
08 DE MAIO DE 2014
Parlamentar defende qualificação e melhoria na oferta de empregos
Trabalho em parceria com ONG Glitter tem início em 12 de maio
A vereadora Madalena (PSDB) lança na cidade o projeto Cidadania Trans, com o intuito de cadastrar os travestis e transexuais que atuam como profissionais do sexo nas ruas ou residências. A intenção é apresentar as demandas ao Executivo para o desenvolvimento de projetos de qualificação profissional e que proporcionem maior segurança e melhoria na qualidade de vida desse público.
O projeto tem como parceira a organização não governamental Glitter (Grupo pela Liberdade de Inclusão de Travestis e Transexuais Expressando o Respeito). A entidade acredita que 400 travestis se submetem à prostituição na cidade. Desse total, 240 estão em situação de rua e foram mapeadas pelo grupo. Há também uma parcela que atua em residências ou atendimentos domiciliares, além do público transexual, que representa 10 pessoas.
Para o desenvolvimento do Cidadania Trans, uma equipe irá percorrer os principais pontos de prostituição da cidade a partir da próxima segunda-feira (12), das 21h às 2h, em bairros como Centro, Santa Teresinha, Jaraguá, Areião, Higienópolis, Bairro Verde, Algodoal e Caxambu. Já as profissionais que atendem em residências podem procurar o gabinete da parlamentar de segunda-feira à sexta-feira, das 8h às 17h. O trabalho deve ser concluído em 15 dias.
Conforme Carol Venturini, presidente da Glitter, a finalidade é entender as necessidades das travestis. Para isso será aplicado um questionário com questões sobre o que as levou ao mercado da prostituição, nível de escolaridade, qualificação, problemas com a segurança e o acesso aos serviços em saúde. O grupo também quer saber se há interesse em atuação profissional em outras áreas.
De posse dos dados, Madalena pretende se reunir com o secretário municipal de Trabalho e Renda (Semtre), Sérgio Fortuoso, para o oferecimento de cursos de qualificação de acordo com as áreas de interesse das travestis, além da inserção no mercado de trabalho com direitos além de uma carteira assinada, como o nome social em crachá e o uso de banheiro e uniforme feminino. “Muitas estão nas ruas pela falta de opção e não por gostarem. Queremos que elas frequentem cursos na área que se identificam, de acordo com seu perfis”, disse Madalena. Ela acredita que retirar esse público das ruas significa reduzir os índices de violência na cidade.
Uma das principais barreiras a ser rompida é o preconceito em determinados setores, como o comércio. “Dificilmente o comércio contrata uma travesti e caso isso ocorra, não aceita o nome social”, destacou Felipe Bicudo, chefe de gabinete da parlamentar. “Não necessariamente queremos tirá-las das ruas. Atuaremos nesse sentido apenas se esta for a vontade das travestis”, completou ele.
A travesti Pâmela Brasil, coordenadora da Glitter, é um exemplo desse preconceito. No passado, ao assumir-se como travesti, foi demitida de uma grande loja de departamentos e só garantiu o sustento com a prostituição. “Hoje me aceitam da forma como sou no trabalho. Estou há um ano e quatro meses, como cuidadora de idosos”, declarou Pâmela, que atuou como profissional do sexo por 15 anos e sofreu uma série de agressões.
Como forma de reconhecer o trabalho das empresas que incluírem profissionais LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), a parlamentar defende a implantação do selo Empresa Amiga da Diversidade. A vereadora deve apresentar uma indicação para que o Executivo formule uma lei e mantenha diálogo com a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, órgão vinculado órgão ao governo do Estado de São Paulo responsável pela concessão do selo.