atenção nas produções de artistas locais. "Admiro muito as obras que trazem o cartão-postal de Piracicaba, que é a rua do Porto, além das que retratam o Engenho Central e a zona rural. São obras magníficas, que vão ficar marcadas para sempre na história da cidade. Os nossos descendentes vão poder verificar como era Piracicaba quando crescerem, através dessas obras de arte", observou.

Além de Prata, compuseram a mesa diretiva da reunião solene o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB); o diretor da Pinacoteca, Lauro Pinotti, que representou o prefeito Barjas Negri (PSDB); a presidente da Apap (Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos), Margarete Zenero; a diretora do Museu Prudente de Moraes, Maria Antonieta Sachs Mendes; a sindicalista Mafalda Piveta Anhão, do Sindicato dos Funcionários Públicos de Piracicaba e Região; a presidente da Sociedade Amigos do Museu Prudente de Moraes, Maria da Glória Silveira Mello; e o ex-vereador Antonio Oswaldo Storel, autor do decreto legislativo 2, de 8 de março de 2007, que instituiu na Câmara a reunião solene em comemoração ao Dia Municipal do Artista Plástico.

PAPEL DO ARTISTA
Falando em nome dos homenageados, Antonio Natal Gonçalves reforçou a necessidade de o artista plástico exercer a "militância" por meio de seus trabalhos. "O papel do artista plástico mudou. Ele deixou de ser um imitador de Deus para participar muito mais do dia a dia da sociedade, como um transformador dela. Você tem que correr atrás disso ––e é aí é que entra a militância", afirmou.

Para Natal, o artista plástico alimenta uma maneira diferente de ver a realidade. "A criatividade e a resiliência são importantes, pois permitem tolerar o estresse no dia a dia." A dificuldade da classe, porém, está em difundir as mensagens que produz, na avaliação de Natal. "Não tem sido fácil fazer arte, pois fazemos para poucos. Temos que levar o belo para a grande população", ressaltou.

Já o presidente da Câmara disse acreditar que autores de grandes obras são tocadas pela inspiração divina. "O maior artista é Deus, que é quem inspira os artistas. Vocês [homenageados] têm o dom de Deus para, do nada, extrair uma mensagem profunda", comentou João Manoel. Para o vereador, as artes plásticas têm, historicamente, desempenhado um papel de destaque na sociedade. "Na ditadura, você olhava uma obra e já entendia a mensagem. Era uma forma de criticar e combater sem agredir", exemplificou.

A presidente da Apap e o diretor da Pinacoteca também falaram da importância da data. "Os artistas deixam a sociedade mais leve. Sem eles, ia ser muito difícil viver. Mesmo quando denunciam, eles sabem que fazem de uma forma gostosa, que leva a pensar", disse Margarete Zenero. "Obrigado por existirem e fazerem do mundo um lugar melhor", completou.

Já Lauro Pinotti ressaltou os investimentos do município na cultura. "É uma administração que tem valorizado cada vez mais o setor, investindo em espaços culturais, aumentando o quadro de pessoal, trazendo recursos para desenvolver a arte", afirmou. Ele exaltou a informação, dada pelo governo paulista à Prefeitura, de que Piracicaba passará a ser a capital da dança no Estado ––mesmo status alcançado por São José do Rio Preto no teatro e Limeira no circo. "Nossa cidade historicamente valoriza muito as artes", observou.

O diretor da Pinacoteca ainda pediu o apoio da Câmara na tentativa de atender a antigas reivindicações da classe artística de Piracicaba, como a destinação de um espaço próprio no município para a exposição de trabalhos. Ele também fez um apelo aos empresários locais, para que façam a adesão ao mecanismo que destina parte do ICMS pago à área cultural, e aos contabilistas da cidade, para que pelo menos um, de forma voluntária, se disponha a cuidar das finanças dos artistas.

NATAL
Antonio Natal Gonçalves nasceu em 25 de dezembro de 1947, em Pompeia (SP). Além de artista plástico, também é engenheiro agrônomo. Em 1968, mudou-se para Piracicaba, onde iniciou sua produção artística. Foi aluno de Clemência Pizzigatti e de Ermelindo Nardin.

Há mais de 30 anos participa de exposições individuais e coletivas e de salões, nos quais recebeu inúmeros prêmios. Foi membro do Grupo 7+2 e de coletivos, como "Os Singulares". Tem sido militante nos meios cultural e artístico de Piracicaba. Atualmente, é membro da Apap, na qual coordena atividades de arte contemporânea.

HUSSAR
Willian Antonio Hussar nasceu em 7 de dezembro de 1971, em Itapeva (SP). É licenciado em arte-educação com habilitação plena em artes plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo). Suas tiras já foram publicadas no álbum "Os Quinze de Piracicaba", na revista "Metal Pesado", no "Jornal Rio", no caderno Cultura, do "Jornal de Piracicaba", e na "Folha Piracicabana", onde foi ilustrador e chargista. Também lançou, pela Edusp, o livro "Ratos de Salão", com coletânea de suas tiras.

Entre os prêmios acumulados ao longo da carreira, destacam-se os conquistados no 6º Salão Internacional de Humor de Caratinga (MG), em três edições da Mostra Almeida Junior e em seis edições do Salão Internacional de Humor de Piracicaba: menções honrosas em duas (13ª e 32ª), segundo lugar em uma (20ª), primeiro lugar em duas (23ª e 26ª) e grande prêmio em uma (na 22ª edição, em 1995, com um trabalho sobre preservação ambiental).

Hussar aponta a leitura de histórias em quadrinhos como o fator que o motivou a escolher sua profissão. "Sempre gostei de arte visual, principalmente a gráfica. Ler história em quadrinhos é o primeiro passo para quem também quer fazer história em quadrinhos", afirmou o ilustrador, que, no início da carreira, fazia cópias de desenhos até começar a obter reconhecimento profissional ––a primeira premiação veio em 1993, no Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

"Lia muitos quadrinhos americanos, de heróis, e depois tive contato com os quadrinhos europeus, que são mais autorais, mais bem elaborados e mais artísticos. Daí, comecei a ver outras possibilidades de fazer HQs", disse Hussar, que atualmente está produzindo ilustrações para um livro sobre teatro.

"A influência da imagem é fundamental para qualquer ser humano. No meu caso, tive mais a vertente das artes plásticas e gráficas. Não consigo ver hoje nada que não tenha essa referência, em filmes ou no teatro. Acho que está tudo muito ligado. Minha intenção é passar isso, tentar fazer parte desse imaginário gráfico e popular", explicou o ilustrador. "Às vezes, você faz um trabalho que aparentemente não tem uma importância muito grande, mas, lá na frente, vê que alguém se inspirou nele ou que ele deixou alguma marca."

GOBETH
Luiz Gobeth Filho nasceu em 20 de julho de 1934, em Piracicaba. É arquiteto formado pela Universidade Mackenzie, onde também foi professor, em 1972. A carreira como docente continuou na Escola de Engenharia de Piracicaba, entre 1977 e 1992.

Participou de salões (em cidades como Piracicaba, Rio Claro, São José dos Campos, Franca e Ribeirão Preto) e de exposições coletivas, como as realizadas na Casa do Médico, no Sesc e no Clube de Campo de Piracicaba. Recebeu premiações e medalhas em salões como o de Campinas e São João da Boa Vista, além de ter obras adquiridas em vários eventos do gênero.

Segundo Gobeth, sua preferência pela aquarela consolidou-se ao cursar arquitetura na Universidade Mackenzie. "Dentro do nosso curso, que durava cinco anos, havia no primeiro ano uma disciplina chamada desenho artístico, em que o professor ensinava várias técnicas para que o aluno pudesse apresentar um projeto. Dentre elas, havia a aquarela. Quando comecei a fazer aquarela, eu gostei da técnica, porque é bem simples: você pega um copo de água, um pincel único e um tabletezinho com as pastilhas coloridas", contou o homenageado.

"A aula prática nossa era na praça Buenos Aires, bem perto do Mackenzie. Íamos a pé até lá, cada um com um apoio de madeira; púnhamos o papel e quatro tachinhas para segurá-lo, pegávamos água no próprio jardim, enchíamos o copinho e cada um pintava uma cena qualquer, com o professor orientando os alunos", recordou. "A partir daí, eu continuei fazendo aquarela até que, quando estava no terceiro ano, houve uma exposição de artes no Mackenzie com todas as faculdades, e eu apresentei um trabalho e ganhei um prêmio que guardo até hoje no meu acervo."

Gobeth aponta a satisfação pessoal como o maior estímulo para seguir pintando, com 76 anos. "É isso o que me estimula a continuar trabalhando. Até hoje faço aquarela, que, para mim, é um hobby. Minha intenção é simplesmente o lazer, passar o tempo. Dá um prazer imenso." Frequentador assíduo de leilões de arte, o artista plástico piracicabano estima ter 200 obras, somando as de sua autoria e os trabalhos de outros artistas. "Eu penso, quando pinto, que estou pintando sempre da mesma forma. Mas, quando pego uma obra bem antiga e comparo com a de hoje, vejo que há uma evolução no trabalho, embora ainda não seja aquilo que eu gostaria de fazer", comentou, ao analisar sua produção artística.

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Davi Negri / MTB 20.499



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Homenagem Bruno Prata

Notícias relacionadas