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29 DE ABRIL DE 2020

Presidente de cooperativa médica detalha ações na pandemia do Covid-19


Médico Carlos Youssef, presidente da Unimed Piracicaba, foi entrevistado na live desta terça-feira (28) do programa Parlamento Aberto



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Davi Negri - MTB 20.499 Salvar imagem em alta resolução

Entrevista aconteceu na tarde esta terça-feira, (18), no Instagram do Parlamento Aberto





Diante do avanço do coronavírus (Covid-19) na cidade de Piracicaba e região, a live no perfil do Instagram do programa Parlamento Aberto entrevistou, na tarde desta terça-feira (28), o médico ginecologista Carlos Youssef, presidente da Unimed Piracicaba. Prestes a completar 50 anos, a empresa reúne 590 médicos que atendem 180 mil beneficiários em 11 cidades da região, sendo considerado o maior sistema privado de saúde da América Latina.

"Estamos (à frente da Unimed Piracicaba) desde junho de 2011. O nosso objetivo sempre foi transformar o hospital como referência para que fosse crucial para o desenvolvimento da saúde na cidade e região", destacou Youssef. Em relação à contaminação do coronavírus, e como a unidade está desenvolvendo a atual situação, o presidente reforçou que, assim como para todos no mundo, o vírus também foi uma surpresa para a Unimed.

Ele contou que a unidade teve que implantar novos métodos. "Temos fora do hospital uma tenda para que os pacientes que tiverem sintomas iniciais possam se consultar. Também temos uma UTI só para isolamento do Covid-19, sete leitos e dois na retaguarda e um bloco isolado dentro do hospital. Os pronto-atendimentos esvaziaram a 10%", contou.

Segundo o presidente, antes mesmo da OMS (Organização Mundial de Saúde) declarar a pandemia, o Brasil já deveria ter se preparado. Youssef reforçou que os aeroportos e portos deveriam ter tido um mínimo de fiscalização para a entrada no país.

Outro caso citado por ele foi o Carnaval, que ocorreu em fevereiro. Muitas pessoas, como citou, viajam para fora do País neste período e milhares ficam nas ruas do Brasil durante os festejos."Sabíamos que São Paulo seria a porta de entrada do vírus, por ser uma cidade tão grande. Quando o prefeito Barjas Negri nos chamou para uma reunião, ele já deixou claro o que ia acontecer e nos orientou para que pudéssemos dar segurança. A Unimed acompanhou todas as medidas junto à secretaria de saúde do município", contou

Youssef reforçou que, nos casos do interior, os vírus vinham de pacientes de classes com maior poder aquisitivo, ou seja, que viajaram mais ao Exterior. Ele citou um caso de um casal de pacientes que viajou, em março, para a Itália e quando voltaram não estavam com nenhum sintoma, porém fizeram o teste e deram IgG positivo, ou seja, a doença já havia saído do corpo da mulher, pois a que demonstra a doença ativa é o IgM.

ATENDIMENTO - Questionado sobre como está sendo o atendimento dos pacientes que chegam na Unimed com sintomas da Covid-19, Youssef contou que, primeiramente, quem chega com sintoma gripal vai para a tenda, onde os profissionais irão decidir se é caso de internação. Se não for, é encaminhado para fazer o teste rápido de Influenza A (H1N1).

Se esse teste der positivo, ele é automaticamente dispensado por ser gripe comum. Se este teste der negativo, é orientado a ficar em casa e bem isolado e faz o teste do Covid-19. Se o paciente for do grupo de risco, a preocupação é ainda maior e são ainda mais monitorados. Eles sobem por elevador privativo a esses casos e fica na enfermaria isolado. O procedimento é semelhante até mesmo para o tratamento de crianças.

O acesso dos familiares ao paciente é negado, dependendo somente quando for crianças menores de idade que tenha restrição diferente. "A pessoa, para frequentar o local, deve estar paramentada e são pessoas preparadas e com treinamento", salientou Youssef.

Depois que as amostras são coletadas com suspeita do Covid-19, o exame tem de 24 a 36 horas para sair. Quem dá positivo fica em isolamento e os familiares também são testados.

Em relação às outras especialidades que a unidade atende, Youssef declarou que há 14 leitos adultos, uma de cardio com 10 leitos e 61 respiradores para atender o hospital todo. "Nos temos uma estrutura boa para suportar. Temos também a possibilidade de aumentar os leitos e também temos a Unimed Domiciliar", contou.

No caso das gestantes, o médico reforçou que até o momento não recebeu nenhum caso de Covid-19, porém orienta que as mesmas fiquem em casa, já que estas tem imunidade mais baixa. "Temos cerca de 160 a 180 partos por mês, e em média de 1.600 a 1.800 gestantes fazendo curso pré-natal", contou Youssef.

As puérperas, como reforça o médico, não estão tendo alta precoce. Caso precise de leitos, isso poderia ser feito, mas a maternidade é separada. O entrevistado também advertiu que os casos que vêm de outras cidades podem ser atendidos em qualquer unidade da Unimed.

SEGURANÇA - Para treinar os funcionários para atender essa pandemia, são desenvolvidas muitas ações internamente. "É uma preocupação diária, você corre o risco de atender e colocar quem não tenha Covid-19 junto com os pacientes positivos, porque são sintomas parecidos, mas que não é da doença. O teste pode dar negativo, inicialmente, então precisa de dois a três testes para dar positivo", relembrou o médico.

Para encubar o paciente é necessário todo procedimento para se proteger. "Hoje há grande reconhecimento destes profissionais que são tão cruciais para a população", disse.

Respondendo as perguntas de participantes da live, o presidente explicou que existem os testes de secreção no nariz e as picadas no dedo. O teste no dedo identifica o vírus, o BCE, e o teste rápido identifica o anticorpo que você produz contra o vírus.

O teste rápido sai até uma hora, porém para você produzir esses anticorpos pode demorar de três a quatro, então se der negativo o Covid-19, você pode estar na janela negativa no momento. Agora, se o BCE der negativo você não tem o vírus e se der positivo você tem.

BALANÇO - Atualmente, a Unimed Piracicaba possui 32 casos que foram confirmados. Três casos estão na enfermaria e um na UTI (segundo ele, ontem um paciente havia sido do tratamento intensivo). Desde o início da pandemia, a unidade teve 10 altas, dois óbitos e 15 pacientes que ficaram em casa sob monitoramento.

De acordo com Youssef, já havia parceria com a Prefeitura de Piracicaba e, agora, na pandemia, tanto a Unimed quanto a rede municipal trabalham individualmente, "mas estão dispostas a qualquer ajuda caso seja necessário", apontou.

Para os beneficiários se manterem informados, a unidade contratou uma empresa de São Paulo que presta assistência por telefone e vídeo para tirar as principais dúvidas. O beneficiário também pode acessar o site da Unimed e ter acesso, através de aplicativo, a informações da pandemia e sobre a unidade em geral. "Esperamos que tudo isso passe logo e que consigamos aos poucos achatar essa curva", salientou Youssef.

As lives do Parlamento Aberto podem ser acompanhadas no perfil do Instagram do programa desenvolvido na Câmara. Siga em @parlamento_aberto.



Texto:  Ana Caroline Lopes
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Saúde Parlamento Aberto Coronavírus

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