A reunião solene em celebração ao Dia da Consciência Negra, realizada nesta terça-feira, 20, na Câmara de Vereadores de Piracicaba, foi marcada por apresentação de música feita por Marcelo Vidal e a Orquestra de Violões do Programa Municipal “Movimentação Cultural”, de capoeira com o Grupo Cativeiro e homenagens a quatro personalidades afro-brasileiras por trabalhos desenvolvidos na comunidade. A reunião foi dirigida pelo vereador João Manoel dos Santos (PTB), presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba e autor da iniciativa da solenidade.

Os homenageados foram Rosemeire Soledade dos Santos (enfermeira aposentada, mãe de cinco filhos e que se dedicou à Unidade Básica de Saúde, a UBS, do bairro Cecap), Marcelo Fountoura Vidal (músico, desenvolve iniciativas de arte-educação através de atividades inseridas em programas municipais, como o Movimentação Cultural), Misleine Feliciano, conhecida como a capoeirista Jararaca (integrante do Grupo Cativeiro Capoeira desde 1997 e, em 2010, formou-se em Pedagogia na Unimep) e, por fim, André Evandro Pedro da Silva (presidente do Instituto de Previdência e Assistência Social dos Funcionários Municipais de Piracicaba, o Ipasp).

Devido a motivo de falecimento em sua família, André Evandro recebeu a homenagem após a execução do Hino de Piracicaba, o qual marca o encerramento da solenidade. A quebra de protocolo foi permitida pelo cerimonialista Evandro Evangelista e, assim, André Evandro discursou em nome dos homenageados. “Algumas pessoas dizem que hoje é o ‘Dia do Negro’, mas, na verdade, é o ‘Dia da Consciência Negra’, um dia para refletirmos sobre a igualdade racial no País”, disse ele, que, como primeiro negro a presidir o Ipasp, quer ser avaliado por suas realizações. “Quero ser reconhecido pelos meus atos e não apenas pelo fato de eu ser negro”, declarou André Evandro.

O vereador João Manoel dos Santos (PTB) aproveitou a oportunidade para refletir a respeito da falta da participação do negro na política. “Vejam quantos negros estão ocupando cargos nesta Casa de Leis, e porque será?, precisamos refletir a respeito disso”, disse. Ele disse que se fosse denunciar todas pessoas que cometem discriminação, haveria muita gente. “Acharam que conseguiriam calar Zumbi, e não conseguiram, o mataram, mas a luta continuará”, disse, lembrando que ainda existem os “capitães-do-mato”, quem exigia do negro rebelado desculpas ao senhor das terras.

Ele também leu um texto, publicado em jornal na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, onde é destaca a importância do Dia da Consciência Negra e também das cotas raciais nas universidades para permitir o acesso do negro na educação. “Para permitir, o que, aliás, nos foi negado durante todo o processo de escravidão, o mais duro da história da Humanidade”, disse João Manoel, ao salientar que os negros não vieram ao Brasil em “navios de primeira classe, mas em navios negreiros”, advertiu.

Também cobrou um posicionamento mais firme da Igreja. “Não adianta ficar pedindo desculpinhas, isso não adianta. Por que vocês têm culpa, sim (na Escravidão)”, disse. E finalizou dizendo que existe muita gente comprometida com o racismo. “Tem muita gente, alguns órgãos de imprensa, comprometidos com a continuidade das ideias do Fascismo, que são os lobos vestidos de ovelhas”, finalizou o vereador.

Discursaram ainda na solenidade do “Dia da Consciência Negra” o presidente do Centro de Documentação da Cultura Negra, Jurandir Sylestre, representando o prefeito Barjas Negri, o presidente do Conselho Municipal do Negro de Piracicaba (Conepir), Adnei Araujo de Abreu, o diretor do Sindicato dos Municipais, Sergio Luiz de Souza e o representante da Sociedade Treze de Maio, José Alexandre de Almeida.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Davi Negri MTb 20.499