A Gazeta de Piracicaba, em matéria especial da Jornalista Priscilla Perez, edição de hoje (13), mostra que Piracicaba abrigou uma das mais importantes áreas de quilombo do Brasil, ativa entre os anos de 1750 a 1804. A informação é do professor e historiador Noedi Monteiro, após realizar vasto levantamento histórico sobre o assunto. O vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), já entrou em contato com os setores responsáveis da prefeitura e já elaborou requerimento, em tramitação na Câmara, para que o prefeito Barjas Negri (PSDB) denomine a área como Parque Histórico Quilombo Corumbataí.

Noedi Monteiro sustenta que as documentações estão em cartórios, já reconhecidas pela Procuradoria Federal da República, e outras instâncias federais, atestando que existiu um quilombo nas imediações da ponte estaiada de Santa Terezinha - inaugurada oficialmente no início deste mês pelo prefeito Barjas Negri.

A área em questão está sendo revitalizada pela administração e deve abrigar um parque. Lá existe uma pista de caminhada e é local de lazer e entretenimento para a população - conhecida atualmente como Parque Natural de Santa Terezinha. A única construção da época, uma casa antiga, toda isolada por tapumes, segundo o historiador, foi a sede da Leiteria Corumbataí.

"O local também era o segundo marco zero de Piracicaba, no tempo das Sesmarias, quando cidades como Bauru, Araraquara, São Carlos e outras localidades tinham como referência Piracicaba, por causa do acesso para Mato Grosso, Goiás e outras rotas a caminho do ouro", afirma Monteiro.

Para o jornalista Martim Vieira, a área deve ser preservada, com a instalação de equipamentos sociais que favoreçam a população no seu lazer. "A prefeitura pretende instalar uma biblioteca nas dependências da antiga leiteria. Segundo relatos, no local ainda existe maquinários antigos. “O resgate da história só favorece a população, especialmente o povo negro, tão carente de marcos históricos que de fato registrem sua importância na formação da nação brasileira", explica.

Conforme Vieira, as leis atuais já começam a reconhecer áreas de quilombo em plena zona urbana. "Temos casos semelhantes no Estado de Santa Catarina e outros da federação que respeitam o passado do povo negro. Isso é uma vitória", disse.

QUILOMBOS

O processo de titulação inicia-se com os moradores se autodefinindo como remanescentes das comunidades dos quilombos.

O autorreconhecimento é registrado e certificado pela Fundação Cultural Palmares, ao mesmo tempo em que o Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) dá andamento aos procedimentos administrativos para titular a área.

No caso de Piracicaba, explica Vieira, pelo relato de moradores da região, os remanescentes de famílias negras que moravam na área hoje estão no município de Anhembi.

Segundo balanço do documento Terras Quilombolas, até 2008, o total de comunidades quilombolas com terras tituladas no Brasil foi de 159. A quantidade é considerada pequena, uma vez que existem no País mais de três mil comunidades.

Festa dos 108 anos

A Sociedade Beneficente Treze de Maio (foto abaixo) festeja hoje 108 anos e irá saudar também a abolição da escravatura. Logo mais, às 19h30, tem início a sessão solene na sede do clube - com a participação da Banda União Operária -, a coroação da rainha e princesas e a homenagem à mãe do ano e outros colaboradores. As palavras dos oradores Oswaldo Faustino, da revista Raça, e de Maria Ivete Araújo (Zeti), coordenadora do Salão de Humor de Piracicaba, também são destaques da noite. A comemoração está programada para o mês todo e acontece sempre no clube.

Fotos e texto: Martim Vieira Mtb 21.939