
17 DE MAIO DE 2018
Impactos psicossociais e amparos legais foram apresentados aos alunos do curso técnico em nutrição
Nancy entregou homenagem às palestrantes
O segundo dia da Semana de Conscientização da Alergia Alimentar contou com duas palestras que debateram os aspectos legais e psicológicos da alergia alimentar, tanto para o alérgico quanto para a família. O evento foi realizado na Etec Coronel Fernando Febeliano da Costa na tarde desta quarta-feira (16).
Alunos dos cursos técnicos em nutrição e em química ouviram a apresentação da advogada e coordenadora do movimento Põe no Rótulo, Cecília Cury, que também foi mãe de criança alérgica — hoje curada.
Cecília relatou sua vivência pessoal, explicou a formação do movimento que reúne mães de alérgicos e trouxe dados sobre políticas públicas e aspectos legais relacionados à inclusão das crianças com alergia alimentar. "Percebemos que primeiro precisamos sensibilizar a sociedade sobre o tema, para construirmos juntos um caminho melhor", comenta.
A advogada ressaltou a regulamentação da rotulagem destacada, instituída pela RDC 26/2015, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que tem como objetivo facilitar a leitura e identificação de ingredientes alergênicos. "Foi a nossa maior conquista", comemora. "O impacto social da alergia é indizível, ainda mais sem o acolhimento necessário pela sociedade", complementa.
Érika Campos, psicológa, PSI pelo Mundo Alergia Alimentar e também mãe de uma criança que já teve alergia alimentar, entrou logo depois para comentar os impactos psicossociais da alergia alimentar e reforçar a fala de Cecília. "Os desafios impostos às famílias geram grande impacto. Esse gerenciamento é complexo; envolve alteração na rotina, relações familiares e sociais", explica.
Como pesquisa de mestrado, a psicológa entrevistou mães de crianças alérgicas até os 12 anos. O estudo mostrou, como uma das consequências, as restrições à atividades sociais. "Há dificuldade da escola e da sociedade em geral para entender essas alergias. Isso contribui para o isolamento social da família e não favorece o desenvolvimento da criança e do adolescente", compartilha.
Ela relata que, por medo da exposição ao risco e de possíveis reações, os pais deixam de frequentar eventos sociais e procuram evitar a participação dos filhos nestes eventos.
"Se a sociedade não está disposta a apoiar, diminui a qualidade de vida da família do alérgico. O acolhimento e a conscietização são necessários para garantir a proteção da criança", argumenta.
Érika também destacou a implementação de práticas de prevenção para minimizar riscos e ampliar inclusão, como por exemplo organizar o momento de lanche, planejar eventos escolares pensando nas restrições alimentares dos alunos alérgicos e sempre manter o diálogo com os pais.
Ao final das palestras, a vereadora Nancy Thame (PSDB), autora do projeto que institui a Semana, entregou um quadro alusivo em homenagem a participação das palestrantes.