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05 DE MAIO DE 2020

Prefeito aguarda Estado para decidir sobre aulas na rede municipal


Barjas Negri participou de live do Parlamento Aberto, nesta segunda-feira (5), e, na ocasião, condicionou o retorno no Município ao calendário do governo estadual



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Guilherme Leite - MTB 21.401 Salvar imagem em alta resolução

Prefeito detalhou o enfrentamento da pandemia em Piracicaba





O retorno das aulas na rede municipal dependerá da reorganização do calendário feito pelo Governo do Estado de São Paulo, conforme declaração do prefeito Barjas Negri (PSDB), que, na tarde desta segunda-feira (4), participou da live no perfil do Instagram do Parlamento Aberto. Ele recordou que há portaria da Secretaria Estadual de Educação em que suspende as aulas até quarta-feira (6), por isso a prefeitura aguarda um novo posicionamento pelo governador para orientar as ações no Município.

"Tanto a rede municipal e estadual tem muita similaridade. A merenda, o transporte e muitos professores trabalham nas duas redes. Se houver uma ampliação por parte do Estado, muito provavelmente também terá por parte da Prefeitura", contou.

Na entrevista ao Parlamento Aberto, o prefeito falou do atual estágio da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) na cidade, que até então havia 152 casos confirmados e 13 óbitos, e como está o enfrentamento a partir das ações da Administração Municipal. 

O prefeito explicou que o ensino infantil é o que tem total responsabilidade do município, mas a tendência é seguir a mesma linha. "Se for necessário prolongar", citou Barjas, "isso será feito no ensino fundamental e infantil, para que não haja divergência em que partes dos professores estão trabalhando e outros não".

Ele reforçou que até quinta-feira (7) a prefeitura emitirá resposta oficial sobre o assunto, levando em consideração que o atual decreto do governador João Dória mantém a quarentena no Estado até o próximo dia 10.

"Muitos pais ficam aflitos porque há o isolamento social na escola. Dentro da escola a criança é bem protegida, porém o deslocamento dela da casa até às escolas, no geral, é a pé e, com isso, pode encostar em vários lugares, cumprimentar pessoas e se essa criança se contaminar, ao voltar, ela contamina os pais", reforçou.

Durante a live, muitas pessoas perguntaram se as aulas online não seriam soluções para as redes. O prefeito reiterou que as escolas de ensino fundamental e médio do Brasil não estão preparadas para isso. "Não basta ter a tecnologia, e sim é necessário o treinamento e capacitação dos professores para que isso aconteça", acrescentou.

Outro ponto relembrado pelo prefeito é que nem todas as crianças tem os equipamentos em casa e com isso será provocado uma elitização sem precedentes. "Neste momento precisamos educar e qualificar as crianças pobres que dependem das escolas públicas. E como isso seria feito na educação infantil e com as crianças do berçário? Quando terminar a pandemia iremos discutir como vai ficar, mas não tem como fazer tudo a distância", disse.

ISOLAMENTO - Para que tudo isso seja feito de maneira gradativa e organizada, o prefeito defendeu que o isolamento social deva ser cumprido pela população. "Mesmo que estejamos trabalhando com sacrifício e aperto, o número de casos está aumentando no Brasil, no Estado de São Paulo, na região e em Piracicaba. Por isso, cada um tem que fazer a sua parte: higienizar as suas mãos, usar álcool em gel e usar máscara sempre que sair de casa. A curva está ascendente no Estado de São Paulo", reforçou.

De acordo com o sistema de monitoramento inteligente do Governo do Estado de São Paulo, o isolamento em Piracicaba está variando entre 40 a 50%, no entanto, a recomendação dos órgãos sanitários é que o ideal seria alcançar 70%. Barjas admitiu que esse isolamento não será fácil, pois Piracicaba é uma cidade movida pelo setor industrial.

"A maioria dos outros municípios tem um peso muito alto no setor de serviços e comércios. Nós temos um peso muito alto no setor industrial e como as pessoas estão trabalhando, elas estão circulando, o que pode aumentar o número de casos", advertiu.

Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, onde atuou até chegar a ocupar o cargo de titular da pasta, em 2002, o prefeito explicou o funcionamento do SUS (Sistema Único de Saúde). Ele detalhou que, pelo fato de a cidade ser de gestão plena na saúde e, por conta disso, ter quatro hospitais (Santa Casa, Hospital Fornecedores de Cana, Unimed e Hospital Regional), é natural que receba pacientes da região, já que essa é a premissa do SUS.

"A organização do SUS é feita pelo CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), onde todas as cidades inscrevem todos os pacientes. Caso o hospital da cidade congestione, ele é transferido para outra", salientou o chefe do Executivo.

Já em relação aos testes para detecção da Covid-19, Barjas salientou que, desde que o Governo do Estado de São Paulo credenciou o envio a laboratório localizado na cidade de Rio Claro, agora estão levando cerca de 72 horas para terem seus resultados encaminhados ao Município. Antes, era necessário encaminhar ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, o que gerava demora para os resultados. "Isso explica, em parte, o aumento dos casos nos últimos 10 dias", acrescentou o perfeito.

Barjas também reforçou que, caso falte leitos na rede pública, buscará leitos no setor privado, conforme recomendação da CNS (Conselho Nacional de Saúde). "Todas as pessoas que forem infectadas no Município serão atendidas", garantiu.

O prefeito também citou o caso do Lar Betel de Piracicaba, que abriga 80 idosos e conta com 80 funcionários, e foi atingido pelo coronavírus. "Infelizmente, isso foi uma fatalidade que entristece muito. Isso deve ter ocorrido porque houve algum descuido no caminho, seja por alguém que foi até o brechó do lar ou pessoas que foram visitar e contraíram no caminho", contou. De acordo com ele, a vigilância sanitária já estava monitorando o local e agora redobrou a atenção com equipes prontificadas a isso.

Piracicaba conta atualmente com 151 leitos de UTI nos quatro hospitais. De 35 a 50% está reservado para atender pacientes com o Covid-19. Estatística da última sexta-feira mostrou 44 pessoas internadas , tanto na UTI e enfermaria.

COMÉRCIO - Em relação ao comércio, em que muitos ainda estão abrindo meia porta, o prefeito reforçou que a Guarda Civil Municipal, Procon e a Vigilância Sanitária estão agindo. De acordo com ele, isso tem sido feito de forma tranquila. É pedido que os comerciantes abaixem as portas. Caso isso tenha reincidência, o comerciante terá advertência, e, caso houver uma terceira vez, a Polícia Militar e a GCM pode multar.

Sobre o decreto de fiscalização de máscaras, feito pelo governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), publicado nesta segunda-feira (4), o prefeito reforçou que muitos comércios, como supermercados e padarias, já estão já reforçando o seu uso. "Isso foi muito efetivo por parte dos proprietários", salientou.

Já em relação a lotação dos ônibus, o prefeito contou que no começo havia muitas linhas de ônibus vazias e outras com superlotação. Segundo ele, o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Jorge Akira, realizou reuniões com empresas para que fosse reorganizado. "Uma das coisas boas", como citou o prefeito, "é que Piracicaba também conta com vários ônibus fretados, o que auxilia muito a não superlotar os outros".

ARRECADAÇÃO - Outro assunto abordado na live é a arrecadação das receitas no Município. O prefeito salientou que a queda das receitas dos municípios e estados é brutal e esse auxílio apenas minimiza parte deste déficit. "Tem dois projetos sendo aprovados, um no Congresso Nacional e outro no Senado. O que foi aprovado pela Câmara transfere uma quantidade maior de recursos, porém é variável. Já o Senado aprovou um valor fixo. Esse recurso não virá por convênio, ele vira automático em quatro parcelas", destacou.

Ainda, de acordo com ele, a prefeitura tem orçamento aprovado pela Câmara, desde que tenha receita. O dinheiro será gasto com merendas, transportes, energia elétrica e salários para funcionários. "O que pode vir a parte é um recurso para a saúde e aí vamos ver as ações necessárias. Estamos gastando em coisas importantes como álcool em gel, máscaras, equipamentos". relembrou.

Barjas contou que a situação das prefeituras é muito delicada. Ele reforçou que os municípios mais industrializados é o que estão mais sofrendo, porque depende da produção, da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e do ISS (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza).

"Nos últimos três anos assistimos uma queda na arrecadação destes impostos. Nesta pandemia, a situação se agravou. Como no mês de abril foi o mês cheio da epidemia, o mês de maio terá mais receita do que abril", observou.

O incentivo aprovado pelo Senado estabelece dois compromissos aos municípios: não aumentar as despesas e não estabelecer renúncia fiscal.

Ainda na questão orçamentária, o prefeito agradeceu o apoio da Câmara de Piracicaba, que, neste ano, destinou R$ 4 milhões do orçamento para que o Executivo pudesse ter um incremento nos recursos para combate à pandemia do novo coronavírus.

"É uma epidemia muito grande. Por isso, peço que a população continue higienizando as mãos, evitem sair de casa e não deixe os idosos circularem pela cidade. É isso que eu peço para a população de Piracicaba", alertou.

O programa Parlamento Aberto realiza lives diárias no perfil do Instagram, sempre às 17h. Nesta terça-feira (5), o entrevistado será o dirigente estadual de Ensino, Fábio Negreiros. Para acompanhar, siga @parlamento_aberto.

 
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Texto:  Ana Caroline Lopes
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


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