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19 DE MAIO DE 2020

Psicóloga defende diálogo para lidar com rotina dos filhos em casa


Ana Carolina Pascolete participou de live do Parlamento Aberto, na tarde desta segunda-feira (18), exibida no perfil do Instagram do programa



EM PIRACICABA (SP)  

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Psicóloga disse que a pandemia é tempo de reflexão e escuta (Foto: Monyke Almeida)





A pandemia do novo coronavírus impôs a quarentena e o isolamento social e, com isso, as pessoas devem se manter em casa, o que inclui, ainda, crianças e adolescentes que não vão às escolas. Estes, por sua vez, fazem com que pais ou cuidadores repensem em uma maneira nova de criar rotinas, melhorando assim, sua saúde mental.

Para tratar sobre esse assunto pertinente a muitas famílias, a psicóloga e psicanalista Ana Carolina Pascoalete foi entrevistada pelo Parlamento Aberto, na tarde desta segunda-feira (18), em live no perfil do Instagram do programa e defendeu que um dos princípios para manter a saúde mental e convivência é o diálogo entre pais e filhos.

De acordo com a psicóloga, o desenvolvimento emocional de todo indivíduo ocorre quando tem relações sociais, ou seja, quando uma criança nasce, o desenvolvimento é gerado pelo contato com irmãos, avós, principalmente na infância, e, quando adolescente, isso é buscado fora do contexto familiar, na escola, sobretudo com os amigos.

Porém, como reforçou a profissional, nessa época de pandemia, além dos agravantes que o próprio vírus gera, como medo e insegurança, há a preocupação com a saúde mental das crianças e adolescentes, que pode ter complicações por conta do confinamento.

“Uma situação que reduz esses danos é conduzir um diálogo de maneira adequada com os filhos. Sei que todos estão ansiosos de maneira geral, pensando na empregabilidade e até desenvolvendo tédio e irritabilidade. Porém, temos que entender que as crianças e  adolescentes estão acostumados com o contato externo, com a escola, por exemplo, e por não poder ter isso durante a quarentena, os pais ou cuidadores têm que desenvolver uma rotina diferenciada de forma com que eles envolvam os filhos”, alertou.

Como citou Ana Carolina, o cuidado principal é com as crianças que estão na fase de experiências primárias (período em que aprendem tudo pela primeira vez e perdura até os sete anos). Caso isso não seja desenvolvido corretamente, como contou a psicóloga, pode gerar traumas durante a adolescência.

Instabilidade, insônia, ansiedade, comer e dormir mais. Esses são alguns dos sintomas que a criança pode desenvolver durante a quarentena. Já nos adolescentes, como contou Ana Carolina, podem surgir a intolerância e a dificuldade de se adaptar às cobranças da casa, por não se sentirem “pertencidos” ao grupo familiar.

“É crucial que pais e cuidadores ofereçam um olhar diferenciado, direcionar um tempo para o filho, ouvir as angústias, direcionar atividades na rotina para que eles não fiquem em excesso somente em contato com o conteúdo que as mídias oferecem", aponta a psicóloga. "Não podemos esconder nada, podemos usar uma linguagem propícia para cada faixa etária para contar a verdade e assim passar segurança”, alertou.

Para que esses sintomas sejam pontuais e não se desenvolvam pós-pandemia, a psicóloga defende que o acolhimento da família é crucial para que os filhos se abram e exponham seus sentimentos. Caso não passe, pode ser necessária a procura de profissional da saúde.

“Se os pais estão sempre agindo no automático, eles não conseguem escutar os filhos e dar conta da demanda diária da casa. Nesse momento em que a irritabilidade está maior, os conflitos também podem ser maiores, então caso os cuidadores não consigam lidar, é necessário pedir ajuda", aconselhou.

Ela reforçou, ainda, que homens e mulheres devem se ajudar nessa nova etapa para promover uma saúde mental familiar conjunta. "Seria impecável que pudessem pensar juntos para melhorar a qualidade de vida do outro, mas sabemos que é um momento difícil. Então é necessário que o casal faça uma reflexão para que não soe de maneira ruim, como se fosse uma cobrança, e assim entrem em acordo", disse.

TECNOLOGIA -  Com o tempo maior em casa, crianças a adolescentes também passam mais tempo na internet, no uso de redes sociais e aparelhos eletrônicos. Porém, como citou a psicóloga, isso também tem que ser orientado e direcionado pelos pais. 

"É necessário que a tecnologia deva ser usada no momento certo e com a utilidade correta. Nesse momento quando as pessoas tem opção de viver relações humanas e explora-las e elas se deixam de fazer isso e vão para as relações virtuais, é muito negativo", alertou.

Porém, como citou, como não há a possibilidade de contato com outras pessoas, os meios eletrônicos surgem como aliados, ao fazer um vídeo ao vivo com um familiar ou com um colega de escola. "É crucial que os pais estejam sempre presentes durante o uso da tecnologia com seus filhos, sabendo no que estão mexendo e direcionando horários. Ela deve ser usada com o intuito de estimular um conteúdo agregador", reforçou. 

A qualidade da saúde mental no futuro terá como base todas essas novas formas de viver que as famílias estão desenvolvendo. "Tudo isso trará grandes impactos depois. Isso nos fará fortes para viver lá na frente. Se não abrirmos a escuta para criar um espaço para a reflexão, continuaremos agindo no automático. O medo e as incertezas nos fazem agir diferentes, porém é crucial ter positividade para auxiliar os filhos e toda a família",concluiu.


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As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores.

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Texto:  Ana Caroline Lopes
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


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