
03 DE MAIO DE 2013
O lema de Madre Cecília incluía que dali para frente – o ano era 1898 – “em Piracicaba, as meninas pobres, órfãs e desvalidas não chorarão mais a orfandade”, como r (...)
O lema de Madre Cecília incluía que dali para frente – o ano era 1898 – “em Piracicaba, as meninas pobres, órfãs e desvalidas não chorarão mais a orfandade”, como repete a irmã Ana Silvia de Andrade, diretora-pedagógica do Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe. Mais de um século depois, o ideal de “Mamãe Cecília”, como é carinhosamente chamada, continua não só intacto como se adequou ao tempo e às conjunturas sociais para também incluir os meninos nesta missão.
Para celebrar os 115 anos da obra de Madre Cecília o vereador Ronaldo Moschini (PPS) visitou a instituição na tarde desta sexta-feira, 3, para entregar a Moção de Aplausos 40, de 2013, e reconhecer a importância de um trabalho que, atualmente, atende 250 crianças, de 2 a 9 anos, na sede no Centro, e outras 70 em projeto social no bairro Jardim Oriente. “Sinto-me emocionado em entregar esta homenagem e em ver a dedicação de tantas pessoas”, disse o vereador.
São 32 pessoas, entre religiosas e educadoras, responsáveis por 190 alunos da Educação Infantil, de 2 a 5 anos, em tempo integral, e outros 60 estudantes, de 7 a 9 anos, em tempo parcial. “Aqui são realizadas aulas de dança, teatro, musica, transmissão de valores e aprendizado religioso”, aponta a irmã Ana Silvia, que apresentou as instalações ao vereador Moschini. No Jardim Oriente, as crianças participam de projeto social o qual tem o intuito de mantê-las em atividades lúdicas e pedagógicas.
Resultado do sonho e missão de Antonia Martins de Macedo, a Madre Cecília, o Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe é mantido pela Associação Franciscana de Assistência Social Madre Cecília (AFASMAC). No mesmo endereço desde a instalação em 2 de fevereiro de 1898, o prédio acomoda diversas salas voltadas às crianças, como espaços para descanso, sala de TV, de brincadeiras e refeitório, entre outros, tudo para atender os alunos encaminhados pela Prefeitura Municipal.
O custeio das atividades do Lar Escola é dividido entre 86 crianças do programa Bolsa-Creche, em parceria com o poder público municipal, o qual disponibiliza uma verba para o atendimento. E o restante é “conquistado no suor”, como avalia irmã Ana Silva, na base de doações, com o intuito de manter a qualidade. Além da irmã Ana Silvia, o Lar Escola tem a administração da madre superiora Vanda Bratcoski e conta com a coordenação pedagógica de Ana Lúcia de Oliveira.
Além da importância educacional, o Lar Escola guarda tesouros históricos, numa defesa à memória de sua idealizadora. Na capela, o jazigo mantém os ossos de Madre Cecília, os quais poderão ser enviados ao Vaticano no caso de sua beatificação e posterior canonização. No 2o andar do edifício, dois cômodos contam com objetos utilizados por Madre Cecília, como mobílias (cama, mesa, cadeira e até um aparador) e álbuns de fotografia contando a história da religiosa e do Lar Escola.
“O processo de beatificação de Madre Cecília está na fase dos estudos de milagres”, explica irmã Ana Silvia. De acordo com as normas do Vaticano, é necessária a comprovação de ao menos um milagre em nome da religiosa para ser aceita a beatificação. Para a canonização, quando então é reconhecida como Santa, o Vaticano exige o reconhecimento de dois milagres.
Mas enquanto os milagres não são reconhecidos pelo Vaticano, o lema de Madre Cecília continua na sua obra e numa proporção que talvez nem a religiosa imaginasse que um dia alcançasse. Como se ela própria ainda recitasse as suas próprias palavras.
Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Davi Negri 20.499