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22 DE SETEMBRO DE 2021

No Dia Sem Carro, especialista propõe restringir avenidas a pedestres


Mestre em ciência da motricidade sugere, em certos dias, tornar o corredor formado pelas avenidas Beira Rio e Alidor Pecorari exclusivo à circulação a pé e de ciclistas.



EM PIRACICABA (SP)  

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Temas foram apresentados em evento online promovido pela Escola do Legislativo



À semelhança do que já ocorre em São Paulo (SP), com a avenida Paulista livre da circulação de veículos aos domingos, o mestre em ciência da motricidade Leandro Troncoso propõe que as avenidas Beira Rio e Alidor Pecorari, às margens do manancial que batiza Piracicaba, sejam exclusivas para pedestres no primeiro dia da semana e nos feriados.

A ideia foi apresentada nesta quarta-feira (22), Dia Mundial Sem Carro, em evento promovido pela Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba, em conjunto com a Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo), dentro da programação da Simob (Semana Integrada da Mobilidade de Piracicaba).

A conversa foi mediada pelo doutor em economia aplicada Roberto Arruda de Souza Lima, professor da Esalq-USP e prefeito do campus. Além de Troncoso, o encontro online teve como convidados Geraldo Moura, que tratou do Plano Nacional de Mobilidade, Glaucia Passarelli, que falou sobre empregabilidade e transporte, e Bruna Pizzol, que abordou o impacto positivo da expansão de meios de transporte coletivos mais sustentáveis.

A proposta de, aos domingos e feriados, tornar exclusivo para pedestres o corredor às margens do rio Piracicaba e limitado pelas pontes do Mirante e do Morato é inspirada no "Programa Ruas Abertas", instituído por decreto municipal em São Paulo, em 2016, e no modelo que alcançou sucesso em Bogotá, capital da Colômbia, onde 128 quilômetros de vias, em determinados dias, deixam de ter circulação de veículos motorizados.

Para Troncoso, é preciso "vontade política" para tirar a ideia do papel. "Significa tomar decisões que podem inicialmente gerar conflitos. Inclui não só o prefeito, mas também autoridades de caráter técnico e responsáveis pelo trânsito ou transporte público", apontou, para em seguida listar outros aspectos que precisam ser levados em consideração para o projeto ter êxito em Piracicaba.

Entre eles, segundo o palestrante convidado, deve haver a avaliação de alternativas viárias para o trânsito que será desviado da região, sobretudo o transporte coletivo. A sinalização temporária das mudanças na circulação e a adoção de medidas para garantir que todos os motoristas com residência ou empresa no entorno possam sair e entrar de seus imóveis também fazer parte do plano.

Troncoso defendeu que as vistas sobre o rio Piracicaba e as atrações em volta sejam desfrutadas pelos visitantes a pé, em vez da fila de veículos que se forma na região da rua do Porto principalmente aos fins de semana. Para o mestre em ciência da motricidade, tornar o trecho, nesses dias, exclusivo para pedestres e ciclistas é "totalmente viável". "Temos que pensar em como estimular esse motorista, no seu tempo livre, a usar a bicicleta com segurança, para que passe a usá-la no dia a dia", argumentou.

Em sua apresentação, Geraldo Moura traçou a cronologia das leis que tratam do transporte e da mobilidade no Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, com os planos diretores urbanos, passando pelo Estatuto das Cidades, de 2001, com os planos de transportes para municípios com mais de 500 mil habitantes, até a Política Nacional de Mobilidade, instituída pela lei 12.587/2012.

"Houve uma mudança de ênfase: se antes a preocupação era com a gestão e a estrutura do transporte, em 2003 passou a ser a mobilidade, sendo mais importantes os deslocamentos e aquele que está se deslocando. A Política Nacional basicamente fala do espaço urbano mais justo, de oportunidades para todo mundo, com um conceito de acessibilidade universal", comentou o consultor de urbanismo.

Engenheira civil e pesquisadora vinculada ao Centro de Estudos da Metrópole, Bruna Pizzol exibiu um compilado de números que mostram como transportes mais sustentáveis estão, aos poucos, sendo adotados no Brasil, a exemplo dos BRTs, que já se estendem por 812 quilômetros em 90 corredores de 22 cidades, e os ônibus elétricos e trólebus.

Glaucia Passarelli, coordenadora de desenvolvimento profissional no Sest/Senat, chamou a atenção para as dificuldades que empresas do setor de transportes têm para a contratação de mão de obra especializada. "Elas alegam que não conseguem contratar porque não acham funcionários que estejam qualificados para determinado tipo de função."

A vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, elogiou o conteúdo compartilhado pelos convidados. "Muito enriquecedor, todos trouxeram experiências excelentes. Temos que depois encaminhar isso ao Executivo e nos aprofundarmos nesse material", afirmou a diretora da Escola do Legislativo, órgão da Câmara que, junto com o Fórum de Educação para o Trânsito, coordenado pelo vereador Gustavo Pompeo (Avante), colabora com a organização da Simob.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Escola do Legislativo Trânsito e Transportes Silvia Maria Morales

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