Apesar do último caso de poliomelite ter ocorrido no Brasil em 1989, no estado da Paraíba, a doença não está erradicada no mundo. Quem faz o alerta é o Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, palestrante da tarde de hoje (27/08), no Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência, evento aberto ao público e com entrada franca, que acontece até a próxima sexta-feira (29/08), no Salão Nobre da Câmara de Vereadores de Piracicaba.

Segundo o palestrante, na Índia e em mais de uma dezena de países africanos a poliomelite ainda está presente. A doença que pode ser combatida com "a gotinha que salva" segue fazendo vítimas por lá, inclusive por questões religiosas quem proíbem a vacinação das crianças. "Como o vírus ainda está presente nestes países, o fato do último caso ter ocorrido no Brasil há mais de vinte não garante que a doença não possa voltar. Por isto, a vacinação é de suma importância para que a população continue protegida", afirmou.

Paralisia

A poliomielite é conhecida desde a pré-história. Em pinturas do antigo Egito já aparecem figuras com membros flácidos atrofiados típicos da doença. O imperador romano Claudius foi paralisado na infância numa das pernas. Na Nigéria, onde alguns imãs fundamentalistas recentemente declararam que a vacina é uma conspiração americana para esterilizar e infectar com a AIDS os homens nigerianos, na Ásia e Índia ainda ocorrem casos todos os anos.

Síndrome Pós-Pólio

Uma grande parcela das pessoas que tiveram a doença, durante a grande epidemia que atingiu o Brasil no início da década de 60, podem ter a manifestação da síndrome pós-pólio - outro alerta feito pelo especialista. Segundo o Dr. Acary, apesar do Código Internacional de Doenças não incluir a síndrome entre as doenças catalogadas, já é significativo o número de brasileiros que apresentam os sintomas de forte fadiga muscular por volta dos 40 anos de idade.

O médico Acary que tem especialização em neurologia, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Paulo, com pós-doutorado pela Columbia University da cidade de Nova Iorque, também falou da sua expriência nos Estados Unidos. "Lá, devido às guerras, as cidades foram adequadas para seus heróis que voltavam deficientes após as batalhas. Com isto, a sociedade percebeu todos ganharam em acessibilidade. Desde a mãe com o carrinho de bebê, as crianças, os  idosos e não só os deficientes. Quando a sociedade melhora a acessibilidade, todos ganham", relatou o médico.

Texto: Vitor Ribeiro Mtb 21.208