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02 DE SETEMBRO DE 2020

Psicóloga recomenda diálogo e tratamento de prevenção ao suicídio


Lucelena Nogueira participou da live desta terça-feira (1) do programa Parlamento Aberto.



EM PIRACICABA (SP)  

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“Quando a gente começa a falar, a colocar pra fora a nossa existência, a gente tem qualidade de vida", disse Lucelena Nogueira





“Se a pessoa não tem alguém em volta quem pode acolher, é preciso que estenda seu círculo, procure ajuda, com um CVV, um psiquiatra, na arte, um grupo de dança. Ela precisa estender seu círculo porque aquilo que está sentindo não cabe só nela, precisa sair. Quem chega a cometer um suicídio não suporta mais, não a vida, mas a dor”, disse a psicóloga e psicanalista Lucelena Nogueira na live desta terça-feira (1) do programa Parlamento Aberto.

A live contou com o apoio do gabinete do vereador Lair Braga (SD) que realiza, anualmente, atividades em parceria com o CAPHIV (Centro de Apoio aos Portadores do Vírus HIV/AIDS e Hepatites Virais) para o “Setembro Amarelo”, que busca promover o debate e contribuir para a redução de casos de suicídio no município, conforme o decreto legislativo 56/2018.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2016 foram registrados no Brasil cerca de 13.467 casos de suicídio. Na cartilha do Setembro Amarelo da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), direcionada à imprensa, é apontado que cada caso de suicídio pode afetar até outras seis pessoas de forma direta.

O debate sobre o suicídio, embora mais comum atualmente, ainda é tabu. A preocupação em manter aparência de felicidade constante, mesmo que falsa, dificulta a abordagem do tema. De acordo com ela, isso é ainda mais comum no ambiente masculino. “Às vezes, a gente vê bares cheios de homens, conversando, dando risada, mas, geralmente, ninguém fala sobre sentimentos íntimos. Falam sobre futebol, mulheres, qualquer outra coisa que mantenha a risada de pé e isso vai afastando quem está em sofrimento”, comentou.

Como exemplo dos reflexos da atitude de negação, a psicóloga citou a falta da discussão sobre os 3.950.931 casos de Covid-19 e 122.596 mortes ocasionadas pelo novo coronavírus. “É importante falar sobre a morte porque a gente pode falar da vida que a gente quer ter. Agora, por exemplo, são mais de 120 mil mortos no Brasil, que silêncio é esse? A gente deveria falar dessas feridas, desses lutos, todo mundo deveria estar de luto”, disse.

A negação, segundo a psicóloga, é um mecanismo de defesa inconsciente que pode ser perigoso pois impede o indivíduo de avaliar a capacidade de suportar a angústia de viver determinada situação. “Quando a gente começa a falar, a colocar para fora a nossa existência, a gente tem qualidade de vida. Do contrário, a gente está negando, mesmo que esteja brindando com um copo de champanhe”, afirmou.

Para amparar quem passa por este tipo de situação, Lucelena indicou o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece, gratuitamente, atendimento e tratamento de prevenção ao suicídio com profissionais especializados. O atendimento da instituição ocorre pelo número 188 ou pelo site (http://www.cvv.org.br).

Outro tópico abordado foi os fatores relacionados ao suicídio. De acordo com a psicóloga, há pessoas que planejam o ato durante anos e outras que passam a considera-lo depois de vivenciar uma situação de grande impacto como a falência de uma empresa, por exemplo.

Segundo ela, os possíveis casos de suicídio devem ser avaliados por três aspectos: o campo social, de modo a considerar se este campo dá liberdade para o indivíduo circular e se reinventar ou se é tóxico; a estrutura emocional com a qual o indivíduo lida com o que está vivendo e a estrutura química, isto é, se há ou não a necessidade de uso de medicamentos para amparar a pessoa enquanto realiza tratamento com especialista.

A psicóloga lembrou que adolescentes sofrem com fatores relacionados ao suicídio e aconselhou os pais a buscarem o diálogo com os filhos, com o intuito de construir intimidade baseada no afeto e auxiliá-los quando necessitarem de ajuda para questões emocionais.

Lucelena enfatizou a importância de orientar a população sobre a prevenção ao suicídio e elogiou o trabalho do SUS (Sistema Universal de Saúde) e de instituições públicas no oferecimento de auxílio psicológico. “É muito importante a gente falar sobre isso porque a população negra, trans e homossexual também tem alto índice de suicídio. A gente precisa valorizar mais o SUS porque é o lugar onde essas pessoas são acolhidas”, disse.

ACESSE O CONTEÚDO
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web.

Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, é possível se cadastrar na lista de transmissão do Whatsapp neste link.



Texto:  Larissa Souza
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Saúde Parlamento Aberto

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