
15 DE SETEMBRO DE 2011
Os resultados considerados satisfatórios das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro estão ligados à participação do Estado nas comunidades antes (...)
Os resultados considerados satisfatórios das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro estão ligados à participação do Estado nas comunidades antes dominadas pelos traficantes. “Essa é a questão fundamental”, diz Marcos Melo, 2o sargento da PM-RJ, há 17 anos no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A conclusão parece simples, mas na palestra no Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública, na manhã desta quinta-feira, 15, ficou evidente que o caminho da retomada é complexo e cheio de obstáculos.
“Primeiro, tivemos que mudar o comportamento da tropa”, destaca. Embora treinada para a guerra, sargento Mello enfatiza a importância de não travar a “guerra pela guerra, mas em busca do bem comum”. E com espírito menos “sedento por sangue” os policiais do Bope se envolveram no plano das UPPs, desde 2007, de início para conquistar o território e, em seguida, desenvolver uma política de relação mais próxima para a comunidade, para então ser delegada aos PM do Estado fluminense.
“Existe o problema maior do acesso às comunidades, que precisa ser feito com equipes fortemente armadas e treinadas”, explica. “Ao mesmo tempo, precisamos retomar a confiança da comunidade porque, nestes locais, a maioria é a população civil, a mais prejudicada e nós temos que chegar com as soluções”, disse. O trabalho nas UPPs envolve uma verdadeira coalizão com a comunidade, a partir de igrejas, centros comunitários, entre outros, para oferecer benefícios à população. “Por exemplo, o cidadão não tem documento da moto, a gente procura orientá-lo a ficar quite com a lei, para que ele tenha cidadania e possa circular tranquilamente”, diz.
Desde quando foi iniciado, em 2007, até hoje, foram criadas 17 UPPs, atendendo 55 comunidades, população de 270 mil pessoas, numa operação que envolve 3.122 policias permanentemente. “Se levarmos em conta que há 1.200 favelas na região metropolitana do Rio, o número parece pouco, mas os resultados demonstram que estamos no caminho certo”, disse, ao citar Santa Marta, onde há 10 mil habitantes, e, ocupada desde 2008, não teve registrado mais nenhum homicídio desde então.
Sargento Mello não detalhou os custos totais destas operações, porém deixou claro. “Custa caro, e não adianta achar possível fazer algo desta magnitude sem investir pesado”, afirma o policial militar, convidado pelo vereador João Manoel dos Santos, presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba, para falar na audiência do Fórum Municipal Permanente de Segurança Pública.
A audiência desta quinta, 15, foi a penúltima desta primeira fase do Fórum, voltada para mapeamento das necessidades da cidade no tema. A última será dia 4 de outubro, a partir das 19h30, onde será apresentado o documento “Piracicaba Mais Segura”, com deliberações a serem encaminhadas aos governos federal e estadual.
PIRACICABA – Presente na audiência do Fórum Municipal, a Major Adriana Cristina disse que a cidade tem regiões “onde a PM precisa utilizar força pesada para conseguir acesso”, o que denota algumas regiões hoje dominadas pelo tráfico de drogas. Embora a situação não seja a do mesmo nível do Rio de Janeiro, ela lembra que nestas comunidades locais existe a idéia de que o Estado de Direito significa apenas escola e postos de saúde, “o que, claro, é insuficiente”.
Major Adriana disse, ainda, que as lideranças políticas de Piracicaba precisam ficar atentas ao que aconteceu no Rio de Janeiro, porque o tráfico de drogas no município “está muito fortalecido e precisa ser combatido de forma eficaz”. Ela citou, entre outros problemas, a falta de atendimento aos jovens, “que ficam à mercê, sem qualquer programa que os atenda em suas comunidades”, avalia Major Adriana.
Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Foto: Davi Negri MTb 20.499